Euclides da Cunha Research Papers (original) (raw)

Vencedora do Prêmio Esso de Jornalismo, reportagem especial marcando os 100 anos da morte de Euclides da Cunha traz uma miríade de sertanejas e sertanejos que mostram a complexidade e diversidade da região. A jornalista Fabiana Moraes... more

Vencedora do Prêmio Esso de Jornalismo, reportagem especial marcando os 100 anos da morte de Euclides da Cunha traz uma miríade de sertanejas e sertanejos que mostram a complexidade e diversidade da região. A jornalista Fabiana Moraes visitou Alagoas, Bahia, Ceará e Pernambuco e encontrou padres, vaqueiras, travestis, "pirateadores", políticos, etc.

RESUMO: Tendo como ponto de partida a posse de Afrânio Peixoto (1876-1947) na Academia Brasileira de Letras, em sucessão a Euclides da Cunha (1866-1909), o objetivo deste artigo é entender como o debate sobre o sertão e os sertanejos... more

RESUMO: Tendo como ponto de partida a posse de Afrânio Peixoto (1876-1947) na Academia Brasileira de Letras, em sucessão a Euclides da Cunha (1866-1909), o objetivo deste artigo é entender como o debate sobre o sertão e os sertanejos mobilizou os intelectuais brasileiros a partir da publicação da obra Os Sertões, de Euclides da Cunha. De forma mais específica, nosso interesse é entender como Afrânio Peixoto, um médico e escritor nascido e identificado com o sertão baiano, se apropria da obra e das representações de Euclides da Cunha para se projetar entre os intelectuais brasileiro no início do século XX, sobretudo no concorrido espaço da Academia Brasileira de Letras. Deste modo, o presente artigo busca analisar as aproximações e distanciamentos de Afrânio Peixoto em relação a Euclides Cunha, seja no que tange as leituras e interpretação sobre o sertão, seja na descrição de suas personalidades ou de suas identidades intelectuais. ABSTRACT: The objective of this article is to understand how the debate about the construction of images and representations about the backlands and the 'sertanejos' mobilized the Brazilian intellectuals around the publication of the book Os Sertões, by Euclides da Cunha. More specifically, our interest is to understand how Afrânio Peixoto (1876-1947), a physician and writer born and identified with the Bahian backlands, appropriates the work and representations of Euclides da Cunha to project himself among Brazilian intellectuals in the early 20th century, especially in the space of the Brazilian Academy of Letters. Thereby, the present article seeks to analyze Afranio Peixoto's approximations and distances in relation to Euclides Cunha, whether in terms of reading and interpretation about the backlands or in the description of their personalities or their intellectual identities.

Não é segredo que Os Sertões foi sucesso de vendas desde sua primeira publicação em 1902. Por trás desse grande sucesso estão não apenas o talento e o trabalho árduo de jornalista investigativo do autor, mas também seu envolvimento... more

Não é segredo que Os Sertões foi sucesso de vendas desde sua primeira publicação em 1902. Por trás desse grande sucesso estão não apenas o talento e o trabalho árduo de jornalista investigativo do autor, mas também seu envolvimento pessoal com os acontecimentos, que o levou a uma espécie de “conversão”, ou seja, uma mudança radical de posicionamentos ideológicos sobre o conflito de Canudos. Longe, porém, de um mistificador, Euclides sempre manteve uma distância da propaganda republicana que vendia o conflito como uma insurreição monarquista financiada e apoiada por elementos que buscavam a restauração do Império. Nesse artigo, propomos que a principal suspeita do autor, desde antes de seu trabalho de campo, residia justamente nos aspectos militares do conflito. Para esse fim, nos valemos não apenas de trechos específicos de Os Sertões, como também de correspondências trocadas entre Euclides da Cunha e João Luís Alves antes mesmo de aquele desembarcar no sertão baiano para o acompanhamento de perto do desenrolar da famosa quarta expedição.

