Marco Fortunato Arrifes - Academia.edu (original) (raw)

Papers by Marco Fortunato Arrifes

Research paper thumbnail of As políticas coloniais de defesa de Angola (1926/1960): Um poder militar autista

Research paper thumbnail of As Fronteiras e as  Teorias das Relações Internacionais

Os fenómenos da globalização e o questionamento conceptual que deles imanam pareciam em determina... more Os fenómenos da globalização e o questionamento conceptual que deles imanam pareciam em determinada altura da sua evolução, caminhar para uma desvalorização da territorialidade e por aí das fronteiras como conceito operacional no relacionamento entre estados. Quer dizer, a lógica parecia avançar para discursos vincadamente transnacionais, para a liberalização de fluxos humanos, materiais e informacionais e nessa medida mais do que para a desvalorização dos conceitos tradicionais de fronteira, parecia avançar-se para a sua implosão, por via do seu alargamento. Ou seja, tornou-se comum falar de fronteiras civilizacionais, de fronteiras de segurança e defesa, ideológicas ou económicas, demográficas ou temporais 1 por exemplo, o que se por um lado é sintomático do enriquecimento da área de estudo de fronteiras provocado pelo fim da guerra fria, por outro parecia implicar uma ótica de desvalorização da fronteira política, o que todavia o evoluir da História mais recente tem vindo a desmentir.

Research paper thumbnail of A Guerra Síria e a Segurança Global

RESUMO Ao fim de quatro anos de violentos confrontos, a guerra civil em curso na Síria não parece... more RESUMO Ao fim de quatro anos de violentos confrontos, a guerra civil em curso na Síria não parece encaminhar-se para um desfecho rápido, revelando ao invés um elevado potencial de disrupção regional e global. Com este estudo, e através da utilização de metodologias prospetivas, pretende avaliar-se as eventuais consequências que este conflito poderá ter na segurança regional e global, no caso provável de para ele não se encontrar uma rápida solução. ABSTRACT After four years of violent clashes, the ongoing civil war in Syria doesn't look about to end in a near future, revealing instead a high potential for regional and global disruption. Through the use of strategic foresight methodologies, this study aims to evaluate the possible consequences that this conflict may have on regional and global security, in the likely event that a rapid solution to this conflict cannot be found.

Research paper thumbnail of Pembe. O Império empalideceu de medo, fúria e vergonha.

Research paper thumbnail of A Morte e o Além no Mundo Semita (Uma Visão de Circulação Ideológica)

Não obstante a falta de unidade que podemos diagnosticar no pensamento mítico da Antiguidade Orie... more Não obstante a falta de unidade que podemos diagnosticar no pensamento mítico da Antiguidade Oriental 1 , da sua análise emerge claramente um conjunto de princípios genéticos, que integrados e desenvolvidos de forma sincrética irão desembocar em tradições religiosas posteriores, incluindo o cristianismo.

Research paper thumbnail of Relações entre Portugal e a União Sul Africana - 1914-1918

Não obstante a ideia dominante nas chancelarias europeias de que os assuntos africanos, no quadro... more Não obstante a ideia dominante nas chancelarias europeias de que os assuntos africanos, no quadro da grande guerra, se resolviam nos teatros de operações europeus, a verdade é que em terras de África entre 1914 e 1918 os conflitos alastraram do Togo ao Tanganika, dos Camarões à África do Sul, de Angola a Moçambique. Travaram-se então violentos combates nas selvas, nos desertos e nas montanhas africanas, que afetaram muitos recursos materiais e humanos, os quais foram assim desviados das frentes europeias, onde poderiam ter desempenhado missões operacionais relevantes. Em Portugal os grandes objetivos políticos, no que a África diz respeito, passavam essencialmente pelo assegurar da integridade das fronteiras, as quais, apesar de diplomaticamente determinadas, não se encontravam ainda plenamente consolidadas 1 Tal como na generalidade dos países com interesses ultramarinos também aqui a perspetiva dominante, se bem que não unânime, era a de que o desfecho do conflito na Europa iria determinar o futuro dos territórios ultramarinos. Este modo de percecionar o enquadramento estratégico, assentava na visão de que o único inimigo externo a temer era a Alemanha, que desde finais do século XIX não escondia as suas ambições sobre os territórios do sul de Angola. Contudo, algumas vozes coloniais tentavam transmitir um discurso diferenciado, chamando a atenção para o que consideravam ser o perigo sul-africano.

