História Do Algarve Research Papers (original) (raw)

This article focuses on the New Christian community that existed in Tavira, the major Algarvian city of the mid-sixteenth century. Its trade networks connected it to the French, English, and Flemish seaports, as well as to the Moroccan... more

This article focuses on the New Christian community that existed in Tavira, the major Algarvian city of the mid-sixteenth century. Its trade networks connected it to the French, English, and Flemish seaports, as well as to the Moroccan Sephardim. Knowledge about non-Catholic religions reached the Taviran New Christians from both ends of their trade route; and their beliefs and practices evidence a complex culture, including crypto-Jewish rituals, clandestine Bible readings, messianic expectations aroused by the Protestant Reformation, the infiltration of Moroccan Jewish traditions, and calls for Church reform among local Old Christians. Testimony from the Lisbon Inquisition, which destroyed this community in 1563-1567, is completed by the "Marrakesh Dialogues," a polemical Jewish work written in Spanish by Estêvão Dias, a Taviran exile in Antwerp. These new sources will help to place this local community in its larger European and African framework.

Apresentação feita no âmbito do ciclo de webinares "Em Torno do Turismo", promovido pelos curso profissional de Técnico de Turismo, do Agrupamento de Escolas de Condeixa. Centra-se nas transformações que ocorreram no Algarve ao longo do... more

Apresentação feita no âmbito do ciclo de webinares "Em Torno do Turismo", promovido pelos curso profissional de Técnico de Turismo, do Agrupamento de Escolas de Condeixa.
Centra-se nas transformações que ocorreram no Algarve ao longo do século XX e na centralidade da atividade turística na região. Desde as propostas do Congresso Regional Algarvio de 1915 à explosão do Turismo nos anos 60 e 70, passando pela publicidade, pelos núcleos iniciais, até aos alojamentos turísticos na região na transição do século XX para XXI.

Tavira, em desenvolvimento económico, desde a Reconquista, beneficia da posição geoestratégica em relação às praças conquistadas em Marrocos, desde 1415, o que contribui para o apogeu do porto no séc. XVI. A criação de estaleiros navais... more

Tavira, em desenvolvimento económico, desde a Reconquista, beneficia da posição geoestratégica em relação às praças conquistadas em Marrocos, desde 1415, o que contribui para o apogeu do porto no séc. XVI. A criação de estaleiros navais atrai mão-de-obra qualificada, que participa na construção de casas nobres, destinadas às classes interessadas nas rotas comerciais levando à expansão urbana da cidade.
Os telhados de tesouro associados à arquitetura civil praticada entre os séc. XV/XVI no Algarve, registam em Tavira a maior incidência. Construtivamente assentam nas paredes-mestras de cada compartimento do edifício e diferem das tesouras tradicionais, pela posição da linha a um terço da altura do vão a cobrir. Adicionam-se-lhe qualidades que ampliam o conforto térmico no interior da habitação, com a concentração de ar quente no topo da cobertura que se traduz em espaços mais frescos, que denunciam o original aparecimento destas coberturas tão inclinadas numa região do sul do país.

Em 2011 ficaram concluídas as obras de requalificação do mosteiro de São Bernardo de Tavira, na Atalaia, o qual se achava há décadas votado ao abandono e já em avançado estado de degradação. O complexo edificado, originalmente habitado... more