A obra de Euclides da Cunha, apesar de ofuscada pela grandiosidade de Os sertões (1902), revela que o vasto conhecimento sociológico, geológico, filosófico, jornalístico, artístico e literário do autor não se limitou às páginas dedicadas... more

A obra de Euclides da Cunha, apesar de ofuscada pela grandiosidade de Os sertões (1902), revela que o vasto conhecimento sociológico, geológico, filosófico, jornalístico, artístico e literário do autor não se limitou às páginas dedicadas à Guerra de Canudos. Nos ensaios publicados aos finais do século XIX e aos princípios do XX, Cunha delibera
sobre assuntos distintos, mobilizando dicções ideológicas diversas e abordagens de variadas disciplinas para perquirir aspectos da realidade humana e invocar análise crítica dos problemas identificados. Como Os sertões, tais escritos evidenciam a acuidade estético-literária do engenheiro que, ao consorciar ciência, crítica e imaginação literária, interpela seus leitores a reexaminarem premissas nacionais a partir da natureza híbrida e inquietante do ensaio. Partindo de uma reflexão sobre a estrutura da prosa ensaística, o presente artigo propõe uma análise do estilo ensaístico de Euclides da Cunha em sua obra prima e em quatro ensaios publicados na imprensa periódica entre 1890 e 1904.

Un sondeo por el aspecto religioso de "Los sertones" nos conduce a tres estigmas que se vienen repitiendo desde la publicación definitiva del libro en 1902: 1) Euclides da Cunha desvaloriza y subestima la fe y las creencias de la ciudad... more

Un sondeo por el aspecto religioso de "Los sertones" nos conduce a tres estigmas que se vienen repitiendo desde la publicación definitiva del libro en 1902: 1) Euclides da Cunha desvaloriza y subestima la fe y las creencias de la ciudad de Canudos, reduciéndolas a la típica descripción solipsista: Canudos es “la fase religiosa de un monoteísmo incomprendido, repleto de misticismo extravagante que es el fetichismo del indio y el africano”; en conclusión, un catolicismo “mestizo” y “mal comprendido”. 2) Euclides da Cunha, embebido por la teoría antropológica francesa, se seculariza por medio de un discurso positivista que reprueba y se burla de la cosmovisión de Antonio el Conselheiro. 3) En Canudos nunca hubo un conflicto de fe, por ende, una interpretación histórica correcta debe prescindir de la axiología religiosa y pasar a un análisis del plano político y sociológico. Pero estos tres postulados son falsos y han desencadenado varias conclusiones embusteras y desleales al texto de Los sertones, por ejemplo: 1) El libro se enmarca en un ejercicio aplicativo de las teorías de Hippolyte Taine en el contexto brasilero. 2) Con respecto a la forma del texto, prescindir del fondo religioso implicaría que los tres capítulos (La tierra, El hombre y La lucha) son tres cajones cerrados sin relaciones profundas entre sí. 3) Antonio Conselheiro fundamentó su ideología con fines políticos, disfrazándose con una máscara religiosa. 4) La ciencia, atravesando el conflicto de modernización del Brasil, aparece como la clave verdadera para la interpretación de la historia pasada y venidera. Por ende, debemos desmentir estos cuatro puntos. El texto de Da Cunha tiene, en realidad, una comprensión absorbente y compleja de la religiosidad sertaneja. Un virtuosismo espiritual sin mística. Sin mesianismo, ni redención alegórica del texto, trataré de aproximarme a Los sertones desde las referencias cruzadas que devuelven al texto su visión ternaria

Não é segredo que Os Sertões foi sucesso de vendas desde sua primeira publicação em 1902. Por trás desse grande sucesso estão não apenas o talento e o trabalho árduo de jornalista investigativo do autor, mas também seu envolvimento... more

Não é segredo que Os Sertões foi sucesso de vendas desde sua primeira publicação em 1902. Por trás desse grande sucesso estão não apenas o talento e o trabalho árduo de jornalista investigativo do autor, mas também seu envolvimento pessoal com os acontecimentos, que o levou a uma espécie de “conversão”, ou seja, uma mudança radical de posicionamentos ideológicos sobre o conflito de Canudos. Longe, porém, de um mistificador, Euclides sempre manteve uma distância da propaganda republicana que vendia o conflito como uma insurreição monarquista financiada e apoiada por elementos que buscavam a restauração do Império. Nesse artigo, propomos que a principal suspeita do autor, desde antes de seu trabalho de campo, residia justamente nos aspectos militares do conflito. Para esse fim, nos valemos não apenas de trechos específicos de Os Sertões, como também de correspondências trocadas entre Euclides da Cunha e João Luís Alves antes mesmo de aquele desembarcar no sertão baiano para o acompanhamento de perto do desenrolar da famosa quarta expedição.