Research paper thumbnail of O luso-tropicalismo e a cooperação militar  como instrumentos de política externa.

Uma Europa que dominara o mundo durante séculos vê-se, concluída a segunda guerra mundial, confro... more Uma Europa que dominara o mundo durante séculos vê-se, concluída a segunda guerra mundial, confrontada com uma nova realidade económica, política e por isso também geoestratégica que a desloca do centro do poder e a fragiliza de facto e simbolicamente, perante os seus domínios coloniais.

Conference Presentations by Marco Fortunato Arrifes

Research paper thumbnail of O Grande Gatsby Uma tragédia americana

O Grande Gatsby. Uma tragédia americana? O título deste texto não pretende ser irónico perante o ... more O Grande Gatsby. Uma tragédia americana? O título deste texto não pretende ser irónico perante o facto de no ano da publicação de The Great Gatsby, o grande sucesso editorial ter sido An American Tragedy de Theodore Dreiser, mas sim a apresentação do nosso objetivo, o qual se pode sintetizar na seguinte questão: poderá este livro ser analisado a partir de uma grelha de observação sustentada nos esquemas teóricos definidos por Aristóteles na «Poética»? À partida, não pensamos em F. Scott Fitzgerald como um escritor de Tragédias e o final de The Great Gatsby é tão dúbio, exagerado e melodramático, que alguma boa vontade, ou má, poderia contribuir para classificar este livro como uma comédia. Porém, na sua essência, esta narrativa aborda uma demanda individual pela felicidade, contrariada por um contexto socioeconômico adverso.

Research paper thumbnail of XXVII Coloquio de Historia Militar

Books by Marco Fortunato Arrifes

Research paper thumbnail of O Serviço de Saúde Colonial (Angola e Moçambique - 1914/1918)

O Exército e a Saúde Militar na Primeira Guerra Mundial

Research paper thumbnail of O PENSAMENTO COLONIAL DE JOSÉ BARBOSA LEÃO

Atas do XXVII Colóquio de História Militar, 2019

Pensador versátil, cuja curiosidade intelectual o impeliu aos mais diversos campos da reflexão, d... more Pensador versátil, cuja curiosidade intelectual o impeliu aos mais diversos campos da reflexão, da política à economia, passando pela religião e pela ortografia, José Barbosa Leão (1818-1888) notabilizou-se pela variedade de tarefas que o ocuparam ao longo da sua vida (militar, médico, administrador colonial, jornalista, deputado) e sobretudo pela paixão que durante muitos anos manifestou em relação às províncias africanas, a quem atribuía a capacidade de regenerar Portugal, contribuindo para a superação das suas constantes crises económicas e políticas 1. E se bem que neste particular as suas visões sobre o Império não se possam considerar muito originais, a verdade é que o seu percurso de vida, bastante distinto do de boa parte dos seus contemporâneos, contribuiu para que as suas ideias assumissem uma dimensão holística, então deveras singular. Com efeito, para além de ter vivido no Brasil e na Bélgica, onde se doutorou em medicina, ainda percorreu grande parte do continente africano, tendo exercido cargos administrativos em Angola e Moçambique e visitado São Tomé, Cabo Verde e a Guiné. Para além disso, foi por várias vezes a Goa e viajou por quase todos os territórios britânicos no subcontinente indiano. Esta vertente cosmopolita, facilitada pela sua dimensão de poliglota (falava fluentemente espanhol, francês e latim, e razoavelmente inglês, italiano e grego), concedeu-lhe conhecimentos muito diversificados a propósito de distintas realidades coloniais, e ajudou-o a sustentar um modelo de reflexão sistematizado e estruturado,

Research paper thumbnail of Major José Luís Moura Mendes.