Em 2011 ficaram concluídas as obras de requalificação do mosteiro de São Bernardo de Tavira, na Atalaia, o qual se achava há décadas votado ao abandono e já em avançado estado de degradação. O complexo edificado, originalmente habitado por monjas da Ordem de Cister, fora fundado no início do século XVI, compulsivamente desocupado no século XIX (na sequência da extinção das Ordens religiosas decretada em 1834), vendido em hasta pública, transformado em fábrica de panificação e, finalmente, abandonado. Apesar de não estar isento de críticas, o projecto de requalificação, da autoria do arquitecto Eduardo Souto Moura, e que foi inclusive galardoado com o Prémio de Reabilitação 2012, teve o mérito de evitar a total ruína da estrutura e de lhe atribuir uma nova valência funcional. Enquanto decorriam as obras de requalificação do antigo complexo religioso, e sobretudo depois da conclusão das mesmas, muitos levantaram a voz contra o projecto. Criticaram-se (de modo mais ou menos fundamentado) as novas funções do imóvel, as ampliações levadas a cabo na estrutura e até a cor com que foi pintado o edifício. Curiosamente, menos audíveis foram os protestos contra o inexplicável facto de, na sequência da requalificação, o antigo Mosteiro de São Bernardo ter passado a ser oficialmente denominado como "Convento das Bernardas". O problema é que a Casa em questão nunca foi um convento mas sim um mosteiro. Atribuir a designação de convento ao antigo mosteiro foi a derradeira desconsideração para com os seus cinco séculos de história. De facto, é preciso sublinhar, o termo convento não é sinónimo de mosteiro e a Casa em questão, enquanto morada de monjas cistercienses, nunca foi convento. Mas qual é, afinal, a diferença entre um convento e um mosteiro? A classificação

Como em qualquer grande cidade, a história de Faro é indissociável das atividades económicas que, ao longo dos séculos, fizeram a sua riqueza e garantiram, não apenas a sobrevivência, mas, também, a prosperidade dos seus habitantes.... more

Como em qualquer grande cidade, a história de Faro é indissociável das atividades económicas que, ao longo dos séculos, fizeram a sua riqueza e garantiram, não apenas a sobrevivência, mas, também, a prosperidade dos seus habitantes. Contudo, a dinâmica económica e social de um país e das suas cidades está diretamente relacionada com os regimes políticos e as lideranças que marcam determinados períodos e, também, com catástrofes naturais, guerras e epidemias. De tudo isto trata esta Breve História Socioeconómica de Faro, uma obra que revisita os grandes acontecimentos da história farense, mas também alguns episódios que, embora pouco conhecidos, não deixam de ser fascinantes. O nosso objetivo é claro: estimular nos fregueses (e alguns visitantes) o interesse pela história da capital do Algarve, contribuindo, deste modo, para um aprofundamento da sua cidadania.

António Rosa Mendes foi um cidadão exemplar, que soube granjear o respeito dos seus conterrâneos e a admiração dos seus colegas e alunos. Acima de tudo foi um homem íntegro, com um forte caráter e de princípios éticos que serviram de... more

António Rosa Mendes foi um cidadão exemplar, que soube granjear o respeito dos seus conterrâneos e a admiração dos seus colegas e alunos. Acima de tudo foi um homem íntegro, com um forte caráter e de princípios éticos que serviram de exemplo a todos os que o conheceram ou com ele conviveram. Como humanista e homem de cultura, deixou uma vincada imagem de erudição, atestada na vasta obra legada em livro, mas também nas conferências que pronunciou e nos congressos e colóquios, nacionais e internacionais, em que participou. Deixou-nos na memória a recordação do académico competente e do historiador proficiente, do jurista impoluto e do editor mecenas. Mas também guardamos dele o acrisolado amor regionalista e a convicção algarviísta que a todos compete imitar.
Este texto foi escrito pouco depois do falecimento do meu colega e amigo António Rosa Mendes, debaixo do choque do seu prematuro desaparecimento.

A estátua dedicada ao rei D. Afonso III (1248-1279) é apenas um dos ele-mentos de estatuária que atualmente se acham dispersos pelas ruas de Faro. Contudo o facto de ser uma estátua de corpo inteiro, as suas dimensões e particularmente o... more

A estátua dedicada ao rei D. Afonso III (1248-1279) é apenas um dos ele-mentos de estatuária que atualmente se acham dispersos pelas ruas de Faro. Contudo o facto de ser uma estátua de corpo inteiro, as suas dimensões e particularmente o modo como se decidiu a sua execução, foi feita a enco-menda e escolhido o seu local de implantação tornam esta peça distinta das demais existentes na cidade. São essas circunstâncias de certo modo pecu-liares que se procurará enumerar e explanar nos parágrafos que se seguem. Introdução Decorridos que são mais de 130 anos após a inauguração daquele que terá sido o primeiro monumento público da época contemporânea da capital algarvia, o busto do Dr. Constantino Cúmano (c.1811-c.1866) (hoje exposto no claustro do antigo convento de Nossa Senhora da Assunção), a cidade de Faro dispõe de um vasto conjunto de monumentos maioritaria-mente constituído por bustos, assentes sobre distintos modelos de pedes-tais, medalhões com efígies dos homenageados, mas também um obelisco de cantaria, padrões e um par de estátuas de corpo inteiro, a que se dedi-cou à figura de D. Afonso III e constituiu o objeto do presente texto e a do

