Paulo Martins | Universidade de São Paulo (original) (raw)

Books by Paulo Martins

Research paper thumbnail of A Representação e seus Limites. Pictura Loquens, Poesis Tacens

EDUSP, 2021

Mais do que tratar de um autor ou de uma obra, este livro ocupa-se de um conceito, de uma ideia q... more Mais do que tratar de um autor ou de uma obra, este livro ocupa-se de um
conceito, de uma ideia que perpassa autores, obras, gêneros e artes. Tem por objetivo considerar diacronicamente práticas imagéticas verbais e não verbais, ou seja, representações discursivas e iconográficas, ocorridas na Antiguidade clássica, atestando por conseguinte as possíveis homologias entre estas – quando e se existentes. Logo, pictura loquens (pintura que fala) refere-se à prática discursiva que oferece aos olhos da mente visualidades, pintura imaterial. E poesis tacens (poesia silente) opera a prática plástico-pictórica cuja principal característica é ser muda, mas sem nunca deixar de flertar com o discurso, já que podemos observá-la de acordo com as categorias poéticas, assim como fizeram Simônides, Aristóteles, Horácio, Cícero, Quintiliano, Plutarco, os Filóstratos, Calístrato, entre outros.

Research paper thumbnail of Primeiros anos de (des)governo

O ponto de partida deste livro foi a publicação pelo site A Terra é Redonda de uma série de artig... more O ponto de partida deste livro foi a publicação pelo site A Terra é Redonda de uma série de artigos sobre diferentes aspectos do governo Bolsonaro no momento em que se completou a metade do mandato do presidente.
Os autores dos ensaios são ativistas políticos, intelectuais e professores universitários das mais diversas áreas do saber acadêmico: historiadores; filósofos; cientistas políticos; sociólogos; juristas; economistas; jornalistas; médicos sanitaristas; pedagogos; críticos de artes, de cinema e de literatura; etc.
Os artigos debruçam-se sobre distintos campos da administração e gestão governamental, atentos aos seus impactos sobre a esfera pública, a vida social e as subjetividades individuais.
O resultado constitui, assim, um diagnóstico multifacetado da gestão governamental e do movimento político denominado “bolsonarismo”.
A situação atual é explicada, muitas vezes, por meio de um recorte histórico que busca compreender as fontes subterrâneas da crise econômica e política que possibilitou o golpe de 2016 e suas metamorfoses no atual colapso social, sanitário e institucional.
Alguns autores optaram por remodelar o seu texto, mas a maioria preferiu mantê-lo tal como foi publicado à época.
Esperamos que o leitor possa extrair daqui reflexões importantes para este momento tão difícil e complexo da vida brasileira. Boa leitura!

Ricardo Musse
Paulo Martins
Organizadores

Research paper thumbnail of Augustan Poetry New Trends and Revaluations

Humanitas, 2019

De 08 a 10 de julho de 2015 organizamos o V Colóquio Internacional “Visões da Antiguidade Clássic... more De 08 a 10 de julho de 2015 organizamos o V Colóquio Internacional “Visões da Antiguidade Clássica”, dedicado à poesia augustana (Augustan Poetry: New Trends and Revaluations), em São Paulo, a fim de discutir novas abordagens e reavaliar as antigas, reunindo nomes que são referência no estudo de Horácio, Ovídio, Propércio e Virgílio, das mais diversas universidades. Do evento resultou este livro por cujas contribuições esperamos que os estudos sobre poesia augustana possam se renovar e aumentar (augere). A imagem augusta do princeps, perpetuada por mais de dois mil anos, com sua grauitas, eternamente jovem, continuará ainda, queiramos ou não, a se fazer presente, ano a ano, sob o nome do mês que o celebra: agosto. Reunidos por ele, um deus na terra, os poetas aqui discutidos, que o eternizam, também se perpetuam (non omnis moriar), crescendo e renovando-se (crescam recens), pelas novas abordagens, pelo cuidadoso trabalho filológico e pelas discussões proporcionadas pelos autores (autores) deste livro que vem assim organizado em três grandes partes.

Research paper thumbnail of Elegia Romana: Costrução e Efeito

"Neste livro incisivo, Paulo Martins desnaturaliza os critérios expressivistas de interpretação d... more "Neste livro incisivo, Paulo Martins desnaturaliza os critérios expressivistas de interpretação da elegia erótica do poeta latino Propércio correntes na Universidade, onde ainda é lido. Eles são indiferentes à historicidade dos preceitos técnicos de sua invenção como ficção poética. Paulo afirma que, ingênua ou não, a indiferença é uma prática etnocêntrica. Universaliza o modo moderno de definir e consumir poesia como literatura e imagina que as paixões romanas dos poemas são sustos contemporâneos que, ao serem impressos, expressam a subjetividade do autor. A especificação retórica do gênero "elegia erótica" faz os poemas aparecer como formalidade prática irredutível às intenções psicológicas dos intérpretes atribuídas anacronicamente ao homem Propércio. Como gênero poético, a elegia erótica romana é inventada retoricamente como enunciação fictícia de um pronome pessoal, ego. É o "eu" não-substancial de um tipo poético que imita discursos gregos e alexandrinos enquanto recompõe, em cada poema, a dicção que especifica a adequação de seu estilo aos lugares-comuns que o gênero prescreve para inventar e ornar a voz de seu éthos, caráter, movido por páthe, afetos."

João Adolfo Hansen
Da Universidade de São Paulo

Research paper thumbnail of Literatura Latina

Trata o texto de questões gerais e genéricas das Letras Latinas. Um manual de Literatura Latina c... more Trata o texto de questões gerais e genéricas das Letras Latinas. Um manual de Literatura Latina cuja preocupação cronológica é deixada, parcialmente, de lado, para observar essencialmente gêneros letrados transhistoricamente, sem abrir mão, entretanto, do contexto e, naturalmente, da recepção coetânea aos textos, elementos importantes para o autor na compreensão dessas práticas letradas antigas, devido à distância que existe entre elas e nós, leitores modernos.

O compêndio obverva 11 gêneros literários, sigificativos em Roma, entre o século III a.C. e o século IV d.C., matiza diferenças e assinala semelhanças entre autores, apresentando mais do que informações acerca de autores, os seus próprios textos, comentados e anotados.

Iniciando pelo capítulo que apresenta o contexto dessas práticas letradas, o livro contém informações acerca da: Lírica (Horácio e Catulo), Elegia (Propércio, Ovídio e Tibulo)), Bucólica (Virgílio), Épica (Virgílio), Comédia (Plauto e Terêncio), Tragédia (Sêneca), Historiografia (Salústio, Tito Lívio e Tácito), Retórica (Cícero, A Herênio e Quintiliano), Oratória (Cícero), Poesia didática (Horácio e Ovídio) e Sátira (Horácio, Sêneca, Juvenal e Petrônio.

Acompanha ao livro, 2 DVDs, contendo 12 aulas de Literatura Latina, proferidas pelo Prof. Dr. Paulo Martins, da Universidade de São Paulo.

Research paper thumbnail of Algumas Visões da Antiguidade

O livro representa uma coletânea de textos elaborados por pesquisadores brasileiros da Área de Le... more O livro representa uma coletânea de textos elaborados por pesquisadores brasileiros da Área de Letras Clássicas cujo eixo temático é a visão, seja ela física, seja ela aquela que é decorrente de imagens mentais, associadas, pois, à phantasia.

Research paper thumbnail of Antologia de poetas gregos e latinos (monódica e coral, jâmbica, polímetra e elegíaca)

Papers by Paulo Martins

Research paper thumbnail of A nudez e sua significação nas elegias latinas

Rónai, 2023

A partir da observação do repertório lexical da nudez nos poetas elegíacos, Propércio, Ovídio e T... more A partir da observação do repertório lexical da nudez nos poetas elegíacos, Propércio, Ovídio e Tibulo, o presente trabalho objetiva encontrar elementos que corroborem a sua interpretação metapoética nas elegias latinas. As figuras femininas das puellae elegíacas, associadas aos poetas amantes, confundem-se com a própria poesia e não raramente são indicadas pela ausência de vestes ou vestes transparentes. A pesquisa contextualiza, portanto, o tema prevalente das elegias romanas, no microcosmo elegíaco-amoroso, o par amoroso, os rivais amorosos e os êmulos poéticos, além dos termos específicos relativos à ambientação da nudez. Em seguida, observa-se o viés de interpretação ambígua a respeito da figura da puella e da poesia, pautado no glossário previamente construído.

Research paper thumbnail of Propertian Medeas: a collection

Codex - Revista de Estudos Clássicos, 2023

Mythography, that is, writing about myths, seems to have been a common writing among the ancients... more Mythography, that is, writing about myths, seems to have been a common writing among the ancients. This genre, however, seems to have two perspectives: one that collects and another that interprets mythical narratives. In the first group, authors such as Hyginus and Pseudo-Apollodorus stand out. On the other hand, among poets, these narratives
were also used, in which the poetry of Propertius, an Augustan poet, also stands out. In his production, one can highlight the presence of Medea’s stories, which are, according to tradition, several and varied, ranging from her life in Colchis, through the tragedy in Corinth, to her flight to Athens. In the Propertian elegy, in turn, the poet uses the different episodes of this myth in the construction of his speech.

Research paper thumbnail of Polignoto, Páuson, Dionísio e Zêuxis – Uma leitura da

Research paper thumbnail of Universal e Humano

Folha de São Paulo, 2022

A Folha de São Paulo, como todo sábado, faz uma pergunta provocadora em Tendências e Debates, par... more A Folha de São Paulo, como todo sábado, faz uma pergunta provocadora em Tendências e Debates, para que as pessoas respondam "sim" ou "não". A desse sábado (10 de junho de 2022) foi “É razoável que alunos mais ricos paguem mensalidade em universidades públicas?” Miguel Buzzar, Vladimir Pinheiro Safatle e Paulo Martins respondemos Não! Contra o sim do Deputado Kim Kataguiri!

Research paper thumbnail of Artes, perenidade, novidade e memória sob Augusto

Classica - Revista Brasileira de Estudos Clássicos, 2020

Este artigo opera a relação entre a arte plástica produzida, a partir do culto imperial de Otávio... more Este artigo opera a relação entre a arte plástica produzida, a partir do culto imperial de Otávio Augusto, e as tópicas da perenidade e da novidade observadas pela poesia augustana. Essa arte plástica, que era útil ao serviço de Augusto, opera imortalidade e memória do princeps. A poesia não só reverbera a poesia grega antiga e helenística como também é dependente daquela produzida pelos poetae noui. O novo estilo plástico, por sua vez, distancia-se da arte plástica republicana e aproxima-se daquela produzida na Grécia clássica e helenística. O trabalho também se ocupa da compreensão de como a imagem do poeta, agente de sua arte, interage com a figura imortal de Augusto, agente da imortalidade da urbs, de sua arquitetura e de seus lugares sagrados.