Portugal Na 1.ª Guerra Mundial. Uma História Militar Concisa, 2018

José Luís Moura Mendes nasceu em Samora Correia em 3 de novembro de 1861 e faleceu no Hospital Mi... more José Luís Moura Mendes nasceu em Samora Correia em 3 de novembro de 1861 e faleceu no Hospital Militar de Lisboa em 1918 vítima de uma síncope cardíaca durante uma cirurgia. Como é normal na carreira militar desempenhou diversas funções e passou por muitos sítios, mas o momento mais marcante da sua vida profissional terá sido a missão que desempenhou como comandante do corpo expedicionário que em 1915 atuou no teatro de operações do norte de Moçambique. Contudo, este momento ficaria marcado pela polémica e pelo paradoxo. Por um lado, são estes os homens que reconquistam a localidade de Quionga e que deste modo granjeiam a aura de heroísmo que levará a que em Portugal muitas cidades e vilas concedem a algumas das suas principais artérias a esclarecedora onomástica de «Heróis de Quionga», por outro lado, também foi esta expedição, e em particular o seu comandante, alvo de críticas violentíssimas por parte do governador geral de Moçambique Álvaro de Castro.

Research paper thumbnail of Organizacao Militar Colonial 1822 1914 Portugal Na Primeira Guerra Mundial Uma Historia Militar Concisa

Portugal Na Primeira Guerra Mundial. Uma História Militar Concisa, 2018

I. O objetivo do texto que de seguida se apresenta é a identificação e caracterização dos compone... more I. O objetivo do texto que de seguida se apresenta é a identificação e caracterização dos componentes nucleares do dispositivo militar que em 1914 se encontrava instalado nos territórios de Angola e Moçambique, pretendendo avaliar-se o seu grau de adequação aos desafios operacionais derivados do contexto da grande guerra. Como no fundamental a estrutura orgânica e logística, assim como os princípios doutrinários, nos quais aquele dispositivo assentava, decorriam dos processos de formalização do domínio colonial e correlativos mecanismos de confronto assimétrico que se foram desenvolvendo e consolidando ao longo do século XIX, é incontornável que o nosso estudo se centre numa abordagem diacrónica, em que se procurará identificar as ruturas e continuidades que se foram estabelecendo no decurso desse processo de formação. Este tipo de abordagem obriga a que se comece por deixar muito claro o enquadramento cronológico sobre o qual se pretende exercer a nossa agência analítica. Assim, deve esclarecer-se que nos identificamos com um entendimento genérico que reconhece o terceiro império português como sendo todo o período balizado pelos anos de 1822 e 1974 1 , mas em que a definição de cortes cronológicos substanciais é viável e exigível. Com efeito, sendo este um período de tempo muito longo, em que a unidade advém da existência de um impulso de controlo que o centro pretende impor sobre as periferias, a possibilidade de estabelecer subdivisões coerentes, por seu turno, resulta das mutações politicas internas e da relação com a diversidade dos três sistemas internacionais que se sucederam no seu decurso. Por isso, é nosso entendimento, partindo do que a historiografia tem vindo a definir, que esta época é passível de ser subdividida em três grandes períodos: 1822-1874; 1874-1940 e 1940-1974, dos quais, apenas os dois primeiros aqui nos merecem consideração. Deste modo, será com base neste enquadramento cronológico global que se irá desenvolver a nossa tentativa de compreensão dos processos evolutivos do sistema militar ultramarino, pelo que se irá estruturar o texto em torno daqueles dois primeiros intervalos de tempo, apresentando as características do sistema de defesa devidamente enquadradas com as realidades políticas contextuais. O estudo será concluído com um último grupo, em que procurando a resposta à nossa pergunta de partida se irá avaliar a adequação dos mecanismos de defesa e segurança instalados em 1914, tendo em consideração que confrontos entre tropas europeias se assumiam então como uma novidade nos teatros de operações africanos.