O presente texto, quase exclusivamente baseado em informação inédita recolhida em arquivo, tem como objeto de estudo a figura de Francisco de Sousa Caeiro, indivíduo nascido em 1572 (no seio de uma família com raízes profundas e antigas... more

O presente texto, quase exclusivamente baseado em informação inédita recolhida em arquivo, tem como objeto de estudo a figura de Francisco de Sousa Caeiro, indivíduo nascido em 1572 (no seio de uma família com raízes profundas e antigas em Loulé) e que, nas primeiras décadas do século XVII, desempenhou as funções de alcaide da vara e de sobrerrolda na povoação algarvia. Apesar de se tratar de uma personagem desconhecida da historiografia, até a nível local, a verdade é que há um volume muito considerável de documentação, atualmente dispersa pelo Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT), o Arquivo Distrital de Faro (ADF)1 e o Arquivo Municipal de Loulé (AMLLE), a respeito deste louletano. É através desses documentos, nos quais se incluem registos de batismo, casamento e óbito, mas também cartas de transação de bens, cartas de perdão, dotes de casamento ou termos de eleição, que foi possível reconstituir os traços genéricos da sua biografia e, por essa via, vislumbrar aspetos menos conhecidos
da sociedade louletana do início de Seiscentos.

Olhão, no que respeita aos elementos aquitectónicos das suas casas de alvenaria mais primitivas, constitui um caso único no panorama algarvio: é popularmente conhecida como "vila cubista" e é também inúmeras vezes recordada pelas suas... more

Olhão, no que respeita aos elementos aquitectónicos das suas casas de alvenaria mais primitivas, constitui um caso único no panorama algarvio: é popularmente conhecida como "vila cubista" e é também inúmeras vezes recordada pelas suas açoteias, mirantes e contramirantes, que levaram diversos autores a colocarem variadas hipóteses acerca da sua origem. De entre essas hipóteses, a principal sempre foi tentar compreender se os sistemas construtivos das típicas casas olhanenses resultam da herança islâmica na região ou se, por outro lado, de uma influência moderna do Oriente.

Este guia oferece ao visitante uma síntese do património religioso de Tavira, sendo de realçar a riqueza artística acumulada nestas igrejas, a pluralidade de estilos, disciplinas e artistas que nelas se encontram. A qualidade dos... more

Este guia oferece ao visitante uma síntese do património religioso de Tavira, sendo de realçar a riqueza artística acumulada nestas igrejas, a pluralidade de estilos, disciplinas e artistas que nelas se encontram. A qualidade dos vestígios góticos e manuelinos da matriz de Santa Maria ou do antigo convento de São Francisco, a elegância do renascimento na Misericórdia do mestre André Pilarte, a força do “estilo chão” nas igrejas de São Paulo ou da Graça ou ainda a exuberância dos espaços barrocos do Carmo ou de São José, definem em conjunto, nestes ou noutros templos da cidade, todo um percurso sugestivo da arte portuguesa com importante significado para a história da cidade e da região.

Resumo: A prática conserveira foi uma das mais importantes indústrias, bem como uma das maiores fontes de riqueza, em Portugal, no séc. XX. Na região do Algarve, esta foi dinamizadora e relevante a vários níveis, sendo que a instalação da... more

Este Guia Fotográfico procura retratar a cidade de Faro e o seu património, onde cada imagem pretende falar por si e reproduzir realidades numa simbiose entre o Homem e a máquina fotográfica. São fotografias simples, sem a preocupação de... more

Este Guia Fotográfico procura retratar a cidade de Faro e o seu património, onde cada imagem pretende falar por si e reproduzir realidades numa simbiose entre o Homem e a máquina fotográfica. São fotografias simples, sem a preocupação de obter um cunho artístico vincado, tendo como objetivo registar aspetos do que existe na nossa cidade e que, por vezes, nos escapa ao olhar.
Esta publicação, bilingue (português e inglês), para além das fotografias tem textos explicativos dos monumentos e edifícios mais emblemáticos da cidade.

Apresentação dos resultados das intervenções invasivas e das prospeções não invasivas realizadas desde 2017 no Cerro do Castelo de Alferce (Monchique), que proporcionaram um melhor entendimento sobre as características deste sítio... more

Apresentação dos resultados das intervenções invasivas e das prospeções não invasivas realizadas desde 2017 no Cerro do Castelo de Alferce (Monchique), que proporcionaram um melhor entendimento sobre as características deste sítio arqueológico. Os trabalhos incidiram sobretudo onde subsistem as ruínas de uma fortificação islâmica que se sobrepõe a vestígios anteriores e na plataforma que contém vestígios enquadráveis na Pré-história Recente. Os dados coligidos indicam que este arqueossítio é maior do que se julgava até então e que o seu subsolo encerra ainda várias estruturas arqueológicas.

De um modo geral, subsistem hoje em dia poucos vestígios arqueológicos e artísticos da presença judaica em território nacional, não obstante a importância que essa comunidade terá assumido na sociedade portuguesa desde a fundação da... more

De um modo geral, subsistem hoje em dia poucos vestígios arqueológicos e artísticos da presença judaica em território nacional, não obstante a importância que essa comunidade terá assumido na sociedade portuguesa desde a fundação da nacionalidade. Essa manifesta falta de testemunhos materiais terá resultado sobretudo das violentas perseguições religiosas levadas a cabo nos séculos XVI, XVII e XVIII e que motivaram a destruição sistemática de tudo o que se pudesse associar à cultura judaica. Tal como sucede no resto do país, também na região algarvia existem poucos vestígios físicos da presença de comunidades judaicas em contexto Medieval ou Moderno. Não obstante, a verdade é que nas últimas décadas foram identificadas no Algarve, em contexto arqueológico, algumas peças invulgares e de enorme importância para o estudo da presença judaica em Portugal. Ainda que os vestígios arqueológicos sejam escassos, a presença das comunidades judaicas na região algarvia é abundantemente atestada pela documentação de arquivo e até pela toponímia. De facto, há inúmeros documentos do período medieval (sobretudo livros da Chancelaria régia) que dão conta da concessão de cargos e privilégios a judeus algarvios e da existência de judiarias nos principais núcleos populacionais da região, designadamente em Silves, Tavira, Faro, Loulé, Lagos, Portimão, Alvor, Castro Marim e Alcoutim. Já no que respeita à toponímia, os testemunhos mais óbvios da presença judaica encontram-se em topónimos tais como Malhada do Judeu e Sinagoga (Tavira), Vale Judeu (Loulé), Fonte do Judeu Morto (Castro Marim) ou Monte Judeu (Lagos). Ainda nesse âmbito, importará igualmente recordar que o primeiro livro produzido em Portugal foi o Pentateuco (obra constituída pelos primeiros cinco livros da Bíblia hebraica) impresso em Faro, na oficina do judeu Samuel Gacon. Não há dúvida, portanto, que durante séculos o Algarve terá acolhido uma importante comunidade judaica. Contudo, essa realidade muda radicalmente a partir de 1496, data em que se publica o édito de expulsão dos judeus e se apresentam aos judeus portugueses duas hipóteses: ou se convertiam à religião cristã ou abandonavam o Reino. Os judeus que aceitam converter-se são autorizados a permanecer no país mas passam a ser vexatoriamente intitulados como cristãos-novos, por oposição aos cristãos-velhos. Com a posterior introdução do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição, em 1536, a sociedade portuguesa torna-se progressivamente mais intolerante face à comunidade de ascendência judaica. Apoiado numa extensa rede de informantes, os designados Familiares do Santo Ofício, o Tribunal da Inquisição vai implacavelmente controlar as comunidades em busca de indícios ou suspeitas de práticas judaizantes. O Algarve, como é óbvio, não será exceção. Prova disso é que na Torre do Tombo se guardam dezenas de processos do Santo Ofício de indivíduos

As Cortes em Portugal, tiveram a sua origem nas cúrias régias extraordinárias e terão surgido por volta do ano de 1254. Nesse ano, D. Afonso III terá convocado as Cortes de Leiria incluindo os representantes dos concelhos como seus... more

As Cortes em Portugal, tiveram a sua origem nas cúrias régias extraordinárias e terão surgido por volta do ano de 1254. Nesse ano, D. Afonso III terá convocado as Cortes de Leiria incluindo os representantes dos concelhos como seus membros efetivos, dando assim reconhecimento público ao Poder Local.
Apesar de partilhar semelhanças com as cortes de Leão e Castela, as Cortes portuguesas deram maior capacidade deliberativa aos seus “deputados” e os seus municípios tiveram maior representação.
Eram reuniões de carácter não periódico, de duração variável e sem local fixo, convocadas pelo Rei ou regente, onde estavam representados os três estados da Nação (clero, nobreza e povo). A presença do Povo, através de procuradores, era essencial para que a reunião fosse considerada como Cortes, até porque os restantes estados tinham mais oportunidades para se reunirem com o Rei, ao contrário do povo. Nas Cortes Portuguesas estavam estabelecidos três níveis de representação em termos de capítulos: os capítulos gerais, apresentados pelo Povo , os capítulos especiais regionais, e os especiais de cada um dos concelhos.
Eram convocadas por motivos diversos, para a concessão de empréstimos ao Rei, realização de reformas gerais, votação de guerra e paz, entre outras funções de carácter legislativo, técnico e político.
As Cortes operavam em sessões ordinárias normalmente, antecedidas por uma sessão solene, onde era proferido um discurso de abertura e de igual modo eram enumerados os motivos pelos quais estas cortes teriam sido convocadas. Os três Estados reuniam-se em separado uns dos outros, culminando o trabalho destes com a apresentação ao monarca das suas petições, queixas ou agravos, que lhes daria resposta á posteríori. Não havia limite estabelecido para a duração dos trabalhos, estes decorriam enquanto fosse necessário até que terminassem os assuntos a discutir.
Alguns historiadores, nomeadamente Armindo de Sousa, consideram as Cortes como um órgão parlamentar. Inclusive, este mesmo autor, no seu trabalho sobre as Cortes Medievais Portuguesas (1385–1490) recorre várias vezes á terminologia de parlamento para se referir à assembleia dos três estados e de parlamentares quando se refere aos membros que nela têm assento.

Tavira tem de tudo. Tem uma história longa que inclui ruínas fenícias, um castelo elevado e telhados inclinados. Tem ruas antigas e bastantes igrejas – mais do que qualquer outra cidade algarvia –, traços arquitetónicos característicos e... more

Tavira tem de tudo. Tem uma história longa que inclui ruínas fenícias, um castelo elevado e telhados inclinados. Tem ruas antigas e bastantes igrejas – mais do que qualquer outra cidade algarvia –, traços arquitetónicos característicos e lendas de mouras encantadas. Se há cidade no Algarve com excecional atratividade é Tavira. No entanto, de olhos no rio que a corta ao meio, poucas coisas a representam melhor que a distinta silhueta da sua ponte antiga, por muitos reconhecida como ex-líbris da cidade. Juntamente com o rio e o castelo, a ponte é a chave para a compreensão de Tavira, dominando inclusive a heráldica e a simbologia local ao longo dos tempos.

Foros e filhamentos da Casa Real de gente de guerra oriunda do Algarve e passada a Marrocos.

O suplício e a humilhação pública infligidos a Felipa de Sousa, pelo horrendo Tribunal do Santo Ofício, não podem ser esquecidos, merecendo ser sempre rememorado como algo que avilta e indigna a liberdade de género, que oblitera a opção... more

O suplício e a humilhação pública infligidos a Felipa de Sousa, pelo horrendo Tribunal do Santo Ofício, não podem ser esquecidos, merecendo ser sempre rememorado como algo que avilta e indigna a liberdade de género, que oblitera a opção sexual, que agride a tolerância e impede a integração social, que, em suma, impossibilita o direito à diferença. Foi através do sacrifício de muitas mulheres que, como Felipa de Sousa, sofreram a opressão sexista e foram ostracizadas ou estigmatizadas devido às suas opções sexuais, que as mentalidades avançaram no sentido da tolerância, da integração e do reformismo no mundo. Felizmente, na civilização ocidental o processo histórico avançou no sentido da conquista das liberdades e direitos individuais – desde a luta do sufragismo e do feminismo até à igualdade plena de género. Todavia, é de todos sabido que ainda existem por esse mundo muitas centenas de milhões de mulheres, que se sentem privadas da sua liberdade sexual e da sua opção de género. É para essas mulheres, que nunca puderam revelar o seu desejo nem expressar livremente a sua preferência sexual, que escrevi este artigo, personificando na memória de Felipa de Sousa, uma homenagem a todas as mulheres dos cinco continentes que ainda não desfrutam do direito de poderem expressar livremente as suas afeições, as suas preferências sexuais e o livre arbítrio no amor. A 18 de Dezembro de 1591, em Salvador da Bahia – uma das mais ricas e mais prósperas cidades do Brasil –, os esbirros da Inquisição após persistente interrogatório, conseguiram obter da cristã-velha, Paula de Siqueira, de 38 anos de idade, a denúncia de haver praticado o “abominável pecado nefando” da «sodomia foeminarum», isto é, o sacrilégio da contranatura, com uma mulher de 35 anos, chamada Felipa de Sousa, natural de Tavira, no reino do Algarve. Deste modo, tão imprevisto quanto surpreendente, emergiu ao conhecimento público o primeiro caso de perseguição sexual e de condenação da prática de lesbianismo pelo Tribunal do Santo Ofício em terras de Vera Cruz. A singularidade deste tipo de flagício herético, o modo como o processo foi dirimido pelo Inquisidor, e sobretudo o facto da principal vítima ser uma mulher algarvia, de quem se ignorava a própria existência, mas que é hoje um símbolo universal da liberdade de género e da opção sexual, levou-me a escrever este trabalho, não apenas por curiosidade académica, mas também por solidariedade com os que sofrem a exclusão, o opróbrio e o estigma da diferença.

Identificados documentos que referem Cristóvão de Mendonça como comendador da vila de Arenilha, procurámos estabelecer a relação entre este donatário e o célebre capitão das armadas da Índia incumbido de descobrir a Ilha do Ouro e que... more

Identificados documentos que referem Cristóvão de Mendonça como comendador da vila de Arenilha, procurámos estabelecer a relação entre este donatário e o célebre capitão das armadas da Índia incumbido de descobrir a Ilha do Ouro e que mais tarde se veio a tornar capitão de Ormuz. Com o objectivo de perceber se estaríamos perante o mesmo indivíduo, o que constituiria uma importante novidade em relação ao nosso conhecimento acerca deste navegador, procurámos seguir uma metodologia de trabalho que passasse por reconstituir o percurso deste capitão até ao momento em que Cristóvão de Mendonça aparece referido como comendador da antiga comenda quinhentista localiza-da na foz do Guadiana...

A situação económica da agricultura algarvia foi sempre deficitária, mercê dos baixos índices de produtividade e de rendimento, suscitados pela desigual distribuição social da propriedade, pelo baixo investimento financeiro e pelo atraso... more

A situação económica da agricultura algarvia foi sempre deficitária, mercê dos baixos índices de produtividade e de rendimento, suscitados pela desigual distribuição social da propriedade, pelo baixo investimento financeiro e pelo atraso científico-tecnológico, que – desde o período de reestruturação político-económica levado a cabo nos finais do séc. XVIII pelo consulado pombalino – dependia da reformulação de novas estratégias para a potencialização dos recursos endógenos. Além disso, os factores naturais de dinamismo energético, como a amenidade climática, os recursos hídricos e a fertilidade dos solos, só foram aproveitados na vigência do Liberalismo, e com especial acuidade no declinar de Oitocentos. Acrescente-se, por fim, que o sector dependia de factores extrínsecos, como a estrutura social da terra, a educação agrícola, o investimento integrado e as leis de mercado, entre outros elementos de fomento ou de desagregação do sector. Por outro lado, vemos que essa dualidade se distribuía numa geo-economia do espaço entre a beira-mar e as terras altas da serra algarvia.

Num ano em que passam exactamente 580 anos sobre um dos episó-dios mais negros da História da Expansão Portuguesa, o célebre desastre de Tânger de 1437, torna-se pertinente recordarmos que a gesta marroquina também foi feita de grandes... more

Num ano em que passam exactamente 580 anos sobre um dos episó-dios mais negros da História da Expansão Portuguesa, o célebre desastre de Tânger de 1437, torna-se pertinente recordarmos que a gesta marroquina também foi feita de grandes feitos de armas, façanhas militares protagonizadas por capitães como Nuno Fernandes de Ataíde, "o que nunca está quedo" , um dos mais valorosos capitães da História da Expansão Portuguesa em Marrocos. É nesse sentido que o presente artigo pretende apresentar, ainda que em traços gerais, o percurso deste insigne cavaleiro, desde a sua juventude até 1513, ano em que lhe foi atribuída a mercê definitiva da capitania e governo da cidade de Safim. Por outras palavras, os resultados preliminares da dissertação para doutoramento que nos encontramos a preparar para apresentar à Universidade de Huelva e que tem por título "Nuno Fernandes de Ataíde, o que nunca está quedo - A acção do capitão de Safim no apogeu da presença militar portuguesa em Marrocos".

Desde sempre que a temática em torno da pirataria tem suscitado interesse por parte de investigadores, académicos e público em geral. Para tal, em muito têm contribuído a literatura e o cinema, com a criação de argumentos românticos ou... more

Desde sempre que a temática em torno da pirataria tem suscitado interesse por parte de investigadores, académicos e público em geral. Para tal, em muito têm contribuído a literatura e o cinema, com a criação de argumentos românticos ou com a recriação de episódios resgatados aos baús da memória. No que respeita ao Algarve, ficaram célebres inúmeros ataques do corso e da pirataria, nomeadamente, o ataque de Sir Francis Drake a Sagres, em 1587, ou o ataque do Conde de Essex a Faro, em 1596. Porém, muitos mais tiveram lugar num Algarve que, com o advento da Expansão e dos Descobrimentos, assistiu a um crescente incremento do tráfego marítimo desde os inícios do séc. XV. Com efeito, a conquista e ocupação portuguesa dos Algarves de Além-mar provocou uma contra-reacção magrebina, materializada não só em ataques às praças portuguesas do Norte de África, como também em frequentes assaltos às costas de todo o sudoeste peninsular, principalmente, a partir de inícios do séc. XVI, altura em que se começou a fazer sentir de forma mais consistente nas costas do Algarve e da Andaluzia. É exactamente nos inícios da centúria quinhentista, mais precisamente em 1513, que a vila de Arenilha foi fundada...

Neste curto texto apresentam-se algumas considerações preliminares sobre a relação entre o Património Arqueológico e o Turismo no Algarve, colocando especial ênfase na oferta já existente (que se pode estruturar em três grandes blocos... more

Neste curto texto apresentam-se algumas considerações preliminares sobre a relação entre o Património Arqueológico e o Turismo no Algarve, colocando especial ênfase na oferta já existente (que se pode estruturar em três grandes blocos temáticos: património arqueológico pré-histórico, romano e medieval / moderno) e nas dificuldades e potencialidades de desenvolvimento que a região ostenta a este nível. Entre as primeiras salientam-se a desarticulação da oferta e a inexistência de critérios uniformes de valorização e apresentação. As potencialidades radicam, por seu lado, entre outros aspetos, na interligação com o Património Natural e a Gastronomia tradicional (vertente crucial, sobretudo desde a recente classificação da Dieta Mediterrânea como Património da Humanidade pela UNESCO).