Resumo: Este trabalho parte da comparação feita por Silviano Santiago, em Genealogia da ferocidade (2017), entre o cavalo mumificado descrito em Os sertões (1902), de Euclides da Cunha, e a figuração desse animal em Grande sertão: veredas... more

Resumo: Este trabalho parte da comparação feita por Silviano Santiago, em Genealogia da ferocidade (2017), entre o cavalo mumificado descrito em Os sertões (1902), de Euclides da Cunha, e a figuração desse animal em Grande sertão: veredas (1956), de João Guimarães Rosa, que o crítico usa para recusar qualquer continuidade entre um e outro como o teria feito, finalmente, parte da fortuna crítica roseana. Isto porque o protagonista de Rosa se recusa a ser um "amansador de cavalos". Diferentemente, no livro Ensaio geral (2007), Nuno Ramos reivindica essa mesma imagem do cavalo fossilizado de Os sertões, o que traz consequências não apenas para a figuração do animal no seu posterior Adeus, cavalo (2017), como contamina sua leitura da tradição literária brasileira, a exemplo da ênfase dada à mineralização dos objetos na poesia de João Cabral de Melo Neto. Mostrar-se-á, assim, o debate acerca do caráter neorromântico de Os sertões para, em seguida, evidenciar como um maior distanciamento em relação a ele implica um maior grau de aderência a uma ideia de formação não antropocêntrica. Palavras-chave: João Guimarães; Euclides da Cunha; Nuno Ramos.

Après avoir publié Os Sertões (1902), Euclides da Cunha (1866-1909) a dirigé en 1904 la Commission Mixte de Reconnaissance du Haut Purus pour le gouvernement brésilien. L'écrivain avait l'intention d'écrire un livre sur l'Amazonie et son... more

Après avoir publié Os Sertões (1902), Euclides da Cunha (1866-1909) a dirigé en 1904 la Commission Mixte de Reconnaissance du Haut Purus pour le gouvernement brésilien. L'écrivain avait l'intention d'écrire un livre sur l'Amazonie et son peuple. Cependant, le livre est resté à l'état de projet, avec la mort de l'écrivain en 1909. Pour écrire sur l'Amazonie, l'auteur s'est inspiré des connaissances de naturalistes et scientifiques, comme Humboldt, Agassiz, Bates, ainsi que des représentations des poètes, tel que John Milton et Victor Hugo, mêlant discours scientifique, journalisme et littérature. Imprégné par ces lectures, l'écrivain cherche dans la région amazonienne la matière première pour conclure son oeuvre, le livre jamais abouti, mais qui arrive à nous par des indices textuels, les lectures que l'auteur a faites pour le réaliser. Le but de cet article est de réexaminer la question de la mimésis dans les écrits amazoniens d'Euclides da Cunha.

A Poética de ‘Os Sertões’ (2010) revela uma complexa urdidura, de natureza subliminar, na prosa de Euclides da Cunha. Augusto de Campos, num trabalho de 1997 (reeditado em 2010), retoma e amplia o «projeto de prospeção» pioneiro de... more

A Poética de ‘Os Sertões’ (2010) revela uma complexa urdidura, de natureza subliminar, na prosa de Euclides da Cunha. Augusto de Campos, num trabalho de 1997 (reeditado em 2010), retoma e amplia o «projeto de prospeção» pioneiro de Guilherme de Almeida, publicado originalmente em 1946, sobre
Os Sertões, e revela novas estruturas, deca e dodecassilábicas, "mal escondidas" sob a prosa de Euclides. (............)