Research paper thumbnail of TENENTE -CORONEL PEDRO FRANCISCO MASSANO DE AMORIM

Portugal Na Primeira Guerra Mundial. Uma História Militar Concisa, 2018

Poucas foram as vozes de protesto, quando no verão de 1914 Pedro Francisco Massano de Amorim foi ... more Poucas foram as vozes de protesto, quando no verão de 1914 Pedro Francisco Massano de Amorim foi nomeado comandante da expedição metropolitana, com destino a Moçambique.

Research paper thumbnail of A GRANDE GUERRA NA AFRICA PORTUGUESA Dicionario de Historia da I Republica

Quando em 1914 o assassinato do Arquiduque Francisco Fernando da Áustria-Hungria coloca em marcha... more Quando em 1914 o assassinato do Arquiduque Francisco Fernando da Áustria-Hungria coloca em marcha o mecanismo das alianças, inicia-se um conflito que em virtude das estratégias europeias de presença colonial, acaba por ter uma dimensão quase planetária. O essencial do esforço de guerra das potências beligerantes realiza-se nos teatros de operações europeus mas, em paralelo, os confrontos chegam ao Médio-Oriente, ao Pacífico, à China e com particular intensidade à Africa Negra, onde se disparam mesmo os primeiros tiros da Grande Guerra e onde as batalhas se estendem do Togo à África Oriental Alemã (actual Tanzânia), dos Camarões à África do Sul, de Angola a Moçambique, com combates aéreos e terrestres perdidos nas selvas e nos desertos africanos, envolvendo muitos milhares de tropas indígenas e europeias. Em Portugal o eclodir do conflito encontra uma sociedade profundamente dividida. A República recente não conseguira congregar em si um apoio unânime, mantendo nas franjas uma forte oposição monárquica, ao mesmo tempo que entre as próprias forças republicanas as estratégias de luta pelo poder, alicerçadas, ou não, em suportes ideológicos e económicos diferenciados, contribuíam para o desgaste e para a instabilidade. Estas divisões de base irão expressar-se também no posicionamento perante a guerra. Por um lado através da dicotomia guerristas, anti guerristas e por outro entre aqueles que se perfilam ao lado dos ideais germânicos em contraponto à grande maioria aliadófila. A visão germanófila faz-se sentir sobretudo entre as correntes monárquicas ligadas a D. Miguel, fortemente apoiadas pelas casas reais austríaca e alemã. D. Manuel, exilado na Inglaterra, desde cedo manifesta o seu apoio à causa aliada e incentiva mesmo à participação de Portugal no conflito. Em ambos os lados da disputa pela coroa um ponto em comum: a defesa da herança colonial. Entre os republicanos o discurso colonial também é prioritário mas a dicotomia estabelece-se na ação, ou seja, para o poder democrático as colónias defendem-se na Europa, para os Unionistas em África. A visão de Afonso Costa, mais consentânea com a realidade da política internacional, também se explica por nunca, em momento algum, o partido democrático ter ancorado a sua política de guerra ao único objetivo de preservar e aumentar o poderio colonial. Do ponto de vista unionista deviam-se respeitar as obrigações derivadas da aliança, mas apenas no caso de para isso haver solicitação e sempre privilegiando os interesses que consideravam ser os de Portugal, pelo que na prática defendiam que a defesa do ultramar tinha de se assumir como uma tarefa única em termos de afetação de esforço perante a guerra.

Talks by Marco Fortunato Arrifes

Research paper thumbnail of A PROPÓSITO DE «FREUD E EINSTEIN. PORQUÊ A GUERRA?»

A propósito da recente reedição portuguesa da correspondência trocada entre Albert Einstein e Sig... more A propósito da recente reedição portuguesa da correspondência trocada entre Albert Einstein e Sigmund Freud, sobre as problemáticas da guerra e da paz 1 , surgem como oportunas as seguintes reflexões.