Research paper thumbnail of A ameaça real do mito

Encenada pela primeira vez em 431 a.C., Medéia – obra absoluta de Eurípides – talvez seja uma das... more Encenada pela primeira vez em 431 a.C., Medéia – obra absoluta de Eurípides – talvez seja uma das mais discutidas, relidas e revisitadas da história do teatro ocidental. Com argumento fundado na última parte da lenda de Jasão e Medéia, cujo ciclo inicia com viagem dos Argonautas para conquistar o velocino de ouro e termina justamente com a sina da filha de Eetes, rei da Cólquida, Medéia representa o limite a que pode chegar a alma feminina diante da recusa amorosa. Esse mesmo tema, após sua primeira apresentação, ou melhor, sua reconstituição em forma literária, foi retomado pelo menos três vezes por outros autores: Sêneca, no primeiro século de nossa era; Corneille no século 17; e, mais proximamente, na década de 70, com a montagem da Medéia Brasileira de Paulo Pontes e Chico Buarque, no musical Gota D'água. Em todas versões, a magistralidade do texto intenta função precípua da tragédia: o efeito catártico e, justamente por isso, nos faz refletir acerca da permanência dos mitos...

Research paper thumbnail of VT Pictura Rhetorica

Research paper thumbnail of Enéias se reconhece

Research paper thumbnail of Augusto como Mercúrio enfim

Um pedestal, dedicado a Mercúrio Augusto, recentemente foi encontrado na cidade romana Ammaia (Ma... more Um pedestal, dedicado a Mercúrio Augusto, recentemente foi encontrado na cidade romana Ammaia (Marvão, Portugal). Tal descoberta reabre uma discussão sobre a importância e a significação da associação entre um deus e um líder romano. A minha preocupação é verificar o que isso possa sugerir e significar aos romanos da urbs e das prouinciae, observando, em particular, as representações de Augusto como Mercúrio. Ainda que as associações entre divindade e governante sejam muito comuns, por exemplo, Augusto representado como Apolo, Júpiter ou Netuno; Tibério como Apolo; Cláudio, Júpiter; ou Cômodo à semelhança de Hércules, a discussão sobre a relação entre Augusto e Mercúrio é bem rara na bibliografia recente. As reflexões mais profícuas sobre este tema remontam à primeira metade do século 20, de maneira que o trabalho de Chittenden sobre numismática e o artigo de Grether a respeito de epigrafia são muito importantes. Assim, novas evidências devem ser consideradas a fim de que tenhamos u...

Research paper thumbnail of Propércio Redivivo

Research paper thumbnail of Propércio e as Artes Visuais Propertius and the Visual Arts

Nuntius Antiquus, 2019

Nas elegias de Propércio é possível notar uma alusão recorrente ao universo das artes visuais que... more Nas elegias de Propércio é possível notar uma alusão recorrente ao universo das artes visuais que se manifesta de forma diversa, ora através da descrição de monumentos artísticos, como na elegia 2.31, ora através da citação de pintores, como na elegia 3.9, ou, ainda, a partir das inúmeras descrições dos personagens, Cíntia e Propércio, que mostraram possuir forte influência temática de pinturas e esculturas na sua composição, como na 1.3. Valendo-se de tal alusão, o presente artigo visa a compreender qual seria o conceito de arte visual que estaria presente nas elegias de Propércio, a partir da seleção e análise das elegias em que este tema estava em mais larga medida presente. Ainda, conforme mostraremos, as referências articuladas pelo elegíaco, para além de auxiliarem na compreensão quanto à concepção de Propércio acerca das artes visuais, o que confere mais uma perspectiva do conceito de arte circulante na Antiguidade Clássica, exercem uma função primordialmente metapoética, de modo que Propércio acaba por revelar também a concepção artística acerca de sua própria poesia.

Research paper thumbnail of O Galo de Propércio no Monobiblos: amizade Poética e rivalidade amorosa. 1

Gallus is mentioned five times in Propertius’ Monobiblos (elegies 5, 10, 13, 20 and 21). Scholars... more Gallus is mentioned five times in Propertius’ Monobiblos (elegies 5, 10, 13, 20 and 21). Scholars have thoroughly debated how these constructions may provide concrete evidence of Roman life. The possibilities found were presented on well-researched studies, which, nevertheless, were based on a false premise: that the names cited by the poet were necessarily identified with real people.
This paper argues that the name Gallus refers to one and the same character: Cornellius Gallus, as it is clear in elegy 2B.34.91. Thus this name, in Propertius, may function as a marker of the elegiac genre, or refer to a rival in the erotic narrative of the book or point to the structure of the Monobiblos. We must keep in mind that Gallus is evoked not as a historical character, but as persona ficta, whose ἦθος was constructed observing Propertius’ poetic program, and whose fides resides in the contiguity with the homonym elegiac poet, the poet-lover, whose beloved is Lycoris, his scripta puella. Thus although these characters can be real, they pass through the filter of this poetic genre.
This article aims to demonstrate how the name Gallus functions as a marker of the elegiac genre in Propertius’ Monobiblos, in which it may refer to the poetics, the erotic narrative or the structure of the book.

Research paper thumbnail of A Elegia no Canto IV da Eneida

Resumo: No Canto IV da Eneida, Virgílio parece valer-se de tópicas do gênero elegíaco ao narrar o... more Resumo: No Canto IV da Eneida, Virgílio parece valer-se de tópicas do gênero elegíaco ao narrar o malfadado amor entre Dido e Eneias, inserindo-as dentro do gênero épico. Algumas características fundamentais do amante elegíaco, a saber, o furor pelo qual é tomado ao ser ferido pelas flechas do Cupido, o ócio dos amantes enquanto tais, a mala fama que advém desse amor, e, por fim, a condição misera na qual o amante se encontra, diante da qual é sempre feito um lamento, mostraram-se presentes na composição poética do Canto IV. Para além, então, de demonstrar como o gênero épico, sem perder seu rigor formal, subsume outros gêneros, neste caso o elegíaco, este artigo também procura observar como esta operação acaba por servir tanto ao propósito intranarrativo como extranarrativo de Virgílio ao escrever sua Eneida. No primeiro caso, se lembrarmos que os cantos I ao VI ocupam-se da construção do ἦθος heroico de Eneias, a recusa do herói em permanecer com a rainha confirma, mais uma vez, seu destino, que é a fundação de Roma, destino esse que é próprio de um herói épico – e não de um amante elegíaco. Já no segundo caso, é necessário, primeiro, ter em mente a intenção de Virgílio ao compor a Eneida, que é a inserção da história de Roma no mito, o qual, vale lembrar, é a matéria narrativa do próprio poema épico. Dessa forma, o abandono de Dido e a imprecação que a rainha realiza dos versos 590-640 é utilizada pelo poeta para justificar, ainda que ironicamente, a rivalidade e violência dos cartagineses contra os romanos nas Guerras Púnicas, colocando-as como resultado da frustração amorosa de uma mulher.

Research paper thumbnail of A Representação e seus Limites. Pictura Loquens, Poesis Tacens

EDUSP, 2021

Mais do que tratar de um autor ou de uma obra, este livro ocupa-se de um conceito, de uma ideia q... more Mais do que tratar de um autor ou de uma obra, este livro ocupa-se de um
conceito, de uma ideia que perpassa autores, obras, gêneros e artes. Tem por objetivo considerar diacronicamente práticas imagéticas verbais e não verbais, ou seja, representações discursivas e iconográficas, ocorridas na Antiguidade clássica, atestando por conseguinte as possíveis homologias entre estas – quando e se existentes. Logo, pictura loquens (pintura que fala) refere-se à prática discursiva que oferece aos olhos da mente visualidades, pintura imaterial. E poesis tacens (poesia silente) opera a prática plástico-pictórica cuja principal característica é ser muda, mas sem nunca deixar de flertar com o discurso, já que podemos observá-la de acordo com as categorias poéticas, assim como fizeram Simônides, Aristóteles, Horácio, Cícero, Quintiliano, Plutarco, os Filóstratos, Calístrato, entre outros.

Research paper thumbnail of Primeiros anos de (des)governo

O ponto de partida deste livro foi a publicação pelo site A Terra é Redonda de uma série de artig... more O ponto de partida deste livro foi a publicação pelo site A Terra é Redonda de uma série de artigos sobre diferentes aspectos do governo Bolsonaro no momento em que se completou a metade do mandato do presidente.
Os autores dos ensaios são ativistas políticos, intelectuais e professores universitários das mais diversas áreas do saber acadêmico: historiadores; filósofos; cientistas políticos; sociólogos; juristas; economistas; jornalistas; médicos sanitaristas; pedagogos; críticos de artes, de cinema e de literatura; etc.
Os artigos debruçam-se sobre distintos campos da administração e gestão governamental, atentos aos seus impactos sobre a esfera pública, a vida social e as subjetividades individuais.
O resultado constitui, assim, um diagnóstico multifacetado da gestão governamental e do movimento político denominado “bolsonarismo”.
A situação atual é explicada, muitas vezes, por meio de um recorte histórico que busca compreender as fontes subterrâneas da crise econômica e política que possibilitou o golpe de 2016 e suas metamorfoses no atual colapso social, sanitário e institucional.
Alguns autores optaram por remodelar o seu texto, mas a maioria preferiu mantê-lo tal como foi publicado à época.
Esperamos que o leitor possa extrair daqui reflexões importantes para este momento tão difícil e complexo da vida brasileira. Boa leitura!

Ricardo Musse
Paulo Martins
Organizadores

Research paper thumbnail of Augustan Poetry New Trends and Revaluations

Humanitas, 2019

De 08 a 10 de julho de 2015 organizamos o V Colóquio Internacional “Visões da Antiguidade Clássic... more De 08 a 10 de julho de 2015 organizamos o V Colóquio Internacional “Visões da Antiguidade Clássica”, dedicado à poesia augustana (Augustan Poetry: New Trends and Revaluations), em São Paulo, a fim de discutir novas abordagens e reavaliar as antigas, reunindo nomes que são referência no estudo de Horácio, Ovídio, Propércio e Virgílio, das mais diversas universidades. Do evento resultou este livro por cujas contribuições esperamos que os estudos sobre poesia augustana possam se renovar e aumentar (augere). A imagem augusta do princeps, perpetuada por mais de dois mil anos, com sua grauitas, eternamente jovem, continuará ainda, queiramos ou não, a se fazer presente, ano a ano, sob o nome do mês que o celebra: agosto. Reunidos por ele, um deus na terra, os poetas aqui discutidos, que o eternizam, também se perpetuam (non omnis moriar), crescendo e renovando-se (crescam recens), pelas novas abordagens, pelo cuidadoso trabalho filológico e pelas discussões proporcionadas pelos autores (autores) deste livro que vem assim organizado em três grandes partes.

Research paper thumbnail of Elegia Romana: Costrução e Efeito

"Neste livro incisivo, Paulo Martins desnaturaliza os critérios expressivistas de interpretação d... more "Neste livro incisivo, Paulo Martins desnaturaliza os critérios expressivistas de interpretação da elegia erótica do poeta latino Propércio correntes na Universidade, onde ainda é lido. Eles são indiferentes à historicidade dos preceitos técnicos de sua invenção como ficção poética. Paulo afirma que, ingênua ou não, a indiferença é uma prática etnocêntrica. Universaliza o modo moderno de definir e consumir poesia como literatura e imagina que as paixões romanas dos poemas são sustos contemporâneos que, ao serem impressos, expressam a subjetividade do autor. A especificação retórica do gênero "elegia erótica" faz os poemas aparecer como formalidade prática irredutível às intenções psicológicas dos intérpretes atribuídas anacronicamente ao homem Propércio. Como gênero poético, a elegia erótica romana é inventada retoricamente como enunciação fictícia de um pronome pessoal, ego. É o "eu" não-substancial de um tipo poético que imita discursos gregos e alexandrinos enquanto recompõe, em cada poema, a dicção que especifica a adequação de seu estilo aos lugares-comuns que o gênero prescreve para inventar e ornar a voz de seu éthos, caráter, movido por páthe, afetos."

