Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) Research Papers (original) (raw)

O presente artigo é fruto da pesquisa realizada na produção da monografia intitulada ―Acessibilidade Comunicativa na Práxis Jornalística Cotidiana‖ 4 . Com o objetivo de compreender como a acessibilidade comunicativa pode ser incluída na... more

O presente artigo é fruto da pesquisa realizada na produção da monografia intitulada
―Acessibilidade Comunicativa na Práxis Jornalística Cotidiana‖
4
. Com o objetivo de
compreender como a acessibilidade comunicativa pode ser incluída na rotina
jornalística, escolhemos trabalhar com acessibilidade para pessoas com deficiência
visual e auditiva. Observamos as redações do Grupo RBS, por meio da metodologia do
Estudo de Caso, analisamos a rotina jornalística destes profissionais e a existência da
acessibilidade comunicativa na produção de seus conteúdos. A pesquisa in loco foi
realizada na sede da empresa. Este processo deu-se por duas etapas, a observação e a
entrevista. Neste sentido, tivemos um maior entendimento da real situação da produção
de conteúdo jornalístico nas redações.

O I Encontro Amapaense de surdos possui a proposta de discutir as dinâmicas e vivencias da comunidade surda, promovendo o diálogo entre profissionais, pensadores, estudantes e a sociedade ouvinte. Tais diálogos tem um grandioso intuito:... more

O I Encontro Amapaense de surdos possui a proposta de discutir as dinâmicas e vivencias da comunidade surda, promovendo o diálogo entre profissionais, pensadores, estudantes e a sociedade ouvinte. Tais diálogos tem um grandioso intuito: Estimular e promover trocas de experiências entres os palestrantes e profissionais com a comunidade surda do estado, ainda incipiente em termos de mobilização e consciência de seus potenciais.
O evento, que discutirá conceitos como identidade, língua e cultura surdas, trará as atualidades das pesquisas nacionais, envolvendo acadêmicos e estudantes - surdos e ouvintes - nas dinâmicas que permeiam os êxitos, dificuldades e potencialidades de indivíduos surdos
Portanto, sendo papéis da universidade oportunizar a descoberta de novos conhecimentos e a ampliação dos horizontes de aprendizado, cabe a Universidade Federal do Amapá e o curso de Letras - Libras/Português incentivar e promover tais iniciativas, facilitando a criação de novas propostas e conceitos para a sociedade amapaense.

A Libras é um sistema linguístico reconhecido e os estudos sobre sua estrutura vêm tomando grande proporção nas pesquisas brasileiras. Temos observado que teorias desenvolvidas para as línguas orais têm sido aplicadas às línguas de... more

A Libras é um sistema linguístico reconhecido e os estudos sobre sua estrutura vêm tomando grande proporção nas pesquisas brasileiras. Temos observado que teorias desenvolvidas para as línguas orais têm sido aplicadas às línguas de sinais, possibilitando os estudos que, até pouco tempo ainda não haviam ganhado abordagem científica e acadêmica. Nesse sentido, a pesquisa desenvolvida diz respeito à apreensão, registro e análise de alguns topônimos do estado de Goiás. A Toponímia é o campo da Linguística responsável por estudos referentes aos nomes de lugares como municípios, cidades, vilas, estados etc. Sendo a Libras um sistema linguístico disponível à comunidade surda brasileira, cabe indagar a respeito do modo como ocorre a nomeação dos espaços geográficos. Melo (2017) assevera que os nomes de lugares remetem à motivação do ser humano, logo, é a partir do estudo do signo toponímico que podemos compreender o reflexo cultural presente na ação de nomear os espaços geográficos. O foco deste estudo centra-se na relação intrínseca entre língua, léxico e cultura por meio da análise dos sinais toponímicos de Caldas Novas, Catalão, Morrinhos, Goiânia e Três Ranchos, de acordo com as taxionomias toponímicas de Dick (1990), que instrui sobre a origem motivacional de um léxico toponímico.

ABSTRACT: This paper addresses literacy from the perspective of deaf education studies 1, analyzing how this concept has reframed understandings about educational practices for deaf students, more specifically, the teaching of reading and... more

ABSTRACT: This paper addresses literacy from the perspective of deaf education studies 1, analyzing how this concept has reframed understandings about educational practices for deaf students, more specifically, the teaching of reading and writing in Portuguese. Based on three publications, two in the early 2000s related to scientific events in the field and a more recent one from 2018, we intend to show that a dialog was initially constructed between the concept of literacy as social practice and the sociolinguistic concept of bilingualism, which has been re-appropriated as a bilingual education project for the deaf. During this process, specific language practices have been established that have direct implications on how classroom literacy for deaf students has been seen until the present time. RESUMO: Neste artigo tematizamos o conceito de letramento a partir da sua retomada nos estudos sobre educação de surdos 1. Analisamos e argumentamos como esse conceito foi alçado para ressignificar o entendimento das práticas escolares desenvolvidas com alunos surdos, mais especificamente, o ensino da leitura e da escrita em português, num conjunto de textos pertencentes a três publicações-duas do início dos anos 2000, relacionadas a eventos científicos relevantes na área, e outra mais recente, do ano de 2018. Conforme pretendemos mostrar, esses trabalhos constroem, inicialmente, uma interlocução entre o conceito de letramento como prática social e o conceito sociolinguístico de bilinguismo (re)apropriado ao projeto de educação bilíngue para surdos. Nesse processo, instauram-se práticas de língua(gem) específicas a esse contexto, com repercussões diretas no modo como o letramento em sala de aula com alunos surdos vem sendo pensado até os dias de hoje. Palavras-Chave: Letramentos; Educação Linguística; Educação de Surdos; Minorias 1 This discussion began in Nogueira (2015) and has had a direct relationship with the development of the FAPESP research project "Semiotic Repertory and Education of the Deaf: Multilingualism and Multimodality in the Context of Sign Language" (n.2017/20256-0), as well as a current postdoctoral research project entitled "Interfaces entre o português e os repertórios sociossemióticos de aprendizes surdos" (Interfaces between Portuguese and socio-semiotic repertories of deaf learners).

RESUMO Diversas iniciativas governamentais têm sido realizadas para promover a inclusão de pessoas surdas no ensino superior. Entretanto, o ingresso de um estudante surdo em um curso de Odontologia é de extrema complexidade, devido a... more

RESUMO Diversas iniciativas governamentais têm sido realizadas para promover a inclusão de pessoas surdas no ensino superior. Entretanto, o ingresso de um estudante surdo em um curso de Odontologia é de extrema complexidade, devido a vários motivos, dentre eles a carência de termos odontológicos em Libras. O objetivo deste trabalho foi criar e disponibilizar sinais odontológicos específicos em Libras. Uma equipe multidisciplinar selecionou os quinze primeiros termos a serem criados, os quais tiveram seus conceitos e explicações técnicas demonstrados para um docente surdo. Em seguida, o professor criava o sinal, que era registrado por vídeos e fotografias. Os dados técnicos da sinalização foram descritos detalhadamente e em seguida publicados junto às fotos e vídeos em sítio web. A criação do site e a disponibilização dos termos odontológicos específicos em Libras caracteriza o início de um processo de inclusão e permanência de pessoas surdas no Curso de Odontologia. A continuidade desse trabalho permitirá que os sinais sejam constantemente criados e adicionados ao glossário, a fim de auxiliar o ensino de pessoas surdas e aperfeiçoar a atuação do tradutor/interprete de Libras, contribuindo de forma pioneira para a formação de futuros cirurgiões dentistas surdos. Descritores: Odontologia. Linguagem de Sinais. Inclusão Educacional. Instituições Acadêmicas.

Segundo a pesquisadora Lucia Noriko Sabanai (2007), as pesquisas na área da Língua brasileira de sinais (Libras) iniciaram-se na década de 80 do século passado. Mas foi com a promulgação da Lei n. 10.4362 de 24 de abril de 2002, que... more

Segundo a pesquisadora Lucia Noriko Sabanai (2007), as pesquisas na área da Língua brasileira de sinais (Libras) iniciaram-se na década de 80 do século passado. Mas foi com a promulgação da Lei n. 10.4362 de 24 de abril de 2002, que reconhece a Libras como língua e, posteriormente, com a publicação do Decreto n. 5.6263 de 22 de dezembro de 2005, que a Libras se torna alvo dos mais variados estudos, nos diversos níveis acadêmicos, pois a partir daí, é garantido por lei o direito ao atendimento do sujeito visual em sua língua de conforto, criando a demanda pela formação de profissionais capazes de se comunicar na língua visual.

O objetivo desta tese é investigar a dimensão sonora na constituição subjetiva de pessoas surdas a partir do reconhecimento da língua de sinais como meio de expressão das formações do inconsciente. Partimos questionando a dimensão sonora,... more

O objetivo desta tese é investigar a dimensão sonora na constituição subjetiva de pessoas surdas a partir do reconhecimento da língua de sinais como meio de expressão das formações do inconsciente. Partimos questionando a dimensão sonora, verificando a exclusividade ou não desta dimensão na operação clínica com sujeitos surdos que falam a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Estes sujeitos que se expressam nessa modalidade de linguagem, cuja sonoridade não é condição imperativa, nos provocam uma reflexão teórica. Afinal, a teoria psicanalítica teria condição de oferecer uma sustentação que permitisse um percurso terapêutico destes sujeitos através da escuta do inconsciente através de uma língua de modalidade espaço-visual? Indagamos se o campo da linguagem em psicanálise poderia favorecer a inclusão de uma articulação teórica que sustenta uma prática clínica conduzida em língua de sinais. Realizamos uma investigação que percorreu em um primeiro momento a teoria freudiana sobre a definição de inconsciente e em um segundo momento a teoria lacaniana em seu encontro com Saussure. Neste percurso, indagamos a presença do Outro como condição para a constituição subjetiva do sujeito de modo a avançarmos na discussão para um além da dimensão fonemática. Por fim, apresentamos a discussão sobre a noção de letra de modo a argumentamos a possibilidade de leitura do inconsciente, mesmo diante de pessoas surdas falantes de Libras. Nos servimos de alguns fragmentos de casos clínicos que juntamente com outros elementos em vídeo compõe a nossa casuística que possibilitou a articulação entre nossa questão e os pontos teóricos nos quais sustentamos. Desta forma, realizaremos uma discussão conceitual sobre o reconhecimento da dimensão sonora do inconsciente na constituição subjetiva tangenciando a viabilidade de acolhimento da pessoa surda falante de Libras. É relevante apontar a necessidade de abertura do campo psicanalítico para estas questões que se apresentam, advindas da clínica com pessoas surdas falantes de Libras. Reconhecemos no singular de cada sujeito, sua resposta à castração, marcada no real do corpo pela surdez sensorial, cuja linguagem se expressa gestualmente, nos implicando na investigação da hipótese de que o inconsciente pode ser lido nas manifestações linguageiras de uma língua de sinais.

Resumo Com a necessidade de formar profissionais com habilidades em LIBRAS após a aprovação da Lei de LIBRAS, como ficou conhecida a Lei 10.436, as universidades federais brasileiras criaram seus cursos superiores de Letras com a... more

Resumo Com a necessidade de formar profissionais com habilidades em LIBRAS após a aprovação da Lei de LIBRAS, como ficou conhecida a Lei 10.436, as universidades federais brasileiras criaram seus cursos superiores de Letras com a requerida habilitação. Após a primeira universidade (UFSC) desenvolver seu projeto pedagógico e sua matriz curricular e obter sucesso, outras universidades também iniciaram seus cursos de Letras. Hoje no Brasil existem 16 cursos nessa especialidade e cada um com sua matriz curricular. A partir do entendimento do que é currículo, dado pelo MEC (2007) e do Parecer CNE/CES Nº: 83/2007, as matrizes curriculares foram analisadas e comparadas com a matriz da UFSC, que segundo RONICE (2009) foi criada buscando a melhor forma do aluno surdo se desenvolver, valorizando a expressão em LIBRAS, com o objetivo de descobrirmos se há, de fato, um padrão nessas matrizes. A pesquisa deu-se de forma exploratória tendo seus dados expostos através de tabelas e discutidos em seção apropriada. Após a análise dos dados concluímos que há sim um padrão nas matrizes curriculares dos cursos superiores de Letras/LIBRAS no Brasil. Palavras-Chave: Currículo. LIBRAS. Universidades Federais.

Os estudos relacionados à Libras vêm ao logo dos últimos anos se intensificando, principalmente após a homologação da Lei 10.436/02 e do Decreto 5.626/05, que deram visibilidade as comunidades surdas e abriram portas para a reflexão e a... more

Os estudos relacionados à Libras vêm ao logo dos últimos anos se intensificando, principalmente após a homologação da Lei 10.436/02 e do Decreto 5.626/05, que deram visibilidade as comunidades surdas e abriram portas para a reflexão e a formação de profissionais ligados a esta modalidade linguística viso-espacial. Neste livro, são externadas pesquisas que visam compreender a contemporaneidade das pesquisas brasileiras associadas à surdez sob um panorama teórico-metodológico diversificado que partem do uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras, bem como de sua estrutura, além da relação de indivíduos Surdos com a língua portuguesa como sua segunda língua -L2. De modo que, as abordagens apresentadas neste volume exploram, a partir das temáticas, um olhar heterogêneo interativo e desafiador, no que tange o contexto já mencionado. Uma vez que, o entendimento sobre a língua, sua aquisição, sua estrutura e as relações socioculturais nos permitem aprofundar o conhecimento vinculado a inserção destes grupos minoritários outrora marginalizados historicamente.

Resenha elaborada a partir de um documentário francês cujo nome original é “Sourds et malentendus”, dirigido por Igor Ochronowicz (França, 2009, 70min) que apresenta a história de Sandrine Herman. Ela é a narradora e atriz principal da... more

Resenha elaborada a partir de um documentário francês cujo nome original é “Sourds et malentendus”, dirigido por Igor Ochronowicz (França, 2009, 70min) que apresenta a história de Sandrine Herman. Ela é a narradora e atriz principal da sua própria história de vida como surda. Assim, Sandrine relata e reflete por meio da língua de sinais vários momentos da sua vida, desde o seu nascimento surda em uma família de pais ouvintes, passando pelas reações negativas deles quando descobrem a surdez da filha.

In contrast to previous discussions on agreement, this paper argues that matching of location is the single morphological exponent of verb agreement in sign languages, using data from Brazilian Sign Language (Libras). Therefore, we reject... more

In contrast to previous discussions on agreement, this paper argues that matching of location is the single morphological exponent of verb agreement in sign languages, using data from Brazilian Sign Language (Libras). Therefore, we reject the analysis of path and/or directionality as agreement markers. We argue that "plain" verbs are actually capable of showing agreement, as long as there is no phonological restriction, if we consider the sharing of location features (co-localization) as the sole agreement mechanism. Agreement is not restricted to a subset of verbs and is actually more pervasive and productive than has been argued, thus challenging one argument against calling it agreement .

Este trabalho tem como objetivo, apresentar à comunidade acadêmica o livro didático Sequências didáticas para o ensino de Libras como L2. Descreveremos brevemente o material e a sua concepção, bem como, sua aplicação em disciplinas de... more

Este trabalho tem como objetivo, apresentar à comunidade acadêmica o livro didático Sequências didáticas para o ensino de Libras como L2. Descreveremos brevemente o material e a sua concepção, bem como, sua aplicação em disciplinas de Libras em cursos de licenciaturas, também, em cursos de extensão ofertados pelo Instituto de Linguagens da UFMT. Por meio da análise da aplicação do material didático, percebemos e concluímos que a hipótese que mobilizou a equipe a produzir o mesmo, que a ausência de um material didático, ausência da escrita da Libras no ensino e registro para consulta posterior, prejudica o estudante ouvinte no processo de ensino-aprendizagem da Libras como Segunda Língua (L2), ou seja, ensino-aprendizagem da Libras pelo ouvinte.

Este artigo é fruto de pesquisa em andamento no Departamento de Ensino Superior do INES (DESU-INES), oriunda da experiência de elaboração de Monografias em Libras com alunos de graduação do curso de Pedagogia Bilíngue. Dois objetivos... more

Este artigo é fruto de pesquisa em andamento no Departamento de Ensino Superior do INES (DESU-INES), oriunda da experiência de elaboração de Monografias em Libras com alunos de graduação do curso de Pedagogia Bilíngue. Dois objetivos norteiam a pesquisa: 1) organizar a prática pedagógica da tradução e interpretação na produção de Monografias em Libras e 2) construir esquemas visuais e descritivos que mostrem as características de cenários e dos padrões de linguagens nos fenômenos de interação durante a consecução de Monografias em Libras. São feitas considerações a respeito das tensões entre a Libras e a Língua Portuguesa no processo de construção discursiva do aluno surdo e não-surdo bilíngue, junto ao professor orientador e o tradutor-intérprete de Libras, quando esta equipe se vê na tarefa de construir argumentos científicos formais em língua de sinais com registros em vídeo. Procuramos clarear etapas desse processo, a fim de dar suporte a futuras orientações que envolvam a produção de vídeo acadêmico em Libras. Entre elas estão: o uso de glosas e glossinais, a busca ou criação de novos sinais para conceitos acadêmicos, o trabalho de roteirização, a filmagem-rascunho, a gravação em estúdio profissional e a edição final do material. Algumas regras de produção visual são apresentadas como exemplos de particularidades encontradas pelos pesquisadores. Ao final, apresentamos algumas idealizações sobre a produção de Monografias em Libras registradas na experiência com alunos, professores orientadores e banca examinadora, indicando questões a serem ponderadas por este conjunto de atores; assim como processos de desconfiança sobre autoria e autenticidade surgidos ao longo do trabalho de mediação da equipe de orientação.

NOVODVORSKI, Ariel; LISBOA, Joel Victor Reis (org.). Estudos exploratórios em Linguística de Corpus. Araraquara: Letraria, 2021.

ISBN: 978-65-86562-57-6

A pesquisa apresentada neste artigo tem como tema a constituição da Língua de Sinais Brasileira - LSB do século XVIII ao século XXI. Esse tema é bastante amplo, mas por ser o primeiro trabalho desenvolvido no Brasil a respeito, trago-o... more

A pesquisa apresentada neste artigo tem como tema a constituição da Língua de Sinais Brasileira - LSB do século XVIII ao século XXI. Esse tema é bastante amplo, mas por ser o primeiro trabalho desenvolvido no Brasil a respeito, trago-o no sentido de começar a fornecer elementos históricos novos sobre a língua de sinais brasileira. Estudar a origem dessa língua é um desafio, pois é uma língua na modalidade visual-espacial e suas formas de registro são precárias. Assim, destaco inicialmente as justificativas para a pesquisa realizada conforme segue: a) não há registro a respeito do desenvolvimento histórico da língua de sinais brasileira nos livros brasileiros; b) os surdos brasileiros têm muito interesse em saber mais sobre a origem desta língua; c) a língua de sinais passou a ser reconhecida como língua de instrução dos surdos brasileiros por meio da Lei 10.436 de 2002 regulamentada pelo Decreto 5.626 de 2005; d) a língua de sinais passa a ser objeto de ensino. Também se apresenta os resultados da “Revisão Documental”, com a análise documental da constituição histórica; o funcionamento e a criação do instituto de Surdos; pré-existência da língua de sinais brasileira dos surdos que já existiam nesses círculos e eram fluentes na sua língua, a LSB – Língua de Sinais Brasileira com a sua estrutura própria, e o estudo do Battison (1978), da Karnopp (1995) e do Ted Supalla (2006), como base teórica. E finalmente se apresenta a análise dos sinais registrados e suas mudanças a nível fonético-fonológico da Língua de Sinais Francesa para a Língua de Sinais Brasileira realizada até o momento.

Trabalho apresentado à disciplina Libras, como exigência parcial para a obtenção do curso de Programa Especial de Formação Pedagógica R2 – Turma 177, sob a supervisão da Professora Miriele Melo.

Neste artigo tematizamos o conceito de letramento a partir da sua retomada nos estudos sobre educação de surdos. Analisamos e argumentamos como esse conceito foi alçado para ressignificar o entendimento das práticas escolares... more

Neste artigo tematizamos o conceito de letramento a partir da sua retomada nos estudos sobre educação de surdos. Analisamos e argumentamos como esse conceito foi alçado para ressignificar o entendimento das práticas escolares desenvolvidas com alunos surdos, mais especificamente, o ensino da leitura e da escrita em português, num conjunto de textos pertencentes a três publicações – duas do início dos anos 2000, relacionadas a eventos científicos relevantes na área, e outra mais recente, do ano de 2018. Conforme pretendemos mostrar, esses trabalhos constroem, inicialmente, uma interlocução entre o conceito de letramento como prática social e o conceito sociolinguístico de bilinguismo (re)apropriado ao projeto de educação bilíngue para surdos. Nesse processo, instauram- se práticas de língua(gem) específicas a esse contexto, com repercussões diretas no modo como o letramento em sala de aula com alunos surdos vem sendo pensado até os dias de hoje.

A presente pesquisa tem como objetivo observar a atividade do tradutor intérprete de língua de sinais (TILS) na esfera artístico-cultural, no ato interpretativo do gênero espetáculo teatral, descrevendo e analisando os elementos... more

A presente pesquisa tem como objetivo observar a atividade do tradutor intérprete de língua de sinais (TILS) na esfera artístico-cultural, no ato interpretativo do gênero espetáculo teatral, descrevendo e analisando os elementos extraverbais, verbais e verbo-visuais que marcam a enunciação desse profissional durante a mobilização discursiva da cena teatral, que acontece com enunciados em língua portuguesa, para a língua brasileira de sinais (libras). Para tanto, realizamos um estudo qualitativo do tipo analítico-descritivo de quatro espetáculos que se apresentaram em São Paulo com acessibilidade em libras: Hotel Mariana (05/07/2017), Ida
(15/08/2017) e Adeus palhaços mortos! (22/08/2017) no Instituto Itaú Cultural, e A princesinha medrosa (03/09/2017) no SESC Santana. Além do registro em vídeo dos espetáculos e da atuação dos TILS, constituiu o corpus deste estudo o questionário que elaboramos e que foi aplicado aos TILS, a resposta aos questionários e o material de divulgação dos espetáculos. As questões que motivaram a pesquisa foram: a) para além do texto proferido pelos atores, que aspectos da cena teatral influenciam a enunciação dos TILS durante o ato interpretativo?; b) quais as estratégias utilizadas pelos TILS para comunicação de aspectos extralinguísticos?; c) o preparo e a logística de atuação como posicionamento e visão da cena teatral influenciam nas estratégias interpretativas dos TILS? A fundamentação teórica se deu a partir do diálogo entre os estudos sobre a teatralidade, os estudos da tradução e da interpretação de língua de sinais (ETILS) e a perspectiva dialógica do Círculo de Bakhtin sobre a linguagem. Neste estudo em que lançamos olhar para a dimensão extraverbal, verbal e
verbo-visual dos enunciados, observamos o contexto sócio-histórico ideológico e entendemos a cena teatral como um enunciado verbo-visual que se dá no conjunto de textos interrelacionados, composto tanto pelo que foi proferido pelos atores, como pelo cenário, movimentação de palco, elementos cênicos, projeções, efeitos sonoros etc. A análise de elementos extraverbais, verbais e verbo-visuais destacou diferentes posições ideológicas e enunciativas que apontam para diferentes escolhas interpretativas, dependendo dessas variáveis. A análise do corpus aponta para uma totalidade verbo-visual e o quanto o TILS influencia e é influenciado pela cena da qual é um elemento amalgamado e constitutivo do todo do espetáculo, o enunciado concreto.

Building on the assumption that signed languages are both similar and different from spoken languages (universal principles vs. modality effects), this dissertation discusses verb agreement in Brazilian Sign Language (Libras). Agreement... more

Building on the assumption that signed languages are both similar and different from spoken languages (universal principles vs. modality effects), this dissertation discusses verb agreement in Brazilian Sign Language (Libras). Agreement in sign languages has been described as a change in orientation and direction of movement of the verb. However, I propose that agreement in Libras, and possibly in all sign languages, is not marked by the movement of the verb. Instead, the matching of location between the verb and its argument(s) is the sole agreement marker – a process I will call co-localization. The different types of path movement, on the other hand, are related to the event properties of the predicate, such as marking of telicity, for example (Event Visibility Hypothesis). Additionally, assuming a Minimalist framework within Generative Syntax, I will claim that the different agreement patterns found in Libras can be derived by assuming a single underlying syntactic structure and by the basic syntactic operations MERGE and AGREE. Finally, I will argue that there is a layering of visual information within the verb internal structure, in such a way that different morphological operations will target specific nodes of the phonological specification of the verb.

O II Encontro Amapaense de Surdos (EAS), em sua segunda edição, expandirá os horizontes da cultura surda no estado através do intercâmbio de experiências e práticas artísticas já presente no cenário nacional e internacional. O evento... more

O II Encontro Amapaense de Surdos (EAS), em sua segunda edição, expandirá os horizontes da cultura surda no estado através do intercâmbio de experiências e práticas artísticas já presente no cenário nacional e internacional. O evento reunirá personalidades expoentes da comunidade surda reconhecidas por suas trajetórias de impacto e consolidação da expressão artística, envolvendo artes plásticas, literárias, cênicas e corporais.
Nesse âmbito, a valorização e a troca de experiências que o evento proporcionará à comunidade surda objetiva fortalecer identidades e consciência histórico-social que vão além dos limites inclusivos, promovendo o diálogo contínuo com sociedade. O EAS tem sido promovido pela Universidade Federal do Amapá desde 2014.

Este artigo possui como objetivo discutir a tradução e interpretação da língua de sinais em meios audiovisuais como direito social e linguístico da comunidade surda. Para tanto, analisa-se como o tema aparece em duas esferas: (i) na... more

Este artigo possui como objetivo discutir a tradução e interpretação da língua de sinais em meios audiovisuais como direito social e linguístico da comunidade surda. Para tanto, analisa-se como o tema aparece em duas esferas: (i) na legislativa, a partir da análise dos documentos no contexto brasileiro que determinam a inserção das "janelas de Libras" em algumas produções audiovisuais; e (ii) na acadêmico-científica, verificando a escassez de pesquisas e a imprecisão terminológico-conceitual no campo da Tradução Audiovisual (TAV) e da Tradução Audiovisual Acessível (TAVa). A análise mostra que os Estudos em TAV não conseguiram acompanhar a velocidade da ampliação dos direitos sociais das comunidades surdas e nem a presença de sua língua nos diferentes contextos sociais. Mostra, também, a necessidade de olhar para a tradução de língua de sinais como ampliação das possibilidades de consumo da cultura audiovisual no Brasil. Com base nas análises, fizemos uma proposta de mudança de termosde janela de Libras para tradução audiovisual da língua de sinais (TALS)esperando, com isso, dar início ao debate sobre a importância dessa modalidade tradutória para a real inclusão da comunidade surda no contexto cultural brasileiro.

Anais do II Encontro Amazônico de Educação Especial (2016)

Este livro pretende contribuir com a ampliação e a visibilidade dos Estudos da Tradução a partir de uma compilação de artigos de pesquisas resultantes de apresentações, que ocorreram no ano de 2018, no XI Seminário de Pesquisas em... more

Este livro pretende contribuir com a ampliação e a visibilidade dos Estudos da Tradução a partir de uma compilação de artigos de pesquisas resultantes de apresentações, que ocorreram no ano de 2018, no XI Seminário de Pesquisas em Andamento, do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Tradução da Universidade Federal de Santa Catarina. Os trabalhos que compõem os capítulos do livro refletem a multidisciplinaridade envolvida na área dos Estudos da Tradução, disciplina em ascensão nas últimas décadas no Brasil.

As relações entre surdos e ouvintes, geralmente, são permeadas por preconceitos e visões estereotipadas e, por conta disso, muitas vezes, essas pessoas com surdez são invisíveis em nossa sociedade, pois ser ouvinte é considerado com uma... more

As relações entre surdos e ouvintes, geralmente, são permeadas por preconceitos e visões
estereotipadas e, por conta disso, muitas vezes, essas pessoas com surdez são invisíveis em nossa
sociedade, pois ser ouvinte é considerado com uma posição superior a ser surdo. Tomando como
ponto de partida a questão: Como fazer visível a cultura surda na comunidade ouvinte? esse
trabalho teve por objetivo identificar as crenças de 18 alunos, ouvintes, do Ensino Médio,
propondo meios para que, através das Escritas Surdas, elas pudessem ser (re)pensadas. Para isso,
realizamos um estudo de caso em um campus do Instituto Federal de Pernambuco, no ano de
2016. A partir de uma análise preliminar do contexto, foi produzida e aplicada uma sequência
didática que possibilitasse aos alunos refletir sobre a cultura e a identidade surda. Os dados,
obtidos por meio de questionários e diário de bordo, foram analisados buscando perceber quais
as crenças dos alunos participantes antes, durante e depois da experiência. Realizada essa etapa,
e a partir de todos os dados gerados e analisados em nosso trabalho, produzimos um guia de
orientações metodológicas para o ensino das Escritas Surdas. Toda essa investigação se baseou
na concepção não de uma literatura engessada e atrelada a períodos ou às estéticas, e sim, a uma
noção de escritas como mais abrangente, englobando várias produções, podendo ser impressas,
em vídeo, através das artes plásticas, dentre outras. Nesse contexto, forjamos o conceito de
Escritas Surdas, que pode transmitir as vivências de uma comunidade e surge na posição de
resistência frente à dominação ouvinte. Esta pesquisa, filiada à Linguística Aplicada
(in)disciplinar, se pautou na perspectiva sociocultural e na pedagogia dos multiletramentos. Com
a conclusão dos trabalhos, foi possível perceber que é necessário que haja um processo de
formação para que os professores de língua portuguesa possam utilizar as Escritas Surdas, além
disso, concluímos que o contato com elas deve se iniciar, na escola, o mais cedo possível.
PALAVRAS

A presente apreciação tem como principal objetivo sensibilizar o educador responsável pelo Ensino de Filosofia na escola sobre a urgência de se pensar como tal disciplina pode ser concebida de modo a se aproximar cada vez mais dos... more

A presente apreciação tem como principal objetivo sensibilizar o educador responsável pelo Ensino de Filosofia na escola sobre a urgência de se pensar como tal disciplina pode ser concebida de modo a se aproximar cada vez mais dos interesses dos alunos contemplados, sobretudo, mas não exclusivamente, pelas Políticas Públicas de Inclusão Escolar, como os estudantes surdos e usuários da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Mais especificamente, se busca promover aqui a ideia de que uma integração entre o Ensino de Filosofia e um dos públicos-alvo da Educação Especial no Brasil não apenas é algo concebível, como também um tanto viável através do intermédio de Intérpretes de Língua de Sinais (ILS) e a utilização e posterior problematização de conceitos como Identidade e Produção Cultural Surda, etc.

Signed languages are natural human languages used by deaf people around the world as their primary language. This chapter explores the linguistic study of signed language, their linguistic properties, and aspects of their genetic and... more

Signed languages are natural human languages used by deaf people around the world as their primary language. This chapter explores the linguistic study of signed language, their linguistic properties, and aspects of their genetic and historical relationships. The chapter focuses on historical change that has occurred in signed languages, showing that the same linguistic processes that contribute to historical change in spoken languages, such as lexicalization, grammaticization, and semantic change, contribute to historical change in signed languages. Historical influences unique to signed languages, such as the educational approach of borrowing and adapting signs and an effort to create a system of representing the surrounding spoken/written language and of the incorporation of lexicalized fingerspelling are also discussed.

O presente artigo é o relato do trabalho desenvolvido pelas equipes do Spread the Sign-Brasil (STS-Brasil) e coordenação do Spread the Sign (STS). Relatamos a experiência da equipe brasileira no registro da Língua de Sinais Brasileira... more

O presente artigo é o relato do trabalho desenvolvido pelas equipes do Spread the Sign-Brasil (STS-Brasil) e coordenação do Spread the Sign (STS). Relatamos a experiência da equipe brasileira no registro da Língua de Sinais Brasileira (Libras) no dicionário internacional de línguas de sinais STS. Inicialmente, apresentamos informações gerais sobre o STS e, em seguida, o início do Projeto STS no Brasil e o momento atual, as atividades desenvolvidas e as nossas perspectivas futuras.

ste artigo é fruto de pesquisa em andamento no Departamento de Ensino Superior do INES (DESU-INES), oriunda da experiência de elaboração de Monografias em Libras com alunos de graduação do curso de Pedagogia Bilíngue. Dois objetivos... more

ste artigo é fruto de pesquisa em andamento no Departamento de Ensino Superior do INES (DESU-INES), oriunda da experiência de elaboração de Monografias em Libras com alunos de graduação do curso de Pedagogia Bilíngue. Dois objetivos norteiam a pesquisa: 1) organizar a prática pedagógica da tradução e interpretação na produção de Monografias em Libras e 2) construir esquemas visuais e descritivos que mostrem as características de cenários e dos padrões de linguagens nos fenômenos de interação durante a consecução de Monografias em Libras. São feitas considerações a respeito das tensões entre a Libras e a Língua Portuguesa no processo de construção discursiva do aluno surdo e não-surdo bilíngue, junto ao professor orientador e o tradutor-intérprete de Libras, quando esta equipe se vê na tarefa de construir argumentos científicos formais em língua de sinais com registros em vídeo. Procuramos clarear etapas desse processo, a fim de dar suporte a futuras orientações que envolvam a produção de vídeo acadêmico em Libras. Entre elas estão: o uso de glosas e glossinais, a busca ou criação de novos sinais para conceitos acadêmicos, o trabalho de roteirização, a filmagem-rascunho, a gravação em estúdio profissional e a edição final do material. Algumas regras de produção visual são apresentadas como exemplos de particularidades encontradas pelos pesquisadores. Ao final, apresentamos algumas idealizações sobre a produção de Monografias em Libras registradas na experiência com alunos, professores orientadores e banca examinadora, indicando questões a serem ponderadas por este conjunto de atores; assim como processos de desconfiança sobre autoria e autenticidade surgidos ao longo do trabalho de mediação da equipe de orientação.

RESUMO: Entender os surdos como minoria linguística e cultural, faz-nos perceber especificidades de ensino que vão além do que a maioria ouvinte já está habituada. A discussão de currículos e de práticas educacionais que contribuam para a... more

RESUMO: Entender os surdos como minoria linguística e cultural, faz-nos perceber especificidades de ensino que vão além do que a maioria ouvinte já está habituada. A discussão de currículos e de práticas educacionais que contribuam para a promoção da cidadania do aluno surdo, ainda carece de aprofundamentos. Este artigo tem como finalidade trazer reflexões sobre as resistências e conquistas no ensino de uma língua oral para alunos surdos (leitura e escrita) e considera, também, discussões sobre modelos educacionais que a maioria dos surdos brasileiros estão inseridos. Será abordado não somente sobre o ensino de português como segunda língua, mas também de língua estrangeira (inglês). Por fim, este texto propõe algumas reflexões acerca dessa realidade e tenta interpretá-las de uma maneira que, mesmo havendo ainda tantas resistências, sempre haja também esperança, reflexão e trabalho. ABSTRACT: Understanding the deaf as a linguistic and cultural minority, it makes us realize specifics of teaching that goes beyond what most hearing people are already familiarized. The discussion of curricula and educational practices that contribute to promote effective citizen to deaf student, needs to be further developed. This article aims to bring reflections on the resistances and achievements in teaching oral language to deaf students (reading and writing) and also considers discussions about educational models that most Brazilian deaf are inserted. It will be addressed not only on the teaching of Portuguese as a second language, but also of foreign language like English. Finally, this paper proposes some thoughts about this reality and try to interpret them in a way that, even if there is still so much resistance, there is always hope, reflection and work. PALAVRAS-CHAVE: Educação de surdos. Ensino de línguas. Políticas educacionais.

A Referenciação é um processo que depende de uma série de atividades cognitivas e sociais que se estabelecem no momento da interação. Quando pensamos, por exemplo, na relação entre a Língua Portuguesa e a Língua Brasileira de Sinais... more

A Referenciação é um processo que depende de uma série de atividades cognitivas e sociais que se estabelecem no momento da interação. Quando pensamos, por exemplo, na relação entre a Língua Portuguesa e a Língua Brasileira de Sinais (Libras) diante dos elementos referenciais - nesse trabalho selecionamos a anáfora como o fenômeno de partida -, podemos inferir que há complexidades e singularidades que denotam diferenças relevantes quanto à operação linguística referencial, uma vez que essas línguas são de modalidades distintas, oroauditiva e visuoespacial. Diante disso, pretendemos, com esse artigo, responder às seguintes indagações: (i) À luz da Referenciação, como a anáfora se realiza na Libras, considerando-se a diferença de modalidade entre as duas línguas (Língua Portuguesa e Libras)? e (iii) Quais anáforas são mais recorrentes na glosa-Libras? Mais exatamente, a partir de uma pesquisa de natureza básica e de cunho qualitativo, objetivamos verificar, na perspectiva da Referenciação, como as anáforas acontecem na Libras, assumindo como ponto de partida a Língua Portuguesa. Assim sendo, com base nas análises realizadas, verificamos que há o constante uso simultâneo do dêitico e da anáfora, conforme Ciulla (2008) e Pizzuto et al., (2006) propõem em seus estudos. Percebemos o modo como as anáforas se manifestam e o papel que desempenham na Libras, permitindo-nos sugerir uma proposta inicial de categorias de anáforas na Libras.

O presente estudo tem como foco de pesquisa um contexto de grupos de apoio a crianças surdas que apresentam dificuldades em relação à leitura e à escrita. Minha inserção nestes grupos de apoio se deu como a profissional que atuava em um... more

O presente estudo tem como foco de pesquisa um contexto de grupos de apoio a crianças surdas que apresentam dificuldades em relação à leitura e à escrita. Minha inserção nestes grupos de apoio se deu como a profissional que atuava em um programa de aprimoramento profissional cursado no centro de reabilitação no qual os grupos de apoio estavam inseridos e também como pesquisadora, cujo aporte teórico partiu de uma visão transdisciplinar (CAVALCANTI, 2006) da Linguística Aplicada. Fazem parte desta pesquisa, ao todo, 14 crianças surdas (7 meninas e 7 meninos), sendo que 9 freqüentavam o grupo no período da manhã e 5 no período da tarde. Assim como as crianças surdas, fazem parte desta pesquisa as mães/responsáveis por estas crianças, a professora surda que atuava nos grupos de apoio e esta pesquisadora. A seguinte pergunta de pesquisa foi elaborada na tentativa de compreender as representações a respeito do trabalho com a leitura e a escrita: que representações sobre as práticas de leitura e escrita, dos pontos de vista das crianças surdas, das famílias e da professora surda, permeiam a interação em sala de apoio para estudantes surdos? Esta pergunta foi direcionadora na tentativa de compreender o que acontecia no contexto observado, sendo que a opção por um estudo qualitativo de cunho etnográfico (ERICKSON 1986, 1989) para a geração dos registros (por meio de observação participante e elaboração de diários de campo e entrevistas) e análise dos dados se deu principalmente pela preocupação com a construção de significados sociais das ações observadas em campo, não só a partir de minha visão como pesquisadora, como também pela visão dos participantes da pesquisa. A fundamentação teórica também se baseou em conceitos como o de representação proveniente dos Estudos Culturais (HALL, 1997; SILVA, 2000, 2001, entre outros) e de letramento advindo de teorias comprometidas com uma perspectiva social (STREET, 1984; BARTON, 1994; KLEIMAN, 2001; TERZI, 2001). Os resultados da análise sugerem que os participantes da pesquisa apresentam representações que remetem a uma grande narrativa da escrita que credita à essa prática as benesses (CAVALCANTI e SILVA, 2007) de uma melhoria de vida. Na tentativa de inserção destes sujeitos nesta grande narrativa, foi possível observar um jogo de faz de conta (GIORDANI, 2004) que mostra a realidade destes sujeitos diante da escrita.

Neste artigo apresentamos e examinamos situações de ensino de alunos surdos participantes de um curso de português como segunda língua. Os registros foram gerados a partir de uma pesquisa qualitativa-interpretativista de cunho... more

Neste artigo apresentamos e examinamos situações de ensino de alunos surdos participantes de um curso de português como segunda língua. Os registros foram gerados a partir de uma pesquisa qualitativa-interpretativista de cunho etnográfico. Analisando o desenvolvimento de uma unidade de ensino a partir de uma lente translíngue, apontamos para o papel das tecnologias digitais como suporte para práticas translíngues entre alunos e professores como agentes que produzem sentidos com diferentes recursos para atingir aos objetivos das interações e tarefas propostas. A interlocução teórica entre estudos sobre ensino de línguas mediado por tecnologias com a noção de translinguagem aplicada aos contextos de educação bi/multilíngue iluminou aspectos das situações analisadas relevantes para uma discussão sobre outros modos de pensar a educação de surdos, tais como a ampliação dos repertórios comunicativos e o desenvolvimento de competências de compreensão e expressão translíngues e transmodais como gatilho para o desenvolvimento de uma educação linguística ampliada por parte dos alunos.
Palavras-chave: Tecnologias digitais. Educação linguística. Educação de surdos. Translinguagem.
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In this paper we present and examine deaf students' teaching situations in a Portuguese second language course. The analyzed records were generated from a qualitative-interpretative research with an ethnographic view. Analyzing the development of a teaching module within a translanguaging lens, we point to the role of digital technologies as a support for translanguaging practices between students and teachers as agents that produce meaning with different resources to respond effectively to the goals of the tasks and interactions proposed to them. The theoretical dialogue between studies on technology in language education with the notion of translanguaging in bi/multilingual education settings illuminated aspects of the teaching situations relevant to the discussion about others ways of teaching deaf students, such as the extension of the communicative repertoires and the development of translingual and transmodal skills in comprehension and expression as a trigger to the development of an extended language education by the deaf students.
Keywords: Digital technologies. Language education. Deaf education. Translanguaging.

No campo da surdez, sobretudo na visada antropológica, há uma constante luta dos movimentos surdos pela desvinculação da pessoa surda dos discursos da deficiência. Esse processo ocorre ao afirmar ser a surdez não uma condição de... more

No campo da surdez, sobretudo na visada antropológica, há uma constante luta dos movimentos surdos pela desvinculação da pessoa surda dos discursos da deficiência. Esse processo ocorre ao afirmar ser a surdez não uma condição de ineficiência corporal, mas uma relação outra do corpo surdo, conferida pela diferença linguística, efeito, exatamente, da não audição. É pela falta orgânica que se constrói a singularidade de uma experiência linguística distinta das pessoas que ouvem. Apesar de uma demanda por afirmar a surdez pelo viés da diferença e da singularidade ainda persiste uma discursividade que indica a experiência da surdez ao corpo deficiente, pautando-se pela concepção patológica. Na sociedade atual, a norma é sem dúvida estratégia voraz para a classificação, a nomeação, o agrupamento e a representação que reduz toda diferença numa base que pretende ser igualitária: ao incluir, exclui inúmeras singularidades, pois trabalha pela homogeneidade. Os surdos são alvo de captura de um saber normativo proposto pela lógica da escola e da sociedade inclusiva, funcionando pela ação noso-política que os classifica por decibéis, pela deficiência, pela falta de língua. Neste artigo, objetiva-se apontar os mecanismos biopolíticos de ajustes do corpo surdo sob a demanda do padrão da escola inclusiva. Problematiza-se: qual a surdez se permite vivenciar na escola inclusiva? Há espaço para a formação-surda? Como manter a singularidade surda quando se propõe um modelo único de funcionamento? Embora a língua de sinais tenha reconhecimento legal e uma maior visibilidade social há processos capilares de captura que diluem ou estriam os diferentes usos desta língua pelos surdos. A promoção de uma escola outra, heterotópica, sobrevive ou resiste na insurreição de novos saberes e forças surdas que reivindicam outras formas de vida. Na constante refacção dos conceitos gastos para a palavra inclusão, por exemplo, pela reconfiguração do espaço comum escolar transgredindo-o em outros modos de funcionamento.