Research paper thumbnail of As políticas coloniais de defesa de Angola (1926/1960): Um poder militar autista

Research paper thumbnail of As Fronteiras e as  Teorias das Relações Internacionais

Os fenómenos da globalização e o questionamento conceptual que deles imanam pareciam em determina... more Os fenómenos da globalização e o questionamento conceptual que deles imanam pareciam em determinada altura da sua evolução, caminhar para uma desvalorização da territorialidade e por aí das fronteiras como conceito operacional no relacionamento entre estados. Quer dizer, a lógica parecia avançar para discursos vincadamente transnacionais, para a liberalização de fluxos humanos, materiais e informacionais e nessa medida mais do que para a desvalorização dos conceitos tradicionais de fronteira, parecia avançar-se para a sua implosão, por via do seu alargamento. Ou seja, tornou-se comum falar de fronteiras civilizacionais, de fronteiras de segurança e defesa, ideológicas ou económicas, demográficas ou temporais 1 por exemplo, o que se por um lado é sintomático do enriquecimento da área de estudo de fronteiras provocado pelo fim da guerra fria, por outro parecia implicar uma ótica de desvalorização da fronteira política, o que todavia o evoluir da História mais recente tem vindo a desmentir.

Research paper thumbnail of A Guerra Síria e a Segurança Global

RESUMO Ao fim de quatro anos de violentos confrontos, a guerra civil em curso na Síria não parece... more RESUMO Ao fim de quatro anos de violentos confrontos, a guerra civil em curso na Síria não parece encaminhar-se para um desfecho rápido, revelando ao invés um elevado potencial de disrupção regional e global. Com este estudo, e através da utilização de metodologias prospetivas, pretende avaliar-se as eventuais consequências que este conflito poderá ter na segurança regional e global, no caso provável de para ele não se encontrar uma rápida solução. ABSTRACT After four years of violent clashes, the ongoing civil war in Syria doesn't look about to end in a near future, revealing instead a high potential for regional and global disruption. Through the use of strategic foresight methodologies, this study aims to evaluate the possible consequences that this conflict may have on regional and global security, in the likely event that a rapid solution to this conflict cannot be found.

Research paper thumbnail of Pembe. O Império empalideceu de medo, fúria e vergonha.

Research paper thumbnail of A Morte e o Além no Mundo Semita (Uma Visão de Circulação Ideológica)

Não obstante a falta de unidade que podemos diagnosticar no pensamento mítico da Antiguidade Orie... more Não obstante a falta de unidade que podemos diagnosticar no pensamento mítico da Antiguidade Oriental 1 , da sua análise emerge claramente um conjunto de princípios genéticos, que integrados e desenvolvidos de forma sincrética irão desembocar em tradições religiosas posteriores, incluindo o cristianismo.

Research paper thumbnail of Relações entre Portugal e a União Sul Africana - 1914-1918

Não obstante a ideia dominante nas chancelarias europeias de que os assuntos africanos, no quadro... more Não obstante a ideia dominante nas chancelarias europeias de que os assuntos africanos, no quadro da grande guerra, se resolviam nos teatros de operações europeus, a verdade é que em terras de África entre 1914 e 1918 os conflitos alastraram do Togo ao Tanganika, dos Camarões à África do Sul, de Angola a Moçambique. Travaram-se então violentos combates nas selvas, nos desertos e nas montanhas africanas, que afetaram muitos recursos materiais e humanos, os quais foram assim desviados das frentes europeias, onde poderiam ter desempenhado missões operacionais relevantes. Em Portugal os grandes objetivos políticos, no que a África diz respeito, passavam essencialmente pelo assegurar da integridade das fronteiras, as quais, apesar de diplomaticamente determinadas, não se encontravam ainda plenamente consolidadas 1 Tal como na generalidade dos países com interesses ultramarinos também aqui a perspetiva dominante, se bem que não unânime, era a de que o desfecho do conflito na Europa iria determinar o futuro dos territórios ultramarinos. Este modo de percecionar o enquadramento estratégico, assentava na visão de que o único inimigo externo a temer era a Alemanha, que desde finais do século XIX não escondia as suas ambições sobre os territórios do sul de Angola. Contudo, algumas vozes coloniais tentavam transmitir um discurso diferenciado, chamando a atenção para o que consideravam ser o perigo sul-africano.

