Candomblé Research Papers - Academia.edu (original) (raw)
O principal objetivo da minha fala é apresentar a Umbanda como campo de pesquisa da Comunicação, mas, principalmente, como um lugar do incomum. Um espaço localizado entre o físico – e toda rede semântica que orbita o sentido do termo tais... more
O principal objetivo da minha fala é apresentar a Umbanda como campo de pesquisa da Comunicação, mas, principalmente, como um lugar do incomum. Um espaço localizado entre o físico – e toda rede semântica que orbita o sentido do termo tais como o tangível, o corporal, o racional, o científico, o real – e o metafísico – e, da mesma forma, palavra que abriga toda a semanticidade de termos como o abstrato, o espiritual, o irracional, o mágico, o intuitivo. Adentro os caminhos já traçados por Dravet (2016) que aponta para o fenômeno brasileiro da incorporação situado “[...] no limiar entre sensação e sentido, ou seja, entre algo corporal e algo intelectual que implica tanto o imaginário quanto a linguagem enquanto sistema de representação e apresentação de uma só vez” (p. 02). Assim, proponho um olhar interdisciplinar para a Umbanda em seu potencial, criativo, diegético e comunicativo apreendido a partir do seu ritual e das diferentes mediações entre corpo e linguagem – representada por discursos, falas, movimentos corporais, gestos, expressões faciais, vocalizações, sons, músicas, odores, tactilidades. Em outras palavras, o terreiro é espaço do estético, em seu significado amplo, quando todos os sentidos do corpo e suas sensações se abrem para um tipo de conhecimento que se dá por textos imaginativos. Textos que se encontram no fluxo da corrente, entre duas margens, o corpo (natural, sensorial, instintivo) e a razão (cultural, linguageira, intelectual), enfim, o que Dravet (2016, p. 02) chamou de “abismo” não como um vazio, mas como “[...] uma possibilidade para o Aberto, a mística e a metafísica”.