Quase cem anos separam a Guerra de Canudos (1896-1897) e o massacre do Carandiru (1992). Entretanto, é possível fazer aproximações entre esses episódios marcantes da história do Brasil. Ambos foram crimes cometidos pelo Estado, a partir... more

Quase cem anos separam a Guerra de Canudos (1896-1897) e o massacre do Carandiru (1992). Entretanto, é possível fazer aproximações entre esses episódios marcantes da história do Brasil. Ambos foram crimes cometidos pelo Estado, a partir de ordens de governantes, e contaram com enorme aparato repressivo. Simbólico também que ambos passaram por uma tentativa por parte do Estado de um esquecimento oficial da violência cometida, por meio da destruição dos espaços palcos dos massacres: Canudos sendo inundada para fazer o açude Cocorobó em 1969, e a penitenciária do Carandiru sendo implodida para fazer o Parque da Juventude, a partir de 2002. A proposta deste trabalho é a de discutir nesses casos de massacres a importância que obras literárias tiveram em relação à memória desses crimes. No caso do Massacre de Canudos: Os sertões, de Euclides da Cunha; no caso do Massacre do Carandiru: "Diário de um detento", de Racionais MC's. A discussão sobre essas obras para a memória se torna ainda mais relevante quando levamos em conta que o Brasil tem sistematicamente falhado em julgar crimes cometidos pelo próprio Estado. Sem desconsiderar as diferenças significativas entre o livro de Euclides da Cunha e a canção dos Racionais MC's, proponho discutir como a literatura foi convocada, nesses casos, a se posicionar diante da história brasileira, denunciando crimes cometidos pelo Estado que corriam, e ainda correm, o risco de serem silenciados e apagados.

A crítica e a historiografia literárias brasileiras, ao examinarem narrativas que tematizam movimentos messiânicos, atêm-se mais à documentação de tais organizações sociorreligiosas do que aos recursos formais e estéticos utilizados pelos... more

A crítica e a historiografia literárias brasileiras, ao examinarem narrativas que tematizam movimentos messiânicos, atêm-se mais à documentação de tais organizações sociorreligiosas do que aos recursos formais e estéticos utilizados pelos autores. As análises dos recorrentes eventos sobrenaturais e das descrições lúgubres dos rituais místico-religiosos não costumam, pois, apreender o seu potencial estético e sua possível relação com a poética gótica. Tencionando preencher tal lacuna, pretende-se averiguar técnicas ficcionais do Gótico – sobretudo a conformação de loci horribiles e de personagens monstruosas – manejadas por Afonso Arinos em Os Jagunços: novela sertaneja (1898) e por Euclides da Cunha em Os Sertões (1902).

O trabalho procura analisar as interpretações construídas por Euclides da Cunha (1867-1909) sobre a presença humana na Amazônia no início do século XX. O escritor analisa que a natureza amazônica promoveu um processo de seleção, onde... more

O trabalho procura analisar as interpretações construídas por Euclides da Cunha (1867-1909) sobre a presença humana na Amazônia no início do século XX. O escritor analisa que a natureza amazônica promoveu um processo de seleção, onde apenas os mais adaptados fisiologicamente foram capazes de suportar as demandas impostas pelo “inferno verde”. E a despeito dos conceitos científicos que vislumbravam o mestiço como degenerado das raças e, portanto, causador do atraso do país, Euclides, pelo menos no que tange o “desbravamento da Amazônia” inverte a ordem, e exalta a figura do migrante pobre, o único capaz de dominar a natureza da região e possibilitar sua inserção ao conjunto da nação. Todavia, Euclides também observa o caráter perverso da rotina dos trabalhadores da floresta, com punições físicas e impedimento de posse da terra trabalhada. Para o autor, a omissão do Estado com a estrutura das relações de trabalho no interior dos seringais impedia a formação de sentimento coletivo de nacionalidade, e nele intensificava a decepção com os destinos da República.