Research paper thumbnail of O luso-tropicalismo e a cooperação militar  como instrumentos de política externa.

Uma Europa que dominara o mundo durante séculos vê-se, concluída a segunda guerra mundial, confro... more Uma Europa que dominara o mundo durante séculos vê-se, concluída a segunda guerra mundial, confrontada com uma nova realidade económica, política e por isso também geoestratégica que a desloca do centro do poder e a fragiliza de facto e simbolicamente, perante os seus domínios coloniais.

Research paper thumbnail of O Grande Gatsby Uma tragédia americana

O Grande Gatsby. Uma tragédia americana? O título deste texto não pretende ser irónico perante o ... more O Grande Gatsby. Uma tragédia americana? O título deste texto não pretende ser irónico perante o facto de no ano da publicação de The Great Gatsby, o grande sucesso editorial ter sido An American Tragedy de Theodore Dreiser, mas sim a apresentação do nosso objetivo, o qual se pode sintetizar na seguinte questão: poderá este livro ser analisado a partir de uma grelha de observação sustentada nos esquemas teóricos definidos por Aristóteles na «Poética»? À partida, não pensamos em F. Scott Fitzgerald como um escritor de Tragédias e o final de The Great Gatsby é tão dúbio, exagerado e melodramático, que alguma boa vontade, ou má, poderia contribuir para classificar este livro como uma comédia. Porém, na sua essência, esta narrativa aborda uma demanda individual pela felicidade, contrariada por um contexto socioeconômico adverso.

Research paper thumbnail of XXVII Coloquio de Historia Militar

Research paper thumbnail of O Serviço de Saúde Colonial (Angola e Moçambique - 1914/1918)

O Exército e a Saúde Militar na Primeira Guerra Mundial

Research paper thumbnail of O PENSAMENTO COLONIAL DE JOSÉ BARBOSA LEÃO

Atas do XXVII Colóquio de História Militar, 2019

Pensador versátil, cuja curiosidade intelectual o impeliu aos mais diversos campos da reflexão, d... more Pensador versátil, cuja curiosidade intelectual o impeliu aos mais diversos campos da reflexão, da política à economia, passando pela religião e pela ortografia, José Barbosa Leão (1818-1888) notabilizou-se pela variedade de tarefas que o ocuparam ao longo da sua vida (militar, médico, administrador colonial, jornalista, deputado) e sobretudo pela paixão que durante muitos anos manifestou em relação às províncias africanas, a quem atribuía a capacidade de regenerar Portugal, contribuindo para a superação das suas constantes crises económicas e políticas 1. E se bem que neste particular as suas visões sobre o Império não se possam considerar muito originais, a verdade é que o seu percurso de vida, bastante distinto do de boa parte dos seus contemporâneos, contribuiu para que as suas ideias assumissem uma dimensão holística, então deveras singular. Com efeito, para além de ter vivido no Brasil e na Bélgica, onde se doutorou em medicina, ainda percorreu grande parte do continente africano, tendo exercido cargos administrativos em Angola e Moçambique e visitado São Tomé, Cabo Verde e a Guiné. Para além disso, foi por várias vezes a Goa e viajou por quase todos os territórios britânicos no subcontinente indiano. Esta vertente cosmopolita, facilitada pela sua dimensão de poliglota (falava fluentemente espanhol, francês e latim, e razoavelmente inglês, italiano e grego), concedeu-lhe conhecimentos muito diversificados a propósito de distintas realidades coloniais, e ajudou-o a sustentar um modelo de reflexão sistematizado e estruturado,

Research paper thumbnail of Major José Luís Moura Mendes.