João Adolfo Hansen
Da Universidade de São Paulo

Research paper thumbnail of Literatura Latina

Trata o texto de questões gerais e genéricas das Letras Latinas. Um manual de Literatura Latina c... more Trata o texto de questões gerais e genéricas das Letras Latinas. Um manual de Literatura Latina cuja preocupação cronológica é deixada, parcialmente, de lado, para observar essencialmente gêneros letrados transhistoricamente, sem abrir mão, entretanto, do contexto e, naturalmente, da recepção coetânea aos textos, elementos importantes para o autor na compreensão dessas práticas letradas antigas, devido à distância que existe entre elas e nós, leitores modernos.

O compêndio obverva 11 gêneros literários, sigificativos em Roma, entre o século III a.C. e o século IV d.C., matiza diferenças e assinala semelhanças entre autores, apresentando mais do que informações acerca de autores, os seus próprios textos, comentados e anotados.

Iniciando pelo capítulo que apresenta o contexto dessas práticas letradas, o livro contém informações acerca da: Lírica (Horácio e Catulo), Elegia (Propércio, Ovídio e Tibulo)), Bucólica (Virgílio), Épica (Virgílio), Comédia (Plauto e Terêncio), Tragédia (Sêneca), Historiografia (Salústio, Tito Lívio e Tácito), Retórica (Cícero, A Herênio e Quintiliano), Oratória (Cícero), Poesia didática (Horácio e Ovídio) e Sátira (Horácio, Sêneca, Juvenal e Petrônio.

Acompanha ao livro, 2 DVDs, contendo 12 aulas de Literatura Latina, proferidas pelo Prof. Dr. Paulo Martins, da Universidade de São Paulo.

Research paper thumbnail of Algumas Visões da Antiguidade

O livro representa uma coletânea de textos elaborados por pesquisadores brasileiros da Área de Le... more O livro representa uma coletânea de textos elaborados por pesquisadores brasileiros da Área de Letras Clássicas cujo eixo temático é a visão, seja ela física, seja ela aquela que é decorrente de imagens mentais, associadas, pois, à phantasia.

Research paper thumbnail of Antologia de poetas gregos e latinos (monódica e coral, jâmbica, polímetra e elegíaca)

Research paper thumbnail of A nudez e sua significação nas elegias latinas

Rónai, 2023

A partir da observação do repertório lexical da nudez nos poetas elegíacos, Propércio, Ovídio e T... more A partir da observação do repertório lexical da nudez nos poetas elegíacos, Propércio, Ovídio e Tibulo, o presente trabalho objetiva encontrar elementos que corroborem a sua interpretação metapoética nas elegias latinas. As figuras femininas das puellae elegíacas, associadas aos poetas amantes, confundem-se com a própria poesia e não raramente são indicadas pela ausência de vestes ou vestes transparentes. A pesquisa contextualiza, portanto, o tema prevalente das elegias romanas, no microcosmo elegíaco-amoroso, o par amoroso, os rivais amorosos e os êmulos poéticos, além dos termos específicos relativos à ambientação da nudez. Em seguida, observa-se o viés de interpretação ambígua a respeito da figura da puella e da poesia, pautado no glossário previamente construído.

Research paper thumbnail of Propertian Medeas: a collection

Codex - Revista de Estudos Clássicos, 2023

Mythography, that is, writing about myths, seems to have been a common writing among the ancients... more Mythography, that is, writing about myths, seems to have been a common writing among the ancients. This genre, however, seems to have two perspectives: one that collects and another that interprets mythical narratives. In the first group, authors such as Hyginus and Pseudo-Apollodorus stand out. On the other hand, among poets, these narratives
were also used, in which the poetry of Propertius, an Augustan poet, also stands out. In his production, one can highlight the presence of Medea’s stories, which are, according to tradition, several and varied, ranging from her life in Colchis, through the tragedy in Corinth, to her flight to Athens. In the Propertian elegy, in turn, the poet uses the different episodes of this myth in the construction of his speech.

Research paper thumbnail of Polignoto, Páuson, Dionísio e Zêuxis – Uma leitura da

Research paper thumbnail of Universal e Humano

Folha de São Paulo, 2022

A Folha de São Paulo, como todo sábado, faz uma pergunta provocadora em Tendências e Debates, par... more A Folha de São Paulo, como todo sábado, faz uma pergunta provocadora em Tendências e Debates, para que as pessoas respondam "sim" ou "não". A desse sábado (10 de junho de 2022) foi “É razoável que alunos mais ricos paguem mensalidade em universidades públicas?” Miguel Buzzar, Vladimir Pinheiro Safatle e Paulo Martins respondemos Não! Contra o sim do Deputado Kim Kataguiri!

Research paper thumbnail of Artes, perenidade, novidade e memória sob Augusto

Classica - Revista Brasileira de Estudos Clássicos, 2020

Este artigo opera a relação entre a arte plástica produzida, a partir do culto imperial de Otávio... more Este artigo opera a relação entre a arte plástica produzida, a partir do culto imperial de Otávio Augusto, e as tópicas da perenidade e da novidade observadas pela poesia augustana. Essa arte plástica, que era útil ao serviço de Augusto, opera imortalidade e memória do princeps. A poesia não só reverbera a poesia grega antiga e helenística como também é dependente daquela produzida pelos poetae noui. O novo estilo plástico, por sua vez, distancia-se da arte plástica republicana e aproxima-se daquela produzida na Grécia clássica e helenística. O trabalho também se ocupa da compreensão de como a imagem do poeta, agente de sua arte, interage com a figura imortal de Augusto, agente da imortalidade da urbs, de sua arquitetura e de seus lugares sagrados.

Research paper thumbnail of A ameaça real do mito

Encenada pela primeira vez em 431 a.C., Medéia – obra absoluta de Eurípides – talvez seja uma das... more Encenada pela primeira vez em 431 a.C., Medéia – obra absoluta de Eurípides – talvez seja uma das mais discutidas, relidas e revisitadas da história do teatro ocidental. Com argumento fundado na última parte da lenda de Jasão e Medéia, cujo ciclo inicia com viagem dos Argonautas para conquistar o velocino de ouro e termina justamente com a sina da filha de Eetes, rei da Cólquida, Medéia representa o limite a que pode chegar a alma feminina diante da recusa amorosa. Esse mesmo tema, após sua primeira apresentação, ou melhor, sua reconstituição em forma literária, foi retomado pelo menos três vezes por outros autores: Sêneca, no primeiro século de nossa era; Corneille no século 17; e, mais proximamente, na década de 70, com a montagem da Medéia Brasileira de Paulo Pontes e Chico Buarque, no musical Gota D'água. Em todas versões, a magistralidade do texto intenta função precípua da tragédia: o efeito catártico e, justamente por isso, nos faz refletir acerca da permanência dos mitos...

Research paper thumbnail of VT Pictura Rhetorica

Research paper thumbnail of Enéias se reconhece

Research paper thumbnail of Augusto como Mercúrio enfim

Um pedestal, dedicado a Mercúrio Augusto, recentemente foi encontrado na cidade romana Ammaia (Ma... more Um pedestal, dedicado a Mercúrio Augusto, recentemente foi encontrado na cidade romana Ammaia (Marvão, Portugal). Tal descoberta reabre uma discussão sobre a importância e a significação da associação entre um deus e um líder romano. A minha preocupação é verificar o que isso possa sugerir e significar aos romanos da urbs e das prouinciae, observando, em particular, as representações de Augusto como Mercúrio. Ainda que as associações entre divindade e governante sejam muito comuns, por exemplo, Augusto representado como Apolo, Júpiter ou Netuno; Tibério como Apolo; Cláudio, Júpiter; ou Cômodo à semelhança de Hércules, a discussão sobre a relação entre Augusto e Mercúrio é bem rara na bibliografia recente. As reflexões mais profícuas sobre este tema remontam à primeira metade do século 20, de maneira que o trabalho de Chittenden sobre numismática e o artigo de Grether a respeito de epigrafia são muito importantes. Assim, novas evidências devem ser consideradas a fim de que tenhamos u...

Research paper thumbnail of Propércio Redivivo

Research paper thumbnail of Propércio e as Artes Visuais Propertius and the Visual Arts

Nuntius Antiquus, 2019

Nas elegias de Propércio é possível notar uma alusão recorrente ao universo das artes visuais que... more Nas elegias de Propércio é possível notar uma alusão recorrente ao universo das artes visuais que se manifesta de forma diversa, ora através da descrição de monumentos artísticos, como na elegia 2.31, ora através da citação de pintores, como na elegia 3.9, ou, ainda, a partir das inúmeras descrições dos personagens, Cíntia e Propércio, que mostraram possuir forte influência temática de pinturas e esculturas na sua composição, como na 1.3. Valendo-se de tal alusão, o presente artigo visa a compreender qual seria o conceito de arte visual que estaria presente nas elegias de Propércio, a partir da seleção e análise das elegias em que este tema estava em mais larga medida presente. Ainda, conforme mostraremos, as referências articuladas pelo elegíaco, para além de auxiliarem na compreensão quanto à concepção de Propércio acerca das artes visuais, o que confere mais uma perspectiva do conceito de arte circulante na Antiguidade Clássica, exercem uma função primordialmente metapoética, de modo que Propércio acaba por revelar também a concepção artística acerca de sua própria poesia.

Research paper thumbnail of O Galo de Propércio no Monobiblos: amizade Poética e rivalidade amorosa. 1

Gallus is mentioned five times in Propertius’ Monobiblos (elegies 5, 10, 13, 20 and 21). Scholars... more Gallus is mentioned five times in Propertius’ Monobiblos (elegies 5, 10, 13, 20 and 21). Scholars have thoroughly debated how these constructions may provide concrete evidence of Roman life. The possibilities found were presented on well-researched studies, which, nevertheless, were based on a false premise: that the names cited by the poet were necessarily identified with real people.
This paper argues that the name Gallus refers to one and the same character: Cornellius Gallus, as it is clear in elegy 2B.34.91. Thus this name, in Propertius, may function as a marker of the elegiac genre, or refer to a rival in the erotic narrative of the book or point to the structure of the Monobiblos. We must keep in mind that Gallus is evoked not as a historical character, but as persona ficta, whose ἦθος was constructed observing Propertius’ poetic program, and whose fides resides in the contiguity with the homonym elegiac poet, the poet-lover, whose beloved is Lycoris, his scripta puella. Thus although these characters can be real, they pass through the filter of this poetic genre.
This article aims to demonstrate how the name Gallus functions as a marker of the elegiac genre in Propertius’ Monobiblos, in which it may refer to the poetics, the erotic narrative or the structure of the book.