Este trabalho procura apreender as diversas experiências de tempo que se configuraram no interstício de 1870 a 1930 no Brasil. O objetivo geral é de desenvolver uma reflexão historiográfica acerca da noção de aceleração do tempo histórico... more

Este trabalho procura apreender as diversas experiências de tempo que se configuraram no interstício de 1870 a 1930 no Brasil. O objetivo geral é de desenvolver uma reflexão historiográfica acerca da noção de aceleração do tempo histórico e dos diferentes regimes temporais que permeiam a escrita da história no Brasil durante o século XIX e início do século XX. Assim, serão analisadas as ideias de tempo e aceleração, de crise, de ordem e desordem, de progresso, de modernidade, de civilização e atraso, e de futuro. Investigar esses conceitos inclui a busca de um entendimento de como se articulam as diferentes temporalidades neste período, obras e autores, mas também implica pensar a naturalização que, muitas vezes acontece, entre as dimensões temporais – passado, presente, futuro – como algo definido a priori. Significa também refletir sobre a própria ideia de ordem/ordens do tempo e seus contrários.
O objetivo não é mapear esses conceitos através do tempo, ou seja, fazer uma história dos conceitos, mas buscar o entendimento dos contextos linguísticos, das ideias em movimento neste período. Nesta perspectiva, minhas fontes principais serão as seguintes: Os Sertões, de Euclides da Cunha e Retrato do Brasil. Ensaio sobre a tristeza brasileira de Paulo Prado.
Mais especificamente, o texto para a reunião aborda essas questões em Os Sertões, de Euclides da Cunha.

En torno a Os Sertões (1902), podemos explorar una sensibilidad sobre un resto social, la comunidad de Canudos, que está signada principalmente por una criminalización y patologización que abreva en teorías psiquiátricas contemporáneas.... more

En torno a Os Sertões (1902), podemos explorar una sensibilidad sobre un resto social, la comunidad de Canudos, que está signada principalmente por una criminalización y patologización que abreva en teorías psiquiátricas contemporáneas. La disposición de diversos fragmentos de este ensayo interpretativo junto a los de otros textos de la teoría psiquiátrica o de la literatura nos permitirán sondear la particularidad de las lecturas de Euclides da Cunha sobre la modernidad y su resto, sobre el crimen y la locura entre el sertón y el litoral brasileño, así como también rastrear el devenir de esta sensibilidad más allá del acontecimiento.

In La guerra del fin del mundo (1981), Mario Vargas Llosa recounts the story of the late nineteenth-century Canudos uprising in backlands Brazil. In so doing, the Peruvian author adds to an already rich literary canon that has examined... more

In La guerra del fin del mundo (1981), Mario Vargas Llosa recounts the story of the late nineteenth-century Canudos uprising in backlands Brazil. In so doing, the Peruvian author adds to an already rich literary canon that has examined that historical episode. Most importantly, Vargas Llosa is returning to an earlier attempt by the Brazilian Euclides da Cunha in Os sertões (1902) to understand, through Canudos, the origins and soul of Brazil. Yet the intertextuality of La guerra del fin del mundo is much more than a colloquy with Euclides da Cunha and Brazilian history for it converses with an entire tradition of history and myth that belongs to Latin America in general. The character Galileo Gall is an archival creation: Gall is a "myth of myths," an inquisitive connection with the past that allows Vargas Llosa to contemplate and even rewrite the story of the New World.

O Discurso da História, de Roland Barthes, faz um esquadrinha-mento da estrutura do discurso histórico. A proposta de Barthes é anali-sar qual ou quais traços específicos poderiam diferenciar a narração his-tórica da narração imaginária.... more