Portugal Na 1.ª Guerra Mundial. Uma História Militar Concisa, 2018

José Luís Moura Mendes nasceu em Samora Correia em 3 de novembro de 1861 e faleceu no Hospital Mi... more José Luís Moura Mendes nasceu em Samora Correia em 3 de novembro de 1861 e faleceu no Hospital Militar de Lisboa em 1918 vítima de uma síncope cardíaca durante uma cirurgia. Como é normal na carreira militar desempenhou diversas funções e passou por muitos sítios, mas o momento mais marcante da sua vida profissional terá sido a missão que desempenhou como comandante do corpo expedicionário que em 1915 atuou no teatro de operações do norte de Moçambique. Contudo, este momento ficaria marcado pela polémica e pelo paradoxo. Por um lado, são estes os homens que reconquistam a localidade de Quionga e que deste modo granjeiam a aura de heroísmo que levará a que em Portugal muitas cidades e vilas concedem a algumas das suas principais artérias a esclarecedora onomástica de «Heróis de Quionga», por outro lado, também foi esta expedição, e em particular o seu comandante, alvo de críticas violentíssimas por parte do governador geral de Moçambique Álvaro de Castro.

Research paper thumbnail of Organizacao Militar Colonial 1822 1914 Portugal Na Primeira Guerra Mundial Uma Historia Militar Concisa

Portugal Na Primeira Guerra Mundial. Uma História Militar Concisa, 2018

I. O objetivo do texto que de seguida se apresenta é a identificação e caracterização dos compone... more I. O objetivo do texto que de seguida se apresenta é a identificação e caracterização dos componentes nucleares do dispositivo militar que em 1914 se encontrava instalado nos territórios de Angola e Moçambique, pretendendo avaliar-se o seu grau de adequação aos desafios operacionais derivados do contexto da grande guerra. Como no fundamental a estrutura orgânica e logística, assim como os princípios doutrinários, nos quais aquele dispositivo assentava, decorriam dos processos de formalização do domínio colonial e correlativos mecanismos de confronto assimétrico que se foram desenvolvendo e consolidando ao longo do século XIX, é incontornável que o nosso estudo se centre numa abordagem diacrónica, em que se procurará identificar as ruturas e continuidades que se foram estabelecendo no decurso desse processo de formação. Este tipo de abordagem obriga a que se comece por deixar muito claro o enquadramento cronológico sobre o qual se pretende exercer a nossa agência analítica. Assim, deve esclarecer-se que nos identificamos com um entendimento genérico que reconhece o terceiro império português como sendo todo o período balizado pelos anos de 1822 e 1974 1 , mas em que a definição de cortes cronológicos substanciais é viável e exigível. Com efeito, sendo este um período de tempo muito longo, em que a unidade advém da existência de um impulso de controlo que o centro pretende impor sobre as periferias, a possibilidade de estabelecer subdivisões coerentes, por seu turno, resulta das mutações politicas internas e da relação com a diversidade dos três sistemas internacionais que se sucederam no seu decurso. Por isso, é nosso entendimento, partindo do que a historiografia tem vindo a definir, que esta época é passível de ser subdividida em três grandes períodos: 1822-1874; 1874-1940 e 1940-1974, dos quais, apenas os dois primeiros aqui nos merecem consideração. Deste modo, será com base neste enquadramento cronológico global que se irá desenvolver a nossa tentativa de compreensão dos processos evolutivos do sistema militar ultramarino, pelo que se irá estruturar o texto em torno daqueles dois primeiros intervalos de tempo, apresentando as características do sistema de defesa devidamente enquadradas com as realidades políticas contextuais. O estudo será concluído com um último grupo, em que procurando a resposta à nossa pergunta de partida se irá avaliar a adequação dos mecanismos de defesa e segurança instalados em 1914, tendo em consideração que confrontos entre tropas europeias se assumiam então como uma novidade nos teatros de operações africanos.