Research paper thumbnail of A Elegia no Canto IV da Eneida

Resumo: No Canto IV da Eneida, Virgílio parece valer-se de tópicas do gênero elegíaco ao narrar o... more Resumo: No Canto IV da Eneida, Virgílio parece valer-se de tópicas do gênero elegíaco ao narrar o malfadado amor entre Dido e Eneias, inserindo-as dentro do gênero épico. Algumas características fundamentais do amante elegíaco, a saber, o furor pelo qual é tomado ao ser ferido pelas flechas do Cupido, o ócio dos amantes enquanto tais, a mala fama que advém desse amor, e, por fim, a condição misera na qual o amante se encontra, diante da qual é sempre feito um lamento, mostraram-se presentes na composição poética do Canto IV. Para além, então, de demonstrar como o gênero épico, sem perder seu rigor formal, subsume outros gêneros, neste caso o elegíaco, este artigo também procura observar como esta operação acaba por servir tanto ao propósito intranarrativo como extranarrativo de Virgílio ao escrever sua Eneida. No primeiro caso, se lembrarmos que os cantos I ao VI ocupam-se da construção do ἦθος heroico de Eneias, a recusa do herói em permanecer com a rainha confirma, mais uma vez, seu destino, que é a fundação de Roma, destino esse que é próprio de um herói épico – e não de um amante elegíaco. Já no segundo caso, é necessário, primeiro, ter em mente a intenção de Virgílio ao compor a Eneida, que é a inserção da história de Roma no mito, o qual, vale lembrar, é a matéria narrativa do próprio poema épico. Dessa forma, o abandono de Dido e a imprecação que a rainha realiza dos versos 590-640 é utilizada pelo poeta para justificar, ainda que ironicamente, a rivalidade e violência dos cartagineses contra os romanos nas Guerras Púnicas, colocando-as como resultado da frustração amorosa de uma mulher.

Research paper thumbnail of Novas luzes sobre a Segunda Sofística - New lights on the Second Sophistic

Resumo: O estudo do período conhecido como Segunda Sofística, assim denominado por Filóstrato, o ... more Resumo: O estudo do período conhecido como Segunda Sofística, assim denominado por Filóstrato, o Velho, tem crescido na academia. À medida que a retórica sofística é reabilitada nos estudos da filosofia e da literatura – movimento significativo na academia desde, pelo menos, os anos 60 –, a compreensão das práticas letradas dos primeiros séculos do Império Romano e de suas auctoritates vem sendo modificada, abandonando estigmas longamente perpetuados. Esse estudo visa a coligir aspectos mais relevantes da prática sofística no período, reunindo importantes contribuições a respeito, de modo a introduzir o leitor em um dos períodos mais profícuos da história romana através da abordagem minuciosa que lhe é dirigida modernamente.

Abstract: The study of the period known as the Second Sophistic, thus coined by Philostratus the Elder, has been swiftly rising in academia. As sophistic rhetoric is rehabilitated in the study of philosophy and literature – a significant movement in academia since at least the 1960s – the comprehension of early-Roman Empire literary practices and its auctoritates is being modified, leaving behind long-lasting stigmas. This study aims at compiling the most relevant aspects of sophistic practice during the period, gathering the most important scholarly contributions to it, in order to introduce the reader into one of the most proficient epochs of Roman history through the approach contemporarily adopted to it.

Research paper thumbnail of PROPÉRCIO RECIDIVO * RECIDIVOUS PROPERTIUS

RESUMO: Observando uma questão essencial à poética properciana, a saber, a constituição de person... more RESUMO: Observando uma questão essencial à poética properciana, a saber, a constituição de personas poéticas no interior de suas coleções, o presente trabalho ocupa-se, a partir de exercícios de tradução, de verificar como no primeiro livro de elegias de Propércio – o Monobiblos – o poeta elegíaco opera seus interlocutores poéticos – tu e uos – a fim de delimitar não só a recepção poética apta ou decorosa como também a fim de operar um diálogo intergenérico nas elegias em favor do próprio gênero elegíaco romano, contaminando sua forma e conteúdo, sua res e uerba, com espécies e gêneros poéticos diversos ao da elegia romana, ainda que confins a ela, isso afora ser o mesmo mecanismo de construção poética capaz de estabelecer conexões entre o fazer poético fundado na fictio e na vida cotidiana romana. ABSTRACT: This work offers a translation and analysis of Propertius' first book (Monobiblos), considering the treatment given to the poet's interlocutors (tu and uos), which works to determine its reception. This mechanism of poetic construction operates an intergeneric play within the elegies, contaminating their matter and form, res and verba, with other poetic genres, and also establishes connections between poetic composition based on both Roman everyday life and fiction.

Research paper thumbnail of Ekphrasis, Digression and Elegy: The Propertius' second Book

abstract: Since Lachmann's edition (1816), there have been many discussions on the extent of Prop... more abstract: Since Lachmann's edition (1816), there have been many discussions on the extent of Propertius' second book of Elegies. Fundamentally, nowadays, we observe two trends in this respect: one that understands that Propertius' elegies must be divided only into four books; and another, less conservative, which argues that the second book is too long, and for this reason this book would be a conflation of 2A and 2B. In this paper, I support the presupposition of the division of Book 2 into two books, by arguing that Lyne's (1998a) thesis on it is very appropriate. I understand that the elegies in Books 1 and 2 are marked by a narratio a persona, Cynthia. I consider the initial elegy of Propertius' Book 2B, 2.12, as a digression, which both recapitulates the central theme of the first two books and presents a broader poetic program than that which is presented in the previous elegies. Furthermore, I intend to observe the ekphrastic features of this digression in order to support Lyne's thesis by adding a new argument. Thus, 2.12, besides being a programmatic elegy, is also a highly innovative piece in terms of argumentation, since it presents two rhetorical mechanisms: digressio and ekphrasis.

Research paper thumbnail of Texto e imagem: História. Como se faz a História sob(re) Otávio/Augusto

Nossa ocupação nesse texto é tratar da história de Otávio Augusto, em imagem e discurso. Disso de... more Nossa ocupação nesse texto é tratar da história de Otávio Augusto, em imagem e discurso. Disso deriva algumas inquietações. Dentro desse paralelo (imagem e texto) acaso a imagem tem a mesma fides do texto no período que compreende o primeiro consulado de Júlio César e a morte de Augusto? São mídias complementares ou não? O que podemos hoje falar em níveis de representação? Diante do texto historiográfico de Dion Cássio, Nicolau Damasco, Suetônio, Augusto e Tácito, os encômios e imagines podem oferecer alguma contribuição?

Research paper thumbnail of Tum Logas Condimus Iliadas: A Helena de Propércio

This paper analyses the uses of the poetic image of Helen in Propertius, especially focusing on t... more This paper analyses the uses of the poetic image of Helen in Propertius, especially focusing on the metaphor: “Cynthia is Helen”. Cynthia can be understood both as lover of
the ego-Propertius who emerges from poetic narratives as well as a metaphor for the poetry of Propertius, so my question is: how can Helen be associated with these two interpretations of Cynthia? I will suggest two possibilities: first, as a lover, Cynthia can be compared with Helen in beauty, impudence or infidelity. Secondly, as a metaphor for poetry, or as a book of elegies – scripta puella –, Cynthia can be associated with the painting of Helen by Zeuxis in Croton, whose main features are beauty and perfection according to both Cicero (De Inuentione) and Dionysius of Halicarnassus (De Imitatione).

Research paper thumbnail of AUGUSTO COMO MERCÚRIO ENFIM - Augustus as Mercury at last

A minha preocupação neste artigo é investigar e analisar a representação de Augusto como Mercúrio... more A minha preocupação neste artigo é investigar e analisar a representação de Augusto como Mercúrio e o que isso pode sugerir e significar para os romanos da urbs e das prouinciae, tendo em vista a epigrafia, a numismática e a literatura. Além disso, fazer a revisão de três trabalhos que, em certa medida, operaram essa questão, a saber, Bandinelli, Zanker e Martins. Ainda que as associações entre divindade e governante sejam muito comuns – Augusto representado como Apolo, Júpiter ou Netuno; Tibério como Apolo; Cláudio, Júpiter; ou Cômodo à semelhança de Hércules –, a discussão sobre a relação entre Augusto e Mercúrio é bem rara na bibliografia recente. As reflexões mais profícuas sobre esse tema remontam à primeira metade do século XX, de maneira que o trabalho de Chittenden sobre numismática e o artigo de Grether a respeito de epigrafia são muito importantes. Assim, novas evidências devem ser consideradas a fim de que tenhamos um panorama mais atento dessas representações no mundo romano.

My purpose in this paper is to investigate and to analyse the representation of Augustus as Mercury, and what this association may suggest and mean to the Romans from both the urbs and the prouinciae, focusing the epigraphy, the numismatic, and the literature. Furthermore, I review three researches that someway work this problem: Bandinelli, Zanker and Martins. Even though the associations between divinities and rulers were very common – Augustus represented as Apollo, Jupiter or Neptune; Tiberius as Apollo; Claudius as Jupiter; or Commodus as Hercules –, the discussion on the relationship between Augustus and Mercury is very rare in recent bibliography. The latest relevant research on this subject dates back to the first half of the twentieth century. Chittenden’s work on numismatic and Grether’s article on epigraphy are both very important. Thus, new evidences must be considered, so that we can further investigate these representations in the Roman world.

Research paper thumbnail of Uma visão perigemática sobre a écfrase

This article has three objectives. First, I will offer an overview of both ancient and modern the... more This article has three objectives. First, I will offer an overview of both ancient and modern theorizations of ekphrasis, presenting elements that characterize it as a rhetorical poetical procedure that is at the service of both style and argumentation, and, nowadays, at the service of the description of a work of art – Kunstbeschreibung. Secondly, I will show how the ekphraseis, from the perspective of ancient texts, may be presented either as an element of the narration, a procedure that is subordinate to another discursive genre – interventive ekphrasis, according to Elsner (2002) –, or as a procedure that has intrinsic characteristics as an independent, autonomous and isolated genre, which is not subject to argumentative or figurative aspects of another genre, and therefore is “self-standing”. The third objective, corollary of the previous ones, is to distinguish from these two types of ekphrasis: one which serves a genre – that I call hypotactic – and another that can be understood as a genre – that I call paratactic. As historical series, either independent or dependent of a genre that includes it, both types of ekphrasis engender meanings that can be articulated and verified in paradigms, such as the series of shields (Homer, Hesiod, Virgil, Silius Italicus) or a series of descriptions in a collection of ekphraseis – imagines or εἰκόνες (of Philostratus, both the Elder and the Younger, and Callistratus) – that can be seen as a genre in its own right.

Research paper thumbnail of Um importante compromisso

Folha de São Paulo, 2021

Quando se assume a tarefa de gerir uma universidade pública, nos deparamos com “rotinas” essencia... more Quando se assume a tarefa de gerir uma universidade pública, nos
deparamos com “rotinas” essenciais: orçamento; recursos humanos; políticas
acadêmicas para pesquisa, graduação, pós-graduação, cultura, extensão;
internacionalização; administração dos espaços físicos; interface com a
sociedade etc. Afora tudo isso, como sói acontecer em universidades
públicas, o gestor deve respostas aos órgãos de controle, ao Judiciário e ao
Legislativo, o que nos demanda muita energia. Entretanto, tais rotinas são
absolutamente lídimas e necessárias.

Research paper thumbnail of A New Light on Philostartus' Heroicus. Hodkinson (O.) Authority and Tradition in Philostratus' Heroikos . (Satura 8.) Pp. 147. Lecce: Pensa, 2011.

Research paper thumbnail of JOÃO ANGELO OLIVA NETO, Falo no Jardim. Priapéia Grega, Priapéia Latina, Cotia e Campinas, Ateliê Ed. e Ed. UNICAMP, 2006, 432 p., ISBN 8574803006 e ISBN 8526807056

Classica - Revista Brasileira de Estudos Clássicos

Priapo e Estudos Clássicos no Brasil A pesquisa em Estudos Clássicos no Brasil é frágil, para não... more Priapo e Estudos Clássicos no Brasil A pesquisa em Estudos Clássicos no Brasil é frágil, para não dizer, muita vez, tímida, em que se pese aqui valorosa oposição a essa premissa, já que podemos enumerar grande número de contribuições de iniciação científica, dissertações de mestrado, teses de doutorado e artigos científicos, que podem ser propostos e publicados em quaisquer países centrais, nos quais esses estudos possuem, de um lado, a devida valorização do governo e da própria sociedade, digamos, civil, e, de outro, real importância internacional, obliterando certo estrato científico desprezível e dispensável. Quais são os elementos que devemos observar em pesquisa desse jaez a fim de que abandone a 'seara da mediocridade' e incorpore o universo de pesquisas 'de ponta' na grande área Estudos Clássicos? Afora critérios metodológicos, operados com honestidade, coerência e precisão, podemos apontar não em ordem de importância: o ineditismo, o concreto conhecimento por seu agente das línguas antigas, em que os "documentos / monumentos"com a devida vênia de Jacques Le Goff-foram elaborados, a inserção da discussão nas pesquisas congêneres em âmbito internacional, a relevância do objeto-tendo sido descartado certo etnocentrismo positivista-o manejo habilidoso dos comentários antigos e escólios (ainda tão esquecidos e distantes cá nessas terras) e, por fim, o ingenium, talvez o critério menos objetivo, porém algo importante dado que ninguém há de negar o quanto são profícuos a habilidade e o talento. Distante de certa ortodoxia e mesmice acadêmica, por que não dizer: bancária, João Angelo Oliva Neto em 1996 já apontara em seu trabalho inaugural-O Livro de Catulo-um diferencial: a associação entre coragem e competência, afinal as suas letras e as de Catulo diziam: "meu pau no cu, na boca, eu vou meter-vos" (ver Catull. 16), apontando, em chave metalinguística, a distância entre sujeito da enunciação poética e sujeito histórico a qual por nós, classicistas, deve sempre ser mantida viva. Assim seu ingenium, retórica e poeticamente, foi construído, afinal João seguiu o cursus honorum, como se fosse um Catulo e, talvez, um Calímaco. Impediu que maus leitores, ou simplesmente, classicistas maus, ou ainda, maus e medíocres classicistas o afastassem do lugar que lhe cabe na academia e no circuito científico. Seu Catulo é, digamos, remate contra os maus e os males, afinal, pelo ingenium, elimina seus possíveis detratores. E melhor por sua competência e coragem, deleita-os, ensina-os, alfim, os convence.

Research paper thumbnail of Na era poética de Augusto

Phaos, 2021

Ainda hoje, numa era dominada pela velocidade da informação, sempre será necessário certo esforço... more Ainda hoje, numa era dominada pela velocidade da informação, sempre será necessário certo esforço dos estudantes brasileiros de Letras Clássicas, durante seu percurso, para se manter a par dos caminhos e desenvolvimentos de seu objeto de estudo. Não é de se admirar: comparados a grandes e antigos centros de pesquisas na Europa e nos Estados Unidos, a área das Letras Clássicas no Brasil ainda é relativamente jovem. Assim, um bom pesquisador da literatura clássica deverá mostrar não só o domínio de suas fontes primárias-o conhecimento da obra no seu contexto histórico-literário e linguístico-bem como também o domínio de suas fontes secundárias: "qual é o status quaestionis de uma obra? Como se construiu a crítica sobre este assunto e para onde ela está indo? Qual é a relevância de minha contribuição neste cenário amplo, em que o mundo todo discutiu, e segue discutindo tais textos? ". Responder a essas perguntas depende também de estudar os caminhos da crítica, entender como e quais perguntas cada época colocou e, constatando que não somos nem os últimos nem os primeiros a falar sobre estes autores, inserir nossa contribuição no vasto conhecimento adquirido ao longo dos séculos, ampliando-o um pouco, enriquecendo-o um pouco. Uma tarefa como esta pode ser desafiadora para um pesquisador iniciante, que tem que se haver desde o início com textos de diversas épocas, em idiomas também diversos. Por outro lado, há de se notar como os estudos clássicos brasileiros desde sempre buscaram sua internacionalização, quase como um impulso natural frente à ubiquidade do campo. Assim foi com a realização, no primeiro semestre

Research paper thumbnail of A Mão Portuguesa de Deus

A mão portuguesa de Deus. Revista Bravo!, São Paulo, , v. 41, p. 114 -117, 01 fev. 2001 Por Paulo... more A mão portuguesa de Deus. Revista Bravo!, São Paulo, , v. 41, p. 114 -117, 01 fev. 2001 Por Paulo Martins Pe. Antonio Vieira (1608-1697) é certamente um dos maiores escritores da língua portuguesa. Tanto que, academicamente, é pleiteado ora pela Literatura Portuguesa ora pela Brasileira, dessa forma pode ser considerado o primeiro caso de transnacionalidade nas literaturas de nossa língua. Parte de sua vida jesuítica no século 17 foi dedicada à colônia como costumava ocorrer com os pregadores jesuítas que tinham como missão a catequização dos povos (Bahia, Olinda e São Luís). Por outro lado, dado a seu grande talento, galgou importantes investiduras na corte e no mundo, ocupou missões diplomáticas em Paris, Haia e Roma e convicto de certas posições, foi processado pela Inquisição por defender os cristãos-novos.

Research paper thumbnail of Historiador analisa a arte barroca sob a tutela de patronos

Research paper thumbnail of A guerra aos olhos de um poeta lírico arcaico

RESENHA: CORRÊA, PAULA DA CUNHA - Armas e Varões. A guerra na Lírica de Arquíloco. São Paulo: Edi... more RESENHA: CORRÊA, PAULA DA CUNHA - Armas e Varões. A guerra na Lírica de Arquíloco. São Paulo: Editora Unesp. 1998. 363 páginas.

Research paper thumbnail of A ameaça real do mito

Research paper thumbnail of Tragédias que revelam a fragilidade humana

Propõe este texto realizar um panorama sobre a poesia trágica de Ésquilo, tendo em vista, primeir... more Propõe este texto realizar um panorama sobre a poesia trágica de Ésquilo, tendo em vista, primeiramente, as tragédias que dele nos restaram (apenas 7) e, num segundo momento, observando uma característica que perpassa todas elas, a saber, a fragilidade humana, diante do destino traçado pelos deuses.

TEXTO DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

Research paper thumbnail of Priapo e Estudos Clássicos no Brasil

A pesquisa em Estudos Clássicos no Brasil é frágil, para não dizer, muita vez, tímida, em que se ... more A pesquisa em Estudos Clássicos no Brasil é frágil, para não dizer, muita vez, tímida, em que se pese aqui valorosa oposição a essa premissa, já que podemos enumerar grande número de contribuições de iniciação científica, dissertações de mestrado, teses de doutorado e artigos científicos, que podem ser propostos e publicados em quaisquer países centrais, nos quais esses estudos possuem, de um lado, a devida valorização do governo e da própria sociedade, digamos, civil, e, de outro, real importância internacional, obliterando certo estrato científico desprezível e dispensável.

Research paper thumbnail of Entre dois mitos: Medeia e Bacantes de Eurípides

Revista Eletrônica Antiguidade Clássica

Sistematicamente, estão sendo publicadas -e isso é muito positivo -novas traduções de tragédias g... more Sistematicamente, estão sendo publicadas -e isso é muito positivo -novas traduções de tragédias gregas antigas. Mais do que esse próprio fato inolvidável põe em relevo, deve-se entender a sua importância, tendo em vista seus executores e seu público. Esses trabalhos são o resultado do manuseio poético de originais gregos em cuidadosas traduções, realizadas por helenistas. Assim, antes de ser mera versão para nossa língua -imagino "facilidades" cibernéticas com Google tradutor -tradução séria deve ser entendida como crítica, pois que evidencia maneira de ler, de entender, de pensar o texto e seu gênero, solidifica o texto original dentro da tradição cultural e representa documento essencial para que avaliemos a recepção, no caso os clássicos, hoje no Brasil do século 21. Aliás, Italo Calvino 1 já propusera: "Os clássicos são aqueles livros que chegam até nós trazendo marcas das leituras que precederam a nossa e atrás de si os traços que deixaram na cultura ou nas culturas que atravessaram". A tradução é um dos alicerces do clássico e, por si, o enseja.

Research paper thumbnail of Entre a História e o Encômio

Research paper thumbnail of Como se deve escrever a história

A Terra é Redonda, 2020

Sobre Luciano de Samósata, pouco ou quase nada se sabe. Tendo vivido sob o Império Romano entre 1... more Sobre Luciano de Samósata, pouco ou quase nada se sabe. Tendo vivido sob o Império Romano entre 125 e 181, representa bem uma produção letrada “romana” que se estende após Augusto e que foi veiculada e consolidada sob as prescrições da língua grega e, portanto, afeita ao discernimento retórico greco-romano aclimatado na urbs. Assim, se de um lado seu verbo é grego, de outro sua matéria é romana.

Research paper thumbnail of O belo e o disforme - A TERRA É REDONDA

A Terra é Redonda, 2020

O livro de Cilaine Alves sobre a poesia de Álvares de Azevedo é precioso. Recupera e analisa a re... more O livro de Cilaine Alves sobre a poesia de Álvares de Azevedo é precioso. Recupera e analisa a recepção crítica da obra, processa e delimita o código e, por fim, opera e conceitua o estilo. O que faz, portanto, é analisar um sistema poético e retórico que, simultaneamente, observa certos equívocos da recepção, circunscreve o autor em questão num código estético-poético e refaz o percurso estilístico que sintetiza o registro em forma poética. Ou seja, Cilaine propõe, inusitadamente e na contramão da convencional crítica, a leitura da obra de Azevedo e não a leitura de Azevedo.

Research paper thumbnail of CINTIA

Compêndio Histórico de Mulheres da Antiguidade, 2022

Cíntia por Paulo Martins Cíntia é uma personagem do poeta elegíaco romano Propércio, que viveu en... more Cíntia por Paulo Martins Cíntia é uma personagem do poeta elegíaco romano Propércio, que viveu entre 43 aEC e 17 EC, o que o posiciona entre os chamados poetas augustanos ou poetas da Época de Otávio Augusto. A poesia de Propércio é exclusivamente elegíaca, tendo como precursores, ora na poesia grega arcaica com Mimnermo de Colofon (630 aEC-600), ora na poesia helenística com o poeta e bibliotecário de Alexandria, Calímaco de Cirene (310 aEC-240), ora na poesia que o antecede em Roma, com os poetas novos (poetae noui) ou neotéricos, Catulo (84 aEC-57) e Cornélio Galo. A vertente elegíaca em Roma é, básica e não exclusivamente, erótica sem obviamente elidir sua vertente histórica, o lamento e seu viés etiológico, mas o que une esses autores, a saber, Galo, Catulo, Tibulo, Propércio e Ovídio é a construção de personagens femininas que servem como alvo de sua poesia, suas «amadas», respectivamente, Licóride, Lésbia, Délia, Cíntia e Corina. O século XIX as transformou, essas elaborações poéticas, essas mulheres, em personagens históricas dissimuladas por pseudônimos, crendo que o autor Apuleio (125 EC-170), no século subsequente, dissesse que fossem mesmo personagens históricas já que dizia que Catulo ocultava Clódia em Lésbia, Tícidas, Metela em Perila, Propércio, Hóstia em Cíntia e Tibulo, Plânia em Délia, um absoluto rumor (Apuleio. Apologia, 10). Queria, sim, Apuleio, autor formado na sofística, dizer que qualquer personagem dissimula alguém pelo simples fato de aquelas são verossímeis a essas, daí serem a expressão de um éthos.

Research paper thumbnail of DIDO

Compêndio Histórico de Mulheres da Antiguidade, 2022

Dido por Paulo Martins Daquilo que sabemos sobre Dido-também chamada Elisa-, os elementos seguram... more Dido por Paulo Martins Daquilo que sabemos sobre Dido-também chamada Elisa-, os elementos seguramente mais antigos referem-se à migração de um grupo de fenícios de Tiro (atualmente no Líbano) para Cartago (hoje na Tunísia), em aproximadamente 814 AEC. Foi Dido que, em desavença com seu irmão Pigmaleão, liderou a fuga dos tírios para fundar uma nova cidade (Qart-Hadašt), significado literal de Cartago.

Research paper thumbnail of A posição dos Eikones na Segunda Sofística

Filóstrato. Novas Abordagens, 2022

Durante o período da denominada Segunda Sofística, a elite grega, sob domínio romano, desenvolveu... more Durante o período da denominada Segunda Sofística, a elite grega, sob domínio romano, desenvolveu um complexo projeto de expansão cultural do helenismo conhecido como paideia. Seu objetivo era, afinal, a legitimação do poder dessas elites, sua valorização frente a uma condição política adversa de dominação.1 O papel da écfrase nesse processo é bastante valorizado, visto que, pela exploração de referências, figuras, mitos e lugares comuns, compõe a teia de significados que se articulam para formar essa cultura helênica que se espalha pelo Império Romano.

Research paper thumbnail of A rumour in Propertius

Humanitas, 2019

This paper investigates the relationship between historical reality and personae poeticae as fict... more This paper investigates the relationship between historical reality and personae poeticae as fiction in Propertius 2.7. Besides its poetic value, this elegy shows us precisely the border between reality and fiction in which Roman elegy is situated. On the one hand, we observe the personae poeticae as fictional constructions, and, on the other hand, we can glimpse referential aspects of the Roman society of this period. Nevertheless, the personae may be impregnated with real characteristics as well, since we can neither deny the historical existence of Propertius, Maecenas and Augustus, nor that historical events may be nuanced by rumour, which can be considered as a rhetorical kind of proof.

Research paper thumbnail of Xênia, Apoforeta, as Saturnais: Marcial e uma Poesia Diminuta

Research paper thumbnail of Imagens Antigas Retoricamente Referenciadas

Trata o texto de aspectos relevantes acerca do nome das imagens na Antiguidade greco-romana. Assi... more Trata o texto de aspectos relevantes acerca do nome das imagens na Antiguidade greco-romana. Assim observa como gregos e romanos associam o nome do tipo de imagem a uma prática plástica e/ou pictórica específica, tendo em vista processos elocutivos e invedivos das mesmas imagens. Assim a designação da espécie imagética mantém estreita reçào com o tipo de imagem produzida.

Research paper thumbnail of Imortalidade e Culto Imperial : Arte Plástica sob Augusto

Statues in Roman Religion, 2020

This chapter argues that the process of formation of the imperial cult during the principate of A... more This chapter argues that the process of formation of the imperial cult during the principate of Augustus is one of the causes of a change in sculptural portraiture that takes place mainly in the Roman domus. Its key point is that the validation of the imperial cult lies in the association between Augustus’ image and ideas of immortality and youth. In this way, “the new style of the Augustan age” is nothing more than representing someone by combining perfect individual parts in order to produce an excellent whole. I call this portraiture type “simulacrum art”, which is exactly like the art of divine figuration. From a political perspective, Augustus had the images that emphasised his youthful vigour restricted to the private sphere, whereas in the public domain he was acclaimed as pater patriae, which is an obvious appropriation of the title pater familias in the private sphere.

Research paper thumbnail of Artes, perenidade, novidade e memória sob Augusto

CLASSICA - REVISTA BRASILEIRA DE ESTUDOS CLÁSSICOS, 2020

Resumo: Este artigo opera a relação entre a arte plástica produzida, a partir do culto imperial d... more Resumo: Este artigo opera a relação entre a arte plástica produzida, a partir do culto imperial de Otávio Augusto, e as tópicas da perenidade e da novidade observadas pela poesia augustana. Essa arte plástica, que era útil ao serviço de Augusto, opera imortalidade e memória do princeps. A poesia não só reverbera a poesia grega antiga e helenística como também é dependente daquela produzida pelos poetae noui. O novo estilo plástico, por sua vez, distancia-se da arte plástica republicana e aproxima-se daquela produzida na Grécia clássica e helenística. O trabalho também se ocupa da compreensão de como a imagem do poeta, agente de sua arte, interage com a figura imortal de Augusto, agente da imortalidade da urbs, de sua arquitetura e de seus lugares sagrados.

Abstrctt: This article deals with the relationship between the plastic art, produced from the imperial cult of Augustus, and the topica of the perenniality and the novelty which are observed by Augustan poetry. This plastic art, which is useful to the service of Augustus, copes with the immortality and the memory of the princeps. In the other hand, the poetry reverberates the Ancient and Hellenistic Greek poetry as well as is dependent on the poetry of poetae noui. The new plastic style, in turn, it is far away from the Republic plastic art and it is very close to the Classic and Hellenistic Greek plastic art. This paper also deals with the compression of as the poet's image, agent of his art, acquaint with immortal figure of Augustus, agent of immortality of urbs, architecture, and shrines.

Research paper thumbnail of A ideia de História na Antiguidade Clássica

O livro apresenta um conjunto de 23 estudos sobre autores gregos e romanos que refletiram, em sua... more O livro apresenta um conjunto de 23 estudos sobre autores gregos e romanos que refletiram, em suas obras, acerca da ideia de História, respectivamente: 1- Homero, Heródoto, Tucídides, Eurípedes, Xenofonte, Platão, Aristóteles, Políbio, Estrabão, Plutarco, Pausânias e Luciano; 2- Cicero, César, Salústio, Virgílio, Augusto, Tito Lívio, Flávio Josefo, Tácito, Plinio o Jovem, Suetônio e Dion Cássio. A história como gênero literário, a reflexão histórica e sua escrita, a relação dos homens com a memória e suas narrativas nos mundos grego e romano são algumas das frentes tratadas no livro, que interessa aos estudiosos do mundo antigo de diferentes domínios (História, Letras Clássicas, Filosofia e.g) mas, também, àqueles que se interessam pelas teorias da história e por suas epistemologias em contextos contemporâneos e ao público, em geral.
Palavras Chave: Ideia de história; Grécia; Roma; Historiografia antiga.

Research paper thumbnail of O Cornélio Galo de Propércio: unus e plubibus

Hidra Vocal, 2020

Muito já se discutiu acerca dos nomes apresentados por Propércio no Monobiblos como interlocutore... more Muito já se discutiu acerca dos nomes apresentados por Propércio no Monobiblos como interlocutores de sua narrativa elegíaca cujo cerne é o romance, ou melhor, o affair entre o ego, poeta-amante, e uma tal Cíntia. Basicamente a questão, pelo menos até a década de 1970, para a absoluta maioria dos estudio- sos, resumia-se, no que concerne ao Monobiblos de Propércio, ao livro Cynthia: quem são Tulo, Basso, Galo e Pôntico3 elencados pelo poeta? Os filólogos do século xix e da primeira metade do século xx apostavam que tais referências só podiam ser concretas, reais, extraídas da vida romana.
Assim, é certo que posso pensar em pelo menos duas vertentes interpretativas diante dos nomes inscritos no Monobiblos: a primeira localiza os nomes como referência histórica que dão suporte à sinceridade do poeta que trata de si ao produzir poesia; a segunda toma a referência nominal a serviço do constructo poético que guia a narrativa por intermédio de uma bricolagem ética. Uma recompõe a subjetividade da poesia de matiz confessional; a outra estrutura uma subjetivação fictícia que confunde os leitores porque registra uma diversidade ética que foge a um critério de coerência exclusiva interna e externa. Aquela oferece uma linearidade plana e achatada de caracteres obedientes e obsequiosos; esta subverte a unidade personalizada, reproduz circunstâncias múltiplas e “incoerentes” absolutamente coincidentes com nós mesmos (καθ’ ἡμᾶς assim como Διονύσιος δὲ ὁμοίους εἴκαζεν, e isto ensinara a Poética). A primeira hipótese, por fim, defende um instantâneo, um retrato de identidade; a segunda é, apenas, um rascunho de um desenho construído, que pode ou não ter sido delineado a partir de uma persona real.
Este trabalha a figura de Cornélio Galo no Monobiblos e sua função na estrutura do livro a partir da segunda possibilidade interpretativa que apresento.

Research paper thumbnail of Imagens Antigas Retoricamente Referenciadas

Research paper thumbnail of Arte, sim! Ativismo, também!

Folha de São Paulo, 2022

O ativismo ambiental desde os anos 70 sempre teve como característica ações de protesto que visav... more O ativismo ambiental desde os anos 70 sempre teve como característica ações de protesto que visavam a chamar a atenção do mundo. Não rara vez, os atores colocavam em risco suas vidas como forma de ecoar as pautas defendidas no cerne da imprensa mundial.

Research paper thumbnail of As publicações digitais da USP e a democratização do conhecimento

Jornal da USP, 2022

A criação da Agência deBibliotecas e Coleções Digitas (ABCDUSP) tem por motivo o fato de que as b... more A criação da Agência deBibliotecas e Coleções Digitas (ABCDUSP) tem por motivo o fato de que as bibliotecas, por mais que sejam desconhecidas da maioria da sociedade, são vivas, corpos que pulsam. De forma que sua valorização é o reconhecimento da vida, logo, da ciência. A biblioteca viva é descortínio do conhecimento encerrado e, nesse sentido, se coaduna com a função da universidade: disseminar o conhecimento em todas as suas formas e modos.

Research paper thumbnail of W. H. Auden

A Terra é Redonda, 2022

Há quase 50 anos, a poesia perdia Wystan Hugh Auden (1887-1973). Poeta que ao lado de T. S. Eliot... more Há quase 50 anos, a poesia perdia Wystan Hugh Auden (1887-1973). Poeta que ao lado de T. S. Eliot e Ezra Pound[i] forma uma grande tríade da poesia moderna em língua inglesa. Vale dizer que sua poesia complementa o espectro estético dessa produção moderna. W. H. Auden dista de ambos, não comunga do mesmo universo cultural e literário. Sua cepa é outra, é outra, sua turma. A perspectiva política contribui muito nesse distanciamento. Afinal, Eliot é um cristão conservador; Pound, um fascista, partidário de Mussolini e Auden é um egresso de Oxford que participa da resistência republicana na Guerra Civil Espanhola, um homem de esquerda. Esses dados na comparação entre os poetas e na observação da poesia dos três são operantes para intelecção desse momento poético.

Research paper thumbnail of Manuel Odorico Mendes

A Terra é Redonda, 2021

Considerações sobre a obra do tradutor, entre outros, de Homero e Virgílio.

Research paper thumbnail of Hoje não é 1º de janeiro

Folha de São Paulo, 2021

O ano de 2020 foi atípico. As pessoas foram abaladas por dois fatos: a pandemia e o caos. O vírus... more O ano de 2020 foi atípico. As pessoas foram abaladas por dois fatos: a pandemia e o caos. O vírus e o governo. Ambos provocaram em parte considerável da população a sensação de que o nosso tempo não avançava. A Covid-19 se incumbiu de relativizar o tempo, ampliando-o, e o Planalto impôs sobre ele algo desconfortável, um déjà vu. Os dois alargam ainda mais a marca das horas. Então, o que podemos esperar para o ano que se inicia nesta sexta-feira (1º)? Ou será que o ano não acabou? Seríamos capazes de reverter o tempo ao seu curso normal?

Research paper thumbnail of Um importante compromisso

Folha de São Paulo, 2021

Quando se assume a tarefa de gerir uma universidade pública, nos deparamos com “rotinas” essencia... more Quando se assume a tarefa de gerir uma universidade pública, nos
deparamos com “rotinas” essenciais: orçamento; recursos humanos; políticas
acadêmicas para pesquisa, graduação, pós-graduação, cultura, extensão;
internacionalização; administração dos espaços físicos; interface com a
sociedade etc. Afora tudo isso, como sói acontecer em universidades
públicas, o gestor deve respostas aos órgãos de controle, ao Judiciário e ao
Legislativo, o que nos demanda muita energia. Entretanto, tais rotinas são
absolutamente lídimas e necessárias.

Research paper thumbnail of A USP quer outro rumo

Folha de São Paulo, 2021

A Universidade de São Paulo (USP) é uma universidade central no sistema de produção de conhecimen... more A Universidade de São Paulo (USP) é uma universidade central no sistema de produção de conhecimento não apenas no Brasil, mas na América Latina. Respondendo por 25% de toda a pesquisa feita em nosso país, com vários de seus cursos listados entre os 100 melhores do mundo, seus problemas e contradições são proporcionais à sua importância. Haverá eleição reitoral brevemente. Ainda que os projetos apresentados vistos de longe sejam semelhantes, "USP Viva' e "Somos Todos USP" apresentam modos diversos de conduzir a universidade.

Research paper thumbnail of Diego de Silva Velázquez - A TERRA É REDONDA

A Terra é Redonda, 2021

Os gregos antigos usavam o verbo poeîn para designar a ação da manufatura e também a da produção ... more Os gregos antigos usavam o verbo poeîn para designar a ação da manufatura e também a da produção intelectual. E essas atividades não se restringiam ao universo mundano, físico. Os próprios deuses podiam ser agentes desse mesmo verbo. Hesíodo diz em Os trabalhos e os dias: “primeiramente os imortais, que têm morada no Olimpo, fizeram a raça de ouro dos homens de fala articulada” (O Trabalho e os Dias. Harvard University Press. 1995.p.10-11 vv. 109-110). Pode-se inferir, portanto, que certos homens são o resultado da ação de poeîn dos deuses, sua poesia (poiésis) – afinal, os deuses os fizeram, athanatoi poíesan.

Research paper thumbnail of Nosso setembro é agora

Folha de São Paulo, 2021

Na universidade, entre as crises potencializadas e catalisadas pela pandemia, o suicídio é uma qu... more Na universidade, entre as crises potencializadas e catalisadas pela pandemia, o suicídio é uma questão sobre a qual o debate não pode ser adiado ou calado.
Na verdade, o suicídio não é algo peculiar de um determinado ambiente ou país. Discussões sobre o tema nas universidades quase que sazonalmente retornam e ganham destaque importante na comunidade acadêmica e na sociedade. Assim, por exemplo, aconteceu na USP em 2017 e em 2018 na UnB.

Research paper thumbnail of Nosso Setembro é Hoje

Research paper thumbnail of Dois anos de desgoverno – rumo ao caos - A TERRA É REDONDA

A Terra é Redonda, 2021

Há dois anos fomos colocados à prova de um novo governo. Jair M. Bolsonaro foi eleito, levando a ... more Há dois anos fomos colocados à prova de um novo governo. Jair M. Bolsonaro foi eleito, levando a defesa do liberalismo econômico às últimas consequências e o enaltecimento de pautas de viés moral que flertam com o pentecostalismo. Seu mote muito inovador: ser o representante da nova política, ou melhor, da direita mais virulenta.

Research paper thumbnail of Hoje não é 1o de Janeiro (versão impressa)

Folha de São Paulo, 2021

O ano de 2020 foi atípico. As pessoas foram abaladas por dois fatos: a pandemia e o caos. O vírus... more O ano de 2020 foi atípico. As pessoas foram abaladas por dois fatos: a pandemia e o caos. O vírus e o governo. Ambos provocaram em parte considerável da população a sensação de que o nosso tempo não avançava.

Research paper thumbnail of Imitação, emulação e poesia em Racine

A Terra é Redonda, 2021

Jean Racine (1639-1699), seguramente, é um dos grandes mestres do teatro moderno e, em conjunto c... more Jean Racine (1639-1699), seguramente, é um dos grandes mestres do teatro moderno e, em conjunto com Shakespeare, com Corneille e com Molière, representa até hoje referência obrigatória para aqueles que desejam reconstituir a trajetória das artes dramáticas do ocidente.
Pouco ou quase nada se fala de sua habilidade em reciclar as obras da Antiguidade Clássica greco-latina em prol de uma nova arte dramática que surge a partir do renascimento e que se desenvolve até os dias de hoje. A capacidade de “reciclar” ou, simplesmente, “aludir” não é nova, como podem imaginar alguns que se debruçam, sistematicamente, sobre a tão propalada e reverenciada intertextualidade, pedra de toque da pós-modernidade.

Research paper thumbnail of Entre a peste e a pandemia

A Folha de São Paulo, 2020

Research paper thumbnail of Os lobos do terraplanismo

A Terra é Redonda, 2020

O novo coronavírus, muito além de ser um vírus perigoso por sua competência em se alastrar fácil ... more O novo coronavírus, muito além de ser um vírus perigoso por sua competência em se alastrar fácil e rapidamente, ceifando vidas, desestruturando famílias, interrompendo projetos, desmobilizando o sistema educacional, desestabilizando indústria e comércio, mundo a fora, traz a lume um patógeno social: o indivíduo que cisma em lutar contra as evidências, que se recusa a entender a ciência, que desconsidera o próximo, en m, um indivíduo que é uma doença social e, além disso, é a comprovação cabal de que homo homini lupus (o homem é o lobo para homem) de acordo com Plauto na comédia Asinária.

Research paper thumbnail of Uma gigante e seus desafios

Jornal da USP, 2021

Assumimos a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, em setembro do ano passado,... more Assumimos a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, em setembro do ano passado, em plena pandemia, com nossas atividades didáticas, todas, em modo remoto. Nos sete meses anteriores à posse, o corpo docente já começara a se adaptar às novas tecnologias, formatando seus conteúdos ao Google Meet e ao Classroom, usando o e-Disciplinas, gravando aulas disponibilizadas em canais do YouTube e plataformas de podcasts. O corpo funcional, em sua maioria, já passara a responder por suas atividades, quando possível, em home office, e as necessárias atividades presenciais não foram descuradas, ambas executadas com muito esforço. Os estudantes, por sua vez, mudaram completamente sua rotina, ainda que a interação com os professores fosse possível nas plataformas, o olho no olho, o tête-à-tête, o calor da presencialidade estavam definitivamente ceifados do nosso cotidiano acadêmico. Afinal a faculdade tinha, e ainda tem, como marca diferencial as aulas expositivas presenciais em todas suas grades curriculares, mas mesmo assim conseguiu em boa medida superar os entraves desse triste novo mundo. Para estudantes, docentes e servidores a FFLCH e a USP procuraram oferecer, na medida de suas condições, para além dos kits de acesso à internet, notebooks para que as atividades remotas não fossem prejudicadas.

Research paper thumbnail of Faltam prioridades para a educação no Brasil - Jornal da USP

Research paper thumbnail of Fábricas de utensílios - Jornal da USP

Jornal da USP, 2019

V ira e mexe, o senso comum afia as garras e envia a campo um articulista raivoso, com vistas a i... more V ira e mexe, o senso comum afia as garras e envia a campo um articulista raivoso, com vistas a inocular o fármaco do pragmatismo rasteiro, lançando mão do mercadologiquês, o idioma sacrossanto do mercado. De modo geral, trata-se de pseudoargumentos com que o distinto representante de interesses privados pretende inverter, em favor próprio ou alheio, o sabido diagnóstico de que alunos e profissionais do Ensino Superior fazem bem mais pela sociedade, intra e extramuros, do que efetivamente recebem, seja em espécie, seja na forma do reconhecimento.

Research paper thumbnail of Balão de Ensaio

Research paper thumbnail of Vez e hora da Faculdade de Filosofia

O Quae uolumus et credimus libenter Júlio César, De bello ciuili 2.27.2 mês de outubro de 2016 ma... more O Quae uolumus et credimus libenter Júlio César, De bello ciuili 2.27.2 mês de outubro de 2016 marca o início de uma nova gestão da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Fundada em 1934, alma mater da USP, nossa faculdade é tão grande quanto são os desafios de gestão, inerentes à sua complexidade. Seus 12.176 alunos (Graduação e Pós-Graduação), 461 docentes e 330 funcionários técnicoadministrativos são responsáveis diretos pelo exercício de um trabalho acadêmico crítico e sério que historicamente nos caracteriza e nos diferencia no concurso das faculdades de mesmo cerne no Brasil e no mundo. O último Ranking QS Top Universities (2016) aponta acentuada elevação do patamar da USP. Sua posição em 2015 era a de 143 , e em 2016 passamos a ocupar o 120 lugar. Esse mesmo instrumento indica que habilitações/cursos da FFLCH, bem além da posição geral da Universidade, ocupam lugar de destaque entre os 50 melhores cursos no mundo, a saber, Letras (Linguística e Línguas Estrangeiras), História, Geografia, Filosofia, Ciências Sociais (Antropologia, Sociologia e Ciência Política), o que nos torna um centro de excelência na própria USP, portanto responsável essencial por seu desempenho internacional.

Research paper thumbnail of O Enquadramento dos Livros 2A e 2B

Research paper thumbnail of Coronaula #15 - Fechamento do Livro 1 e Abertura do livro 2A

Research paper thumbnail of Propércio: Basso e Pôntico

Research paper thumbnail of Coronaula #11 - Cornélio Galo e Propércio, rivais e êmulos

Research paper thumbnail of Coronaula #9 - Cíntia, puella scripta, puebla amas

Research paper thumbnail of Coronaula #7 - Scripta Puella e Puella Amans

Research paper thumbnail of Coronaula #5 - Cíntia Scripta Puella

Research paper thumbnail of Coronaula #3

Research paper thumbnail of Coronaula #1 - Aspectos da Elegia Latina - Catulo 65

Research paper thumbnail of International Conference --  The Rhetoric of (dis)unity: Community and division in Greco-Roman prose and poetry (FINAL Programme & Abstracts & Bios of Speakers)

by Andreas Serafim, Andreas N . Michalopoulos, Flaminia Beneventano della Corte, Alessandro Vatri, Stefano Ferrucci, Ioannis Konstantakos, Maria Kythreotou, Myrto Aloumpi, Noboru SATO, Nick Fisher, Paulo Martins, Vasileios Liotsakis, and Maria Youni

This conference aims to shed new light on the capacity of rhetoric, as used in Greek and Roman pr... more This conference aims to shed new light on the capacity of rhetoric, as used in Greek and Roman prose (mainly oratory and historiography) and poetry (mainly in tragedy and comedy), to promote either bonding and affiliation or distancing and division between the speaker and the audience. From the ancient Greco-Roman courts and assemblies to today’s political discourse, rhetoric is inherently divisive. It focuses on appealing to core groups and defining oneself against others.

In his sturdy book, A Rhetoric of Motives, Kenneth Burke argues that a fundamental purpose of rhetoric is identification: a speaker gives signs to the audience, mainly through language, indicating that his “properties” are the same or similar to those of the audience, thereby affirming a community with the audience and forging proximity. This is what Burke calls “consubstantiality” – the sharing of substance between two individuals – a process that ends in persuasion. Rhetoric also has the capacity to generate division or prolong hostility, persuading the audience by setting up people, matters or ideas as antithetical to the listeners. Rhetoric, in other words, creates a community: a conscious, psychological attachment to a group and the belief that this group has shared interests that are, in turn, at odds with those of other groups that may be constructed or implied by the speaker. Psychological and social studies indicate that the activation of group attitudes and identities and inter-group relations – in-group solidarity and out-group hostility – have a huge effect on the behaviours and attitudes in target audiences (e.g. Miller et al. 1981; Conover 1984; Lau 1989; Huddy 2003).

The techniques of unity and division in respect to rhetoric have been widely studied in classical scholarship, but only in a fragmentary way: there is no single, systematic and comprehensive study of these techniques. This gives scope for further research since there are several open questions: what forms does the rhetoric of identification take in Greek and Roman prose and poetry? What do these forms tell us about the speaker’s purpose, and how does he exploit them to the best rhetorical effect? What sources do we have about the reaction of the audience? How much difference does the nature of the speeches – forensic, deliberative and epideictic – make in the exploitation of the rhetoric of community and division?

Topics may include, but are not limited to considerations of:
a. language;
b. emotions;
c. performance;
d. memory;
e. humour theory;
f. gender-based approaches;
g. religion;
h. narrative, argumentation, ēthopoiia and other techniques that reinforce affiliation/ disaffiliation to groups.

Research paper thumbnail of A transmutação de Cíntia e seu valor poético e ético e sua impossível tradução.pdf

As metamorfoses do ethos de Cynthia

Research paper thumbnail of Imagines romanas: cultura e poder

Research paper thumbnail of Ekphrasis and Augustan Elegy (Key Note)

Research paper thumbnail of Constructing Cicero

Research paper thumbnail of The Augustan Elegy and Ekphrasis

Research paper thumbnail of Écfrase, digressão e elegia: uma nova recepção do segundo livro de Propércio

Research paper thumbnail of Odisseia, 7.79-135: uma ékphrasis

Research paper thumbnail of O que veem os romanos de si mesmos

Research paper thumbnail of Catulo 65: um programa poético

Research paper thumbnail of Reflexões sobre a observação e a análise de imagines da Antiguidade Clássica

Research paper thumbnail of Imortalidade e culto imperial: arte plástica sob Otávio Augusto

Estátuas na Religião Romana, 2020

This chapter argues that the process of constitution of the imperial cult in the principate of Oc... more This chapter argues that the process of constitution of the imperial cult in the principate of Octavius Augustus is one of the causes of a change in sculptural portraiture that takes place mainly in the Roman domus. Its key point is that the validation of the imperial cult lies in the association between Augustus’ image and ideas of immortality and youth. In this way, “the new style of the Augustan age” is nothing more than to represent someone by combining perfect parts in order to produce an excellent whole. I call this portraiture type “simulacrum art”, which is exactly like the art of divine figuration. From a political perspective, Augustus had the images that emphasised his youthful vigour restricted to the private sphere, whereas in the public sphere he was acclaimed as pater patriae, which is an obvious appropriation of the title pater familias in the private sphere.

Research paper thumbnail of Dos Eikones, uma visão

Filóstrato, 2020

Durante o período da denominada Segunda Sofística, a elite grega, sob domínio romano, desenvolveu... more Durante o período da denominada Segunda Sofística, a elite grega, sob domínio romano, desenvolveu um complexo projeto de expansão cultural do helenismo conhecido como paideia. Seu objetivo era, afinal, a legitimação do poder dessas elites, sua valorização frente a uma condição política adversa de dominação. O papel da écfrase nesse processo é bastante valorizado, visto que, pela exploração de referências, figuras, mitos e lugares comuns, compõe a teia de significados que se articulam para formar essa cultura helênica que se espalha pelo Império Romano.

Research paper thumbnail of Imortalidade e Culto Imperial: Arte Plástica sob Otávio Augusto (Immortality and Imperial Cult: Visual Arts on Octavius Augustus)

Roman Statues , 2020

This chapter argues that the process of constitution of the imperial cult in the principate of O... more This chapter argues that the process of constitution of the imperial cult in the principate of Octavius Augustus (31 BCE-14 CE) is one of the causes of a change in Roman sculptural portraiture that takes place mainly in the Roman domus. My point is that the validation of the imperial cult lies in the association between Augustus' image and ideas of immortality and youth. In this way, "the new style of the Augustan age" (Zanker 1990, 79-100) is nothing more than to represent someone by combining perfect parts in order to produce an excellent whole. I call this portraiture type "simulacrum art", which is exactly like the art of divine figuration. From a political perspective, Augustus had the images that emphasised his youthful vigour restricted to the private sphere, whereas in the public sphere he was acclaimed as pater patriae, which is an obvious appropriation of the title pater familias in the private sphere.

Research paper thumbnail of A new perspective on the post mortem image of Augustus. Portraiture, Poetry, and Cultural Memory

Research paper thumbnail of 03 Letra & Arte 6_ Propércio_Paulo Martins_rev2.pdf

Algumas elegias do ciclo de Cíntia

Research paper thumbnail of Uma visão perigemática sobre a écfrase - A periegematic gaze on ekphrasis

Resumo Opero neste artigo três objetivos. Primeiramente, ofereço um panorama sobre a teorização a... more Resumo Opero neste artigo três objetivos. Primeiramente, ofereço um panorama sobre a teorização antiga e moderna da écfrase, apresentando elementos que a caracterizam como procedimento retórico-poético a serviço da elocução e da argumentação, ou modernamente a serviço da descrição de uma obra artística – Kunstbeschreibung. Em segundo lugar, apresento como as écfrases, em seu matiz antigo, podem ser apresentadas ora como um elemento da narração que a contém como narrativa – interventive ekphrasis de acordo com Elsner (2002) –, operando especificidades intrínsecas como procedimento contido num gênero continente e a ele subordinado; ora como essas podem apresentar características extrínsecas, como gênero independente, autônomo e isolado em que não estão sujeitas à subordinação argumentativa ou figurativa do gênero, já que são self-standing. O terceiro objetivo, corolário dos dois iniciais, é extrair da observação desses dois tipos de écfrase aquela que serve a um gênero – a que chamo hipotática – e aquela que pode ser entendida como gênero – a que nomeio como paratática –, como suas séries históricas, dependentes de um gênero que as contenha, ou dele independentes, engendram sentidos que podem ser articulados e aferidos a partir de um todo unificador que pode ser, por exemplo, a série de escudos (Homero, Hesíodo, Virgílio, Sílio Itálico) ou a série de descrições presentes numa coleção de écfrases, imagines ou εἰκόνες, (de Filóstrato, o velho e o jovem, e Calístrato) que devem ser observadas em conjunto a formar um todo. Em ambos os casos, uma τάξις ou ordo, acredito, imprime às peças particulares sentidos advindos de uma sintaxe " extra ou intragenérica " , que lhes confere sentido próprio.

Research paper thumbnail of A mulher como poesia

Congresso da ABRALIC, 2019

Minha fala hoje remete ao ano de 1979 quando ainda adolescente ouvia na vitrola o LP Cinema Trans... more Minha fala hoje remete ao ano de 1979 quando ainda adolescente ouvia na vitrola o LP Cinema Transcendental de Caetano Veloso. Mais especificamente a faixa “Elegia”, um bolerinho, criado por Péricles Cavalcante em parceria com um tal de John Donne, traduzido por outro tal de Augusto de Campos. Obviamente um menino de 17 anos não deveria ter a obrigação que a elegia é um gênero poético, tampouco que Donne era um poeta metafísico inglês do 17 e que Augusto de Campos era um poeta e crítico literário ligado ao concretismo.

Research paper thumbnail of International Colloquium Statues in Roman Religion/Colóquio Internacional Estátuas na Religião Romana

We are pleased to announce the International Colloquium Statues in Roman Religion, held by Univer... more We are pleased to announce the International Colloquium Statues in Roman Religion, held by Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro- UNIRIO, Brazil, and Newcastle University, UK, with the support of the British Academy (Newton Advanced International Fellowship programme).
The Colloquium will take place at the Auditorium of the Museu Histórico Nacional, MHN, Praça Marechal Câmara, s/n, Centro, Rio (http://mhn.museus.gov.br/). All welcome!

Research paper thumbnail of Écfrase UFRJ.pdf

Minicurso a ser ministrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro

Research paper thumbnail of Estudos Clássicos em Dia #3 - Elegia Latina I

Elegia Latina I, 2019

Série de vídeos onde especialistas debatem a Antiguidade Greco-Latina, observando essa cultura co... more Série de vídeos onde especialistas debatem a Antiguidade Greco-Latina, observando essa cultura com os nossos olhos e sua influência nos dias de hoje.
Neste programa especificamente trabalham-se generalidades acerca da elegia amorosa romana.