O Discurso da História, de Roland Barthes, faz um esquadrinha-mento da estrutura do discurso histórico. A proposta de Barthes é anali-sar qual ou quais traços específicos poderiam diferenciar a narração his-tórica da narração imaginária. Em que nível da enunciação do discurso histórico estaria esta diferença? Neste artigo, acompanharemos o argu-mento do autor, de maneira a explicitar semelhanças e diferenças entre o discurso histórico e textos de Constant Tastevin e Euclides da Cunha, motivados pela viagem dos autores à região do Acre 112. A questão que se discutirá é ampla e está na base do discurso que se pretende histórico e do discurso que se pretende literário. De fato, a teoria literária, desde antes que esse campo do saber tivesse se estabele-cido como tal, reflete sobre os problemas da representação. Se, de um la-do, temos o discurso literário, que assume representar fatos e ficção, de outro, temos o discurso histórico, que pretende representar apenas fatos, sem fazer ficção. No entanto, a pretensão do discurso histórico esbarra no trato com a linguagem, pois que para se representar devidamente os fatos, a lingua-gem utilizada deve acompanhar tal pretensão, através da utilização de certos traços (como notações, vocabulário ou outros artifícios) que pos-sam atestar a fidedignidade dos significantes em relação ao referente exterior. Esses seriam os traços específicos, mencionados por Barthes, con-cernentes à construção textual do discurso histórico, ligados à utilização da linguagem: O cuidado com a construção textual pressupõe que já não se tome a lin-guagem como simples modo de referência de conteúdos factuais. Preocupar-se com a construção do texto não supõe considerar-se a verdade (alétheia) uma falácia convencional; a procura de dar conta do que houve e por que assim foi 112 Constant Tastevin (1880-?1963) é um missionário espiritano francês que chega a Tefé, Amazonas, em 1905. Euclides da Cunha (1866-1909), jornalista e engenheiro, dirige-se à Amazônia em 1905 como chefe da Comissão Brasileira de Demarcação de Fronteira entre o Brasil e o Peru, na frente que mapearia o curso do Alto Purus.

O artigo tem por objetivo refletir sobre o estatuto da estrangeiridade do sertanejo na obra máxima de Euclides da Cunha. Utilizando conceitos de teóricos das migrações, discute-se a contribuição que a obra dá ao tema a partir das próprias... more

O artigo tem por objetivo refletir sobre o estatuto da estrangeiridade do sertanejo na obra máxima de Euclides da Cunha. Utilizando conceitos de teóricos das migrações, discute-se a contribuição que a obra dá ao tema a partir das próprias contradições existentes nela sobre a alteridade, a pureza e a nacionalidade construídas a partir do pensamento positivista que dominava os intelectuais desse período e refletia nas formas midiáticas da imprensa. Ao fim, é feita uma reflexão dos rumos da “grande imprensa” nos dias de hoje e as novas formas de representação popular.

This essay explores the role that territory and its knowledge played in Euclides da Cunha's Amazonian articles on Acre and the diplomatic conflicts with Peru. An engineer by training, Euclides early identified the importance of his... more

This essay explores the role that territory and its knowledge played in Euclides da Cunha's Amazonian articles on Acre and the diplomatic conflicts with Peru. An engineer by training, Euclides early identified the importance of his official assignment in the Purus region as a basis for Brazil's territorial claims with Peru. His work offer insights into Brazil's expansionists aspirations, foreign policy, and changing dynamics of power at the turn of the twentieth century-a time when most countries in the region were securing their modern political borders and most feared foreign invasion.

Euclides da Cunha é um autor apaixonado pelas terras do Brasil. Seja como engenheiro, jornalista, pesquisador atento às questões nacionais e escritor, Euclides tem sempre como objetivo as reflexões sobre as terras brasileiras. Desde sua... more

Euclides da Cunha é um autor apaixonado pelas terras do Brasil. Seja como engenheiro, jornalista, pesquisador atento às questões nacionais e escritor, Euclides tem sempre como objetivo as reflexões sobre as terras brasileiras. Desde sua primeira obra, Os sertões (1902), até seu último e inacabado livro, Um paraíso perdido (1909; Eds. 1986 e 2000), encontramos a preocupação constante de entender o país em seus múltiplos aspectos. Para tanto, o autor lança mão de um arsenal científico e literário capaz de estruturar a sua representação da nação. Este trabalho tem, pois, o objetivo de levantar questões sobre a configuração do espaço na obra de Euclides da Cunha, buscando entender a sua dinâmica, especialmente no que concerne à noção de paisagem e fronteira.
Palavras-chave: Literatura brasileira; Euclides da Cunha; espaço.

Os Sertões de Euclides da Cunha são um projeto intermidiático e multimodal. Sua “tecnografia própria”, como Euclides a projeta em carta a José Veríssimo, “corporifica-se” numa “transgressão de gêneros” (cf. Haroldo de Campos), e requer o... more

Os Sertões de Euclides da Cunha são um projeto intermidiático e multimodal. Sua “tecnografia própria”, como Euclides a projeta em carta a José Veríssimo, “corporifica-se” numa “transgressão de gêneros” (cf. Haroldo de Campos), e requer o uso de mapas e fotografias. Como fotolivro de literatura brasileira, trata-se de nosso mais notável experimento de “literatura expandida”, híbrida. Há, em Os Sertões, ao menos dois níveis de descrição que não devem ser con- fundidos nas análises. Sua macroestrutura, concebida como um projeto inter- midiático, que intercala, ao longo de mais de 600 páginas, imagens de cartógrafos e fotos do acervo de Flávio de Barros. Essa arquitetura depende da microestrutura de interação local texto-imagem, uma propriedade que chama- mos de co-localização. Nosso foco, neste artigo, concentra-se na macroestru- tura da obra. Cinco edições foram diretamente comparadas (1902, 1903, 1905, 1933, 2016).

Poética interamericanista e imaginário escatológico nas fronteiras flutuantes das bacias amazônica e rio-platense.

The article examines how the discursive, social, and political processes that nationalized the Amazon gained firm footing during Brazil`s First Republic. It is argued that Euclides da Cunha`s texts on the Amazon see the forest and narrate... more

The article examines how the discursive, social, and political processes that nationalized the Amazon gained firm footing during Brazil`s First Republic. It is argued that Euclides da Cunha`s texts on the Amazon see the forest and narrate its story in a way that differs from the travel accounts of nineteenth-century naturalists, above all foreign ones. Drawing inspiration from Latin American cultural studies, the article reinforces the argument that there is a historical discontinuity between the romantic foreign travel literature of the nineteenth century and the early twentieth-century writings of Euclides da Cunha.

No início do século XX, o rio Purus era um dos menos conhecidos da bacia amazônica, embora fosse regularmente percorrido por coletores de drogas do sertão, caucheiros peruanos e seringueiros brasileiros. Estes, embarcados em Manaus,... more

No início do século XX, o rio Purus era um dos menos conhecidos da bacia amazônica, embora fosse regularmente percorrido por coletores de drogas do sertão, caucheiros peruanos e seringueiros brasileiros. Estes, embarcados em Manaus, passaram a ocupar, no final do século XIX, uma extensa região disputada pelo Brasil, Peru e Bolívia, e habitada por inúmeras etnias indígenas. Somente em março de 1903 uma expedição científica adentrou o rio, enviada pelo Museu Goeldi, no mesmo período em que o governo peruano instalava postos militares e aduaneiros no mesmo rio e também no Juruá, ampliando os conflitos entre seringueiros e caucheiros. Em março de 1904, uma segunda expedição do Museu Goeldi chegava ao Purus, pouco antes de graves conflitos armados que levaram os governos do Brasil e do Peru a assinar um acordo para a demarcação da fronteira. Foram, então, instaladas duas comissões técnicas binacionais, uma destinada a fazer o reconhecimento do Juruá e a outra do Purus, até as suas cabeceiras. A exploração do Purus foi chefiada por Euclides da Cunha e executada entre abril e dezembro de 1905. Ela resultou em um relatório ilustrado com fotografias e mapas, publicado em 1906, mesmo ano em que Jacques Huber lançou o mais importante entre os sete trabalhos científicos publicados pelos pesquisadores do Museu Goeldi sobre o rio Purus. Apresento aqui uma análise comparada do relatório de Euclides da Cunha, e de outros escritos de sua autoria sobre o Purus e a Amazônia, e os trabalhos de Jacques Huber, particularmente os que analisavam a geomorfologia e a fitogeografia do vale do Purus e do baixo Amazonas. Creio ser possível estabelecer relações e aproximações entre esses autores, uma vez que o próprio Euclides reconheceu a influência de Huber na construção de um olhar ou de uma percepção do mundo amazônico, mediada pela ciência, após encontrar pessoalmente com o botânico em Belém, em 1905. Cabe analisar como essas intertextualidades contribuíram para a construção de relatos edênicos sobre a região, tal como o fez Euclides, e como estimularam a intervenção política na região com fins de exploração ou conservação de recursos naturais.

Os ensaios reunidos neste livro dedicam-se a momentos cruciais da história da literatura amazônica, representados pelas obras de Bento Figueiredo de Tenreiro Aranha, Francisco Gomes de Amorim, Inglês de Sousa, Alberto Rangel, Euclides da... more

Os ensaios reunidos neste livro dedicam-se a momentos cruciais da história da literatura amazônica, representados pelas obras de Bento Figueiredo de Tenreiro Aranha, Francisco Gomes de Amorim, Inglês de Sousa, Alberto Rangel, Euclides da Cunha e Mário de Andrade.

Resumo: Euclides da Cunha é um dos escritores brasileiros mais estudados, com uma ampla bibliografia e diversos eventos dedicados a sua vida e obra. Um aspecto pouco explorado no conjunto destes estudos é o tratamento museográfico da... more

Resumo: Euclides da Cunha é um dos escritores brasileiros mais estudados, com uma ampla bibliografia e diversos eventos dedicados a sua vida e obra. Um aspecto pouco explorado no conjunto destes estudos é o tratamento museográfico da memória do escritor. Este artigo tem por objetivo analisar a forma pela qual o legado de Euclides da Cunha é representado e exposto em museus e outras instituições que trabalham com a memória, identificando as abordagens utilizadas no Museu da Casa Euclidiana, em São José do Rio Pardo (SP), e na Casa de Euclides da Cunha, em Cantagalo (RJ), além de quatro exposições temáticas realizadas na última década. A partir da análise das informações levantadas, são estabelecidas correlações entre as diversas exposições de curta e de longa duração sobre Euclides da Cunha, sugerindo possíveis abordagens para a temática euclidiana sob o ponto de vista da Museografia. Palavras-Chave : Euclides da Cunha; Museografia; Exposições. Introdução A vida e a obra de Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha (1866-1909) são celebradas em diversos eventos, dos quais o mais conhecido é a Semana Euclidiana, realizada em São José do Rio Pardo desde 1912. O escritor também é homenageado em locais como escolas e monumentos em todo o país. Este trabalho aborda uma dimensão específica da memória euclidiana: as representações expográficas de Euclides da Cunha. No âmbito deste trabalho, a Museografia é entendida como o conjunto de "técnicas ligadas às exposições, estejam elas situadas dentro de um museu ou em espaços não museais. De maneira mais geral, aquilo que intitulamos de "programa museográfico" engloba a definição dos conteúdos da exposição e os seus imperativos, assim como o conjunto de relações funcionais entre os espaços de exposição e os outros espaços do museu" (DESVALLÉES, André e MAIRESSE, François, 2013, p.59).

Resumo: Publicada em 1902, a obra Os sertões, de Euclides da Cunha, tornou-se um clássico da reflexão e interpretação da realidade brasileira e, por extensão, ensejou o desenvolvimento de uma extensa fortuna crítica e analítica. O... more

Resumo: Publicada em 1902, a obra Os sertões, de Euclides da Cunha, tornou-se um clássico da reflexão e interpretação da realidade brasileira e, por extensão, ensejou o desenvolvimento de uma extensa fortuna crítica e analítica. O objetivo deste artigo é sugerir, pois, uma chave de leitura adicional, que consiste em refletir sobre a produção euclidiana a partir do recurso narrativo da cor local. Embora amiúde associada à questão da construção da nacionalidade, o mecanismo da cor local dispõe igualmente de outras implicações e efeitos textuais que dizem respeito à dimensão imagética da narrativa. A partir dos critérios da nacionalidade e da visibilidade textual, procura-se investigar não somente a produção de Euclides, além de parte de sua fortuna crítica ao longo do século XX. Como hipótese, então, sugere-se que a cor local é parte constitutiva do campo discursivo que compreende não somente a escrita euclidiana, mas também é perceptível nas avaliações de seus comentadores. Por sua vez, a presença do critério da cor local permite sugerir a importância do investimento imagético na prosa do autor e identificar um topos específico na fortuna crítica relativa à produção euclidiana.