Research paper thumbnail of TENENTE -CORONEL PEDRO FRANCISCO MASSANO DE AMORIM

Portugal Na Primeira Guerra Mundial. Uma História Militar Concisa, 2018

Poucas foram as vozes de protesto, quando no verão de 1914 Pedro Francisco Massano de Amorim foi ... more Poucas foram as vozes de protesto, quando no verão de 1914 Pedro Francisco Massano de Amorim foi nomeado comandante da expedição metropolitana, com destino a Moçambique.

Research paper thumbnail of A GRANDE GUERRA NA AFRICA PORTUGUESA Dicionario de Historia da I Republica

Quando em 1914 o assassinato do Arquiduque Francisco Fernando da Áustria-Hungria coloca em marcha... more Quando em 1914 o assassinato do Arquiduque Francisco Fernando da Áustria-Hungria coloca em marcha o mecanismo das alianças, inicia-se um conflito que em virtude das estratégias europeias de presença colonial, acaba por ter uma dimensão quase planetária. O essencial do esforço de guerra das potências beligerantes realiza-se nos teatros de operações europeus mas, em paralelo, os confrontos chegam ao Médio-Oriente, ao Pacífico, à China e com particular intensidade à Africa Negra, onde se disparam mesmo os primeiros tiros da Grande Guerra e onde as batalhas se estendem do Togo à África Oriental Alemã (actual Tanzânia), dos Camarões à África do Sul, de Angola a Moçambique, com combates aéreos e terrestres perdidos nas selvas e nos desertos africanos, envolvendo muitos milhares de tropas indígenas e europeias. Em Portugal o eclodir do conflito encontra uma sociedade profundamente dividida. A República recente não conseguira congregar em si um apoio unânime, mantendo nas franjas uma forte oposição monárquica, ao mesmo tempo que entre as próprias forças republicanas as estratégias de luta pelo poder, alicerçadas, ou não, em suportes ideológicos e económicos diferenciados, contribuíam para o desgaste e para a instabilidade. Estas divisões de base irão expressar-se também no posicionamento perante a guerra. Por um lado através da dicotomia guerristas, anti guerristas e por outro entre aqueles que se perfilam ao lado dos ideais germânicos em contraponto à grande maioria aliadófila. A visão germanófila faz-se sentir sobretudo entre as correntes monárquicas ligadas a D. Miguel, fortemente apoiadas pelas casas reais austríaca e alemã. D. Manuel, exilado na Inglaterra, desde cedo manifesta o seu apoio à causa aliada e incentiva mesmo à participação de Portugal no conflito. Em ambos os lados da disputa pela coroa um ponto em comum: a defesa da herança colonial. Entre os republicanos o discurso colonial também é prioritário mas a dicotomia estabelece-se na ação, ou seja, para o poder democrático as colónias defendem-se na Europa, para os Unionistas em África. A visão de Afonso Costa, mais consentânea com a realidade da política internacional, também se explica por nunca, em momento algum, o partido democrático ter ancorado a sua política de guerra ao único objetivo de preservar e aumentar o poderio colonial. Do ponto de vista unionista deviam-se respeitar as obrigações derivadas da aliança, mas apenas no caso de para isso haver solicitação e sempre privilegiando os interesses que consideravam ser os de Portugal, pelo que na prática defendiam que a defesa do ultramar tinha de se assumir como uma tarefa única em termos de afetação de esforço perante a guerra.

Research paper thumbnail of A PROPÓSITO DE «FREUD E EINSTEIN. PORQUÊ A GUERRA?»

A propósito da recente reedição portuguesa da correspondência trocada entre Albert Einstein e Sig... more A propósito da recente reedição portuguesa da correspondência trocada entre Albert Einstein e Sigmund Freud, sobre as problemáticas da guerra e da paz 1 , surgem como oportunas as seguintes